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A “dispensa” da FC e a desumanização do ato burocrático

Por Janilson Sales de Carvalho, Coordenador Geral do Sintrajurn

Este artigo é de inteira responsabilidade do autor, não sendo esta necessariamente a opinião da diretoria da Fenajufe 

Completei 50 anos no dia 10 de junho, uma vitória, um sonho. Dois dias após o meu aniversário, 12 de junho, recebi um e-mail de felicitações, porém, no mesmo dia, a mesma mão que o redigiu, assinou uma portaria me “dispensando” de uma função comissionada. Ironias do destino que ainda me surpreendem aos 50.  Devo caminhar... é só o que sei, sabendo que a vida é essa eterna cena farsesca.

Como ocorreu com muitos outros colegas nesses 21 anos de tribunal, não perguntaram como estava a minha vida ou quais eram os meus problemas, apenas decidiram o meu descarte. Claro que me senti mal, ou melhor, péssimo. Até este momento, sei que sou humano, frágil e mortal, como qualquer um, merecedor de um mínimo de respeito, se é que é possível. Sei que a minha história é igual a dos outros, pois é prática, ato contínuo, burocracia insensível e desumana recorrente no TRT21 e nada mudará isso.

Outro fato perturbador é que a portaria sai no meio do mês e terei que pagar no mês seguinte o valor que recebi a mais. Resultado, no mês seguinte, sem gratificação, terei o salgado desconto da diferença. Naturalmente, isso não importa a ninguém, o problema é apenas meu, da minha mulher, dos meus filhos e do meu cachorro.

Há tempos é preciso mudar certas práticas, criar outros mecanismos. É fundamental corrigir essa realidade e fazer surgir na frieza burocrática deste tribunal um pouco, minimamente, do “amor ao próximo” tão anunciado por Cristo. Quem será o próximo? Que próximo é esse e o que ele representa? O que torna alguém especial, merecedor, digno de algo neste tribunal? O que terá registrado em sua ficha funcional para perder ou ganhar algo? Subjetividades, nem sempre tão subjetivas.

Sou grato a quem confiou no meu trabalho e me honrou com uma função comissionada: Doutora Joseane. Observou-me durante alguns meses para concluir se eu merecia a função. Gostei disso, senti firmeza na confiança que me foi dada. Bela lição que trago na alma.

Resta caminhar sob a chuva, adiar pagamentos, cortar despesas e resistir às angústias. Outra ironia: ontem recebi o convite para revisão médica no TRT. Conclui que não é o momento, pois estou doente de tristeza e decepção com o TRT e, para isto, tenho certeza, não encontrarei remédio.

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