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Curso do NPC: Dirigentes sindicais e jornalistas reforçam importância de investir na comunicação sindical

Comunicação

“Imprensa não é panfleto”, afirma diretor do Sisejufe-RJ. Fenajufe e sindicatos de base marcam presença na 18ª edição do curso do NPC

Com quase 20 anos de trajetória promovendo o debate sobre a comunicação dos trabalhadores, o Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), com sede no Rio de Janeiro, promoveu de 21 a 24 de novembro o seu 18º Curso Anual de Comunicação Sindical, com a participação de dirigentes sindicais, militantes sociais e jornalistas. Durante os quatro dias, os debates permearam os mais variados assuntos ligados à luta dos trabalhadores, reforçando a necessidade das organizações sociais investirem na comunicação como forma de disputar a hegemonia com a dita imprensa burguesa. E sem dúvida um dos momentos em que isso foi mais ressaltado foi durante os debates da manhã do dia 22, no painel que abordou as diversas experiências na área da comunicação sindical.  

Entre os expositores nesse painel estava o diretor do Sisejufe-RJ Roberto Ponciano, que falou da experiência do sindicato nessa área, com destaque para Ideias em Revista, publicação bimestral feita pela equipe do sindicato, formada pelos jornalistas Henri Figueiredo, Tatiana Lima e Max Leno, pela diagramadora Deisedoris de Carvalho e pelo ilustrador Carlos Latuff. Lançada em março de 2006, a revista se consagrou por trazer reportagens para além dos assuntos relacionadas aos servidores do Judiciário, abordando questões de interesses de toda a classe trabalhadora. “Imprensa não é panfleto, não é cartilha. Os veículos dos nossos sindicatos têm que mostrar os assuntos que dizem respeito à classe. É preferível incomodar do que passar em branco”, afirmou Ponciano, ao ressaltar o que um veículo de um sindicato deve abordar. Para ele, a pauta deve ir além dos interesses partidários. “Brigar contra a hegemonia é brigar contra o censo comum. Mas precisamos apresentar questões que estão no cotidiano da classe”, ressaltou.

Edson Munhoz e Fatima Lacerda falaram sobre os veículos do Sindicato dos Petroleiros do Rio, como a agência de notícias (APN), rádio e TV Web. “Entendemos que essa ferramenta hoje é fundamental para disputar dia a dia a posição política dos grandes jornais, a qual certamente não é a posição dos trabalhadores”. Fátima Lacerda explicou que o Sindipedro passou a investir em instrumentos próprios de comunicação a partir da luta pela retomada do controle do petróleo pelo Estado brasileiro, principalmente após a descoberta do pré-sal. Depois desse interesse específico, o Sindicato abriu para parcerias com outras lutas populares e sindicatos. “Entendemos que a luta não é de uma categoria apenas; precisamos nos unir para enfrentar o projeto neoliberal. Para isso, temos que construir nossas próprias mídias e construir parcerias a partir do interesse conjunto da classe trabalhadora”, concluiu. Um exemplo é a TV Petroleira, que tem trabalhado em parceria com canais comunitários  e diversos movimentos sociais.

Também participaram desse painel Ângela Melo, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Sergipe (Sintese), Sergio Bertoni, idealizador do Blogoosfero, uma plataforma de rede livre e colaborativa da esquerda brasileira.

Fenajufe e sindicatos presentes

O NPC tem reunido em seus cursos, ao logo desses anos, militantes de várias categorias para debater a luta dos trabalhadores e a sua comunicação. E este ano não foi diferente. Dirigentes sindicais e jornalistas de sindicatos de bancários, professores, metalúrgicos, químicos, urbanitários, servidores públicos das mais variadas categorias, entre Judiciário e MPU, docentes e técnicos administrativos das instituições federais de ensino, previdência, seguridade social e saúde, entre outros, puderam, nesses quatro dias, compartilhar as experiências apresentadas pelos debatedores.

Os coordenadores Jean Loiola e Iracema Pompermayer e funcionários da Fenajufe participaram dessa 18ª edição do curso, ao lado de representantes de vários sindicatos de base, entre os quais o Sitraemg-MG, Sisejufe-RJ, Sintrajurn-RN, Sindjuf-PA/AP, Sindjufe-BA, Sindjus-AL e Sindjus-DF.

Para Jean Loiola, que é o coordenador de Comunicação da Fenajufe, atividades como essas são fundamentais para discutir alternativas que reforçam a luta dos trabalhadores e também para trocar experiências sobre a forma de fazer comunicação em cada entidade sindical. Ele considera que, além de aprofundar o debate sobre a comunicação como instrumento para disputar a hegemonia e fazer o contraponto aos veículos da grande imprensa, os cursos do NPC contribuem para que os dirigentes sindicais e jornalistas se apropriem de assuntos que estão na ordem do dia da esquerda brasileira e que merecem atenção de todo o movimento sindical. “Precisamos compreender que não é somente a pauta salarial que deve estar nas nossas discussões, mas questões que envolvem toda a classe. E a comunicação é uma delas. Não adianta fazermos a nossa luta se não mostramos as suas implicações para fora, em nossos materiais. Sabemos que os grandes veículos não mostram a nossa pauta, e quando mostram é de forma deturpada. Então temos que ter os nossos próprios veículos de comunicação. E precisamos fazer com qualidade. O NPC nos traz essa reflexão com muita propriedade”, afirma Jean, ressaltando a importância da participação em debates como os promovidos pelo Núcleo Piratininga de Comunicação.

Leia a cobertura completa do 18º Curso do NPC, no site http://www.piratininga.org.br/.

Da Fenajufe – Leonor Costa