No Brasil, somos quase 200 milhões de habitantes, destes 51,5% são mulheres e 48,5% homens, mas isso não significa seguindo a logica da democracia burguesa que mesmo constituindo uma maioria, que as demandas das mulheres sejam ouvidas e seus direitos sejam garantidos. Prova disso, é que mesmo sendo proporcionalmente maioria da população, estas mesmo quando dedicam maior tempo a educação 23,5% mulheres em detrimento de 20,7% homens, continuam a empenhar grande parte de suas vidas aos afazeres domésticos.
Semanalmente dedicamos 18,1% do nosso tempo em afazeres domésticos enquanto os homens apenas 10,5% do seu tempo. Os dados do IBGE (2018), demonstram essa marca infeliz, mas ainda presente em nossa história. Em 2017 do total de assentos da câmara dos deputados, apenas 10,5% eram ocupados por mulheres e nos cargos gerenciais apenas 39,1% são por nós no legislativo ocupados. Não obstante, a renda da mulher é quase 40% menor do que a renda dos homens; as mulheres recebem em média 1.764 Reais e os homens 2.306 Reais no exercício do mesmo cargo e função.
Neste sentido, nós do Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (FONASEFE), acreditamos que o cenário politico atual, de aprofundamento de uma agenda de ataques aos funcionários públicos e a todo povo trabalhador brasileiro, de proliferação de narrativas de ódio às mulheres, negros/as, LGBT, nordestinos, pobres constituem uma face do processo de perversão e barbarismo ao qual o modelo democrático ocidental vem decretando falência, com mais uma crise do capital.
Nesse cenário, importante ainda registrar que no âmbito do serviço publico, por exemplo, as mulheres ocupam 55% dos cargos na esfera federal, estadual e municipal. Numa agenda que converge a ortodoxia liberal na esfera econômica e o conservadorismo e autoritarismo na dimensão política da vida social, quem mais sofre, sem dúvida, são as mulheres.
Assim, não podemos assistir o avanço do capital e das políticas neoliberais, que solapam direitos históricos conquistados com muita luta da classe trabalhadora, que em especial tem atingindo as mulheres, negro/as - LGBT’s, indígenas e nordestinos/as.
Segundo dados da ONU, o Brasil está entre os cinco países mais perigosos para se viver, no ano de 2017 foram 4500 assassinatos de mulheres.
A conjuntura atual tem aprofundado características da sociedade brasileira, em que o machismo, racismo, a heterossexualidade compulsória e o patriarcado impõem ao conjunto de trabalhadores/as e servidores/as única estratégia a luta nas ruas para resistir a este cenário retrograda e conservador. Não obstante, as mulheres têm protagonizado no Brasil e no mundo importantes lutas.
Assim, como foram as manifestações dos movimentos sociais e feministas que retiraram o ex-deputado Eduardo Cunha do poder, que recentemente apontou a necessário descriminalização do aborto na Argentina e no Brasil, agora também é a hora de nos manifestarmos coletivo e unitariamente , sem perdermos de vista que o que está em jogo, não são conquistas individuais, mas o direito a existência.
Nós do FONASEFE chamamos a todas/os servidores públicos federais a somarem às lutas na rua, no dia 29 de Setembro. Todas/os contra:
Machismo
LGBTfobia
Racismo
Reforma Trabalhista
Genocídio da população negra e das periferias
E pela Revogação da EC 95