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Mais que celebrar, o Dia Nacional da Consciência Negra convida a refletir e lutar

O esforço é necessário e mais que  nunca se mostra como ferramenta para evitar a perda das conquistas de uma luta travada desde o momento que o primeiro negro foi arrancado de sua terra-mãe e jogado nos grilhões de uma senzala. Uma luta que no Brasil tem seus heróis resguardados nos semblantes de Dandara e Zumbi e seu grito por liberdade. Mas, muito mais que certezas, são as dúvidas quanto aos retrocessos que se destacam.

O 20 de Novembro é hoje um convite à reflexão sobre a real situação do negro no Brasil ao longo dos mais de 300 anos de resistência à escravidão. É também o fortalecimento da luta contra a exclusão secular a que a população negra é submetida. Dados do IBGE apontam que do total de brasileiros em situação de miséria, 71% são pretos ou pardos. Estes índices inserem diretamente o negro em outra estatística também indicada pelo Instituto: 71,4% das vítimas de homicídios e 67% da população carcerária, são negros.

E a situação fica ainda pior se jogamos as lentes sobre a situação da mulher negra no Brasil. O "Mapa da Violência 2015: Homicídios de Mulheres no Brasil", realizado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), a pedido da ONU Mulheres, mostra que em dez anos, de 2003 a 2013, o feminicídio de mulheres negras aumentou em 54,2%. O número de assassinatos passou de 1.864 casos registrados em 2003 para 2.875 em 2013.  No mesmo período houve recuo de 9,8% dos crimes contra mulheres brancas, caindo de 1747 para 1576 casos. Outro dado que se destaca no relatório é a violência contra as negras, não consolidada estatisticamente como homicídios – a vitimização, situações de subjugação e violência às quais são submetidas – saltou de 22,9% em 2003, para 66,7% em 2014.  Um percentual de 190,9% de aumento.

Quando a análise recai sobre o nível de instrução, os números também refletem o cenário de vulnerabilidade. No geral, entre os brasileiros, a taxa de analfabetismo é de 9,6%. Na população branca a pesquisa identifica um índica de apenas 5,9%. Mas quando o extrato é sobre a população negra, o número salta para 13% e para os pardos, 14,4%.

O cenário desconfortável do Brasil multirracial também se reflete no Judiciário federal. A justiça brasileira é branca e o Censo do Poder Judiciário realizado pelo CNJ em 2013 mostra isso. Apenas 14% dos trabalhadores se identificaram como pardos e somente 1,4% como negros e 0,1% como índios. A maioria esmagadora, 84,5%, é formada por brancos. Os dados ilustram artigo escrito pelo Coordenador-Geral da Fenajufe, Cledo Vieira, em razão do Dia da Consciência Negra em 2014 e pode ser acessado aqui. É uma literatura auxiliar num debate que ainda promete ser longo, pontuado por uma luta maior que o próprio ideal.

Marcha

Mas passos são dados e o caminho é construído no dia-a-dia, como aconteceu na capital da República no 18 de novembro, mais uma data histórica dedicada ao combate à violência racial, de gênero e ao racismo. Neste dia, a Marcha das Mulheres Negras tomou os espaços de Brasília e levou sua pauta para a Esplanada. Confrontou o racismo – explícito e o velado – expresso nos olhares de quem via o universo de mulheres negras e lindas passar.

A Fenajufe também estava lá e marchou, levando adiante e reafirmando sua luta, deliberada nas instâncias da Federação, no combate ao racismo e ao preconceito de gênero, cor e orientação sexual. Ao longo do percurso Mara Rejane Weber – Coordenadora Geral –dava sua contribuição ao movimento.

Contribuição também reforçada pela raça e garra da jornalista Joana Darc Melo, fotógrafa da Federação e ativista aguerrida.

da Fenajufe, Luciano Beregeno
Fotos: Joana Darc Melo/Fenajufe
Ilustração: Museu Indígena 

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