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Fato real da Nossa História

Artigos

Por Lourdes Helena Rosa, dirigente sindical e ativista.

 

Identidade

Elevador é quase um templo
Exemplo pra minar teu sono
Sai desse compromisso
Não vai no de serviço
Se o social tem dono, não vai...

Quem cede a vez não quer vitória
Somos herança da memória
Temos a cor da noite
Filhos de todo açoite

Fato real de nossa história
Se o preto de alma branca pra você
É o exemplo da dignidade
Não nos ajuda, só nos faz sofrer
Nem resgata nossa identidade

Jorge Aragão

 

O recente caso envolvendo renomado jornalista reflete o quão distante está a conscientização, de que já não é possível aceitar expressões de cunho pejorativo, quando o foco é a Etnia Negra. É preciso desconstruir do nosso inconsciente coletivo a ideologia de que aos negros cabe os males da Nação.

Herança advinda desde o nascedouro, quando o Estado através do Legislativo implementou a escravidão, e com o 2º Ato Oficial, complementar à Constituição de 1824: “... pela legislação do império os negros não podem frequentar escolas, pois serem considerados doentes de moléstias contagiosas.”

Nossos antepassados negros, foram proibidos de falar o próprio idioma, de praticar sua religião, realizar suas festas, com a complacência do Estado na aplicação de leis e regramentos. Mesmo com todas as imposições e restrições, não deixaram a cultura africana se apagar.

Mesmo cativo, não eram “passivos” como aprendemos na Escola. Buscando uma vida digna, foram comuns as revoltas, sendo as mais conhecidas pelo impacto na Legislação (castigos, punições): a de Carrancas (MG), a do Malês (Salvador – BA) e a de Manuel Congo (Vassouras – RJ).

Se em 13 de maio de 1888 a lei deu a liberdade jurídica aos escravos, a realidade foi cruel. Sem moradia, condições econômicas e assistência do Estado, e com 7º Ato Oficial: Decreto 528 das Imigrações Europeias (1890), que reabria o país às imigrações europeias, passou também a sofrer com o desemprego. A mão de obra negra que estava disponível passou a ser problema quando o governo descobriu que se o negro ocupasse as vagas nas indústrias, iria surgir uma classe média negra forte e atuante, e colocaria em risco o processo de embranquecimento do país.

Muitos não conseguiam empregos e sofriam preconceito e discriminação racial. A grande maioria passou a viver em habitações de péssimas condições e a sobreviver de trabalhos informais e temporários.

É o que se denomina de herança maldita da sociedade brasileira, que tem dificuldades de reconhecer na distância entre prática e teoria, as evidências de racismo e manutenção e construção de um modelo de democracia racial que nunca existiu.

E a semana de 20 de novembro, data da morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, serve para discutir qual é o Brasil que queremos. Um Brasil para todos os brasileiros, independente de sua etnia.

Mesmo que alguns questionam como verdade, as leis acima descritas.