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Reportagens tendenciosas e antiéticas- jornalistas desinformam a população (...)

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Reportagens tendenciosas e antiéticas- jornalistas desinformam a população sobre a realidade do reajuste reclamado pelos servidores do poder judiciário- terá a mídia algum interesse no sucateamento do judiciário?

Por: Alan da Costa Macedo, Coordenador Geral do SITRAEMG, Bacharel em Direito pela UFJF; Pós Graduado em Direito Constitucional, Processual, Previdenciário e Penal; Servidor da Justiça Federal, Oficial de Gabinete na 5ª Vara da Subseção Judiciária de Juiz de Fora-MG; Professor e Conselheiro Pedagógico no IMEPREP- Instituto Multidisciplinar de Ensino Preparatório; Professor  e associado do IEPREV.

Às vésperas da votação do PLC 28/15 no Senado, a população recebe da mídia uma série de matérias tendenciosas e inverídicas sobre o reajuste salarial dos servidores do Judiciário Federal. Nas inúmeras matérias jornalísticas, de várias fontes, afirmam, nas entrelinhas, que “o aumento salarial” está totalmente fora dos padrões e que o tempo de crise econômica não justifica um reajuste nos patamares colocados.

Não é possível acreditar que a mídia age dessa forma por “pura desinformação” ou são “ antiéticos e tendenciosos por essência”. Alguns já cogitaram que muitas matérias são encomendadas por agentes (ocultos) do governo numa espécie de contra inteligência política. Tal denúncia não é de todo impossível, quando se está às claras em um cenário escancarado de compra de votos (mensalão); corrupção sistêmica pelo dinheiro e pelo poder ( petrolão); e indicações políticas para controle absoluto do Estado ( nomeação de Dias Toffoli para o STF, por exemplo. Onde esta o notório saber jurídico desse senhor? ).

O governo, hoje, encara os sindicalistas como meras “formiguinhas”, esquecendo-se do seu passado e da sua histórica luta de classes que o levou ao poder. Veja-se que no caso da MP 665 e 664 (que retiram direitos dos trabalhadores e da pobre classe dos segurados do INSS) a própria CUT (governista declarada) foi contra. O que está acontecendo com esse governo, ou será desgoverno?

O ponto máximo da corrupção pelo poder, a meu ver, é a compra da mídia televisiva e jornalística. Isso é coisa de mafioso e denota uma “ditadura disfarçada de democracia”. A população alienada acredita em tudo que se noticia e, infelizmente, fica a mercê da desinformação.

Infelizmente, parece-nos que está tudo corrompido. Nos dias de hoje, o jornalismo atua em duas vertentes: a) com imagem romântica de juiz social e porta-voz da opinião pública; b) de estrutura empresarial comercial sem caráter que recorre a qualquer meio para chamar a atenção e multiplicar suas vendas, sobretudo com a dimensão exagerada concedida a notícias escandalosas e policiais.

Jornalistas podem, também, intencionalmente ou não, se mostrar como vítimas de desinformação (tal desinformação, muitas vezes, devem vir através de noticias enviadas por agentes ocultos do governo). Mesmo sem cometer fraude deliberada, podem dar uma conotação embasada em trechos verdadeiros, mas focando em certos aspectos em detrimento de outros, ou dando explicações parciais - tanto no sentido de incompletas quanto de tendenciosas. Esse é o caso das matérias sobre o reajuste no Judiciário Federal.

Dizem que reclamamos “aumentos acima da inflação”, mas não dizem que estamos há 9 (nove) anos sem reajuste, em afronta ao mandamento constitucional da revisão geral anual dos vencimentos. Dizem que, no cenário de crise, não se justifica dar reajuste a uma categoria naqueles patamares, mas não dizem que o Governo perdoa dívidas de países pobres; que o governo perdoa tributos da FIFA; que o Governo concede incentivos fiscais para determinados grupos em troca de favores políticos; que o Governo, enfim, administra mal o Estado e depois joga a conta da crise no bolso do trabalhador.

Pela pesquisa que fiz, os Códigos de Ética do jornalismo se determinam por valores e preceitos fundamentais do jornalismo, tais como: a busca dverdade, a veracidade e a precisão das informações.

O Código de Ética da Federação Nacional dos Jornalistas), estabelece,  por exemplo, no art. 2º, I, que "a divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e deve ser cumprida independentemente da linha política de seus proprietários" e no art. 2º, II, acrescenta que "a produção e a divulgação da informação devem se pautar pela veracidade dos fatos". O artigo 4º afirma que "o compromisso fundamental do jornalista é com a verdade no relato dos fatos, deve pautar seu trabalho na precisa apuração dos acontecimentos e na sua correta divulgação" e o art. 7º, que: "O jornalista não pode (...) II - submeter-se a diretrizes contrárias à precisa apuração dos acontecimentos e à correta divulgação da informação" [1] .

Noutro lado, a Declaração de Princípios sobre a Conduta do Jornalista, da Federação Internacional de Jornalistas, afirma que "jornalistas dignos do nome" (art. 9) devem seguir fielmente o princípio estabelecido no artigo 1º: "O respeito à verdade e ao direito do público à verdade é a primeira obrigação do jornalista".[2]

Há pouco tempo, reportagem do Fantástico narrava cobrança de honorários advocatícios excessiva em causas previdenciárias. No entanto, A OAB ao apurar os fatos, constatou que a realidade era diferente daquela apresentada. A OAB/BA pediu providências ao Conselho Federal da Ordem no sentido de ajuizar ação de indenização por dano moral coletivo.

E nós, o que faremos contra o constante ataque da mídia?

Entendo que para que os nossos movimentos grevistas e contra as artimanhas do governo para negar-nos direitos constitucionalmente assegurados, devemos informar a população e usarmos o direito de resposta contra a mídia antiética e tendenciosa.

E como lutar contra um “elefante” se somos apenas formiguinhas? Somos mais de 100 mil formiguinhas esqueceram?

Pode ser que o nosso projeto seja aprovado no próximo dia 10 de junho, mas se não for? Mesmo sendo, e os próximos, como fica? Devemos ficar sendo vitimas eternas de governos que usam a mídia a nosso desfavor?

Proponho que coloquemos em pauta na próxima reunião da FENAJUFE a criação de um “ fundo especial para mídia jornalística e televisiva”. Explico: Se cada sindicato filiado à FENAJUFE fizer uma contribuição especial para criação desse fundo, teremos dinheiro para pagar propagandas nos grandes meios de comunicação com o intuito de informar a população sobre as artimanhas do governo para joga-los de encontro a nós.

O Governo Federal não pode administrar mal os seus recursos (Copa do Mundo; Incentivos Fiscais para empreiteiras em troca de favores; Corrupção na Petrobrás; Perdão de dividas externas; Estelionato eleitoral com redução de alíquotas etc) e depois jogar a conta no bolso de quem trabalha.

Por isso o judiciário está sucateado, assim como as escolas públicas ( os professores e outras importantes classes de trabalhadores também são tratados como lixo por esse governo). Servidores mal remunerados não são eficientes e a Administração publica tem como princípio a eficiência.

Quando a mídia disser:  "Mas vocês já ganham muito bem. Diremos: “Mas nós estudamos pra isso. Nós passamos em concurso muito difícil de se passar. Nós fazemos curso de pós graduação do nosso bolso pra prestar o melhor serviço para população. Quer serviço público de qualidade, tem que remunerar bem. E qual é o salário do repórter para desinformar e alienar?”

Diremos, ainda: “ O Governo ( Poder executivo) não permite ( usa todo tipo de artimanha política) a teórica autonomia financeira e orçamentária do Poder judiciário , que continua contratando poucos servidores para demanda e não investe no aparelhamento o Judiciário. Por isso o Processo é lento ( no fim, ainda faz a população dizer que os servidores e juízes é que são lentos). Ninguém sabe que ficamos doentes com sobrecarga de trabalho, devido ao acumulo de processos.”

 Pra completar diremos:E por que o governo faz isso? Por que não investe no Judiciário? Por que quer controlar as policias e o MP? Por que ele mesmo, o governo, é o maior réu do Judiciário Federal (veja-se INSS; SUS; CEF..., além dos políticos que estamos tentando colocar na cadeia)  .. Pra que aparelhar um órgão que vai nos condenar, pensam eles.”

Reflitam meus amigos. Sem apelos partidários, apenas por uma questão de razoabilidade e dignidade: não sejamos massa de manobra desse governo. Demo-nos as mãos para a luta contra a arbitrariedade, contra a injustiça e contra a corrupção sistêmica desse país. Vamos aparelhar nossos sindicatos para responder à altura todo tipo de desinformação e tentativa de nos jogar contra a opinião pública.



[1] PDF FENAJ - Código de Ética dos Jornalistas brasileiros (ver art. 2º, I e II; art. 4º; e art. 7º, II).

[2] IFJ - Declaration of Principles on the Conduct of Journalists (ver art. 1º e art. 9)