fbpx

Live semanal trouxe o teletrabalho e saúde como tema

Já incorporada no calendário da Fenajufe a transmissão desta quinta( 23) foi acompanhada por inúmeros seguidores que interagiram com os debatedores , fizeram perguntas e comentários. A mediação ficou por conta dos plantonistas da semana,o Coordenador Geral Cristiano Moreira e Edson Borowski, Coordenador de Políticas Permanentes.

O teletrabalho ou home office é modalidade adotada em alguns órgãos do PJU debatida nas instâncias da Fenajufe como forma de precarização dos serviços. Nesse período em que o isolamento social obriga a prática, há receio de que traga mais consequências danosas para os servidores.

A professora Ana Magnólia, detentora de pesquisa sobre saúde de servidoras e servidores do PJU e MPU no trabalho,alerta para o acréscimo desse adoecimento físico e mental na Pandemia. Além de desenvolver doenças como enxaqueca, dor nos olhos, dores orteomusculares, “O trabalhador solitário sofre de angústia, solidão, tristeza e insegurança”.

A pesquisadora não concorda com o modelo de teletrabalho. Segundo ela, o teletrabalho é um modelo de “organização neoliberal”. A responsabilidade de oferecer condições de trabalho, e acolhimento aos funcionários cabe à organização empregadora. Ainda na sua avaliação , a plataforma digital não oferece condições adequadas de trabalho e acarreta sérios problemas de saúde física e mental nos trabalhadores.

Para o médico Fernando Feijó,também pesquisador,a precarização do trabalho remoto começa pela estrutura inapropriada do ambiente de trabalho e até o mobiliário contribui para o desenvolvimento de doenças. Aliado a isso, a jornada incerta de trabalho,a exigência no cumprimento de metas, a falta de interações coletivas, são fatores que colaboram para o adoecimento. Feijó avalia ainda que o teletrabalho favorece o assédio moral nas organizações.

Na avaliação geral dos estudiosos, a pandemia pode viabilizar a normatização do teletrabalho nas organizações. Ana Magnólia vê como “uma tendência”. Os dois foram unânimes em afirmar que os sindicatos devem discutir nas bases, de forma direta e precisa o enfrentamento contra a imposição das organizações na exigência de produtividade e metas.

Se antes o teletrabalho era visto como fator determinante para o agravamento de doenças no trabalho, hoje, sem perspectivas de terminar o isolamento social é importante que as entidades reafirmem a luta em defesa da saúde da categoria. É preciso trazer de volta a afetividade, os gestos, o corpo que a “cibernética” nos rouba. É necessário humanizar os serviços.

O próximo Sala de Entrevista - Especial LIve acontece na quinta-feira, 30, e será transmitido pelo YouTube, RádioWeb e página da Federação no Facebook.

Os convidados:

Ana Magnólia:
Professora do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações da Universidade de Brasília (UnB). Coordenadora do Núcleo Trabalho, Psicanálise e Crítica Social na UnB e líder do Grupo de Pesquisa no CNPq. Coordenadora do Estágio em Clínica Psicanalítica do Trabalho no Centro de Estudos e Atendimento Psicológico (CAEP) da UnB. Membro Associado permanente no Centre de Recherche sur le Travail et le Développement (CRTD) na equipe de Psychosociologie du Travail et de la Formation do Conservatoire National des Arts et Métiers (CNAM, Paris). Membro do Grupo de Pesquisa Trabalho, Constituição e Cidadania da Faculdade de Direito da UnB. Pós-Doutorado em Psicopatologia Clínica na Université de Nice-Sophia Antipolis. Estágio Sênior no Freudian-Lacanian Institute Après-Coup Psychoanalytic Association em parceria com a School of Visual Arts, New York (EUA). Doutorado em Psicologia pela UnB e sanduíche na Universidade de Bath, Inglaterra, mestrado e graduação em Psicologia.

Fernando Feijó:
Especialista em Medicina do Trabalho pela ANAMT/AMB e pelo Centro de Documentação, Pesquisa e Formação em Saúde e Trabalho (CEDOP/UFRGS). Mestre em Saúde Coletiva pela UFRGS e Doutor em Epidemiologia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), tendo realizado período sanduíche na London School of Hygiene and Tropical Medicine (2018-2019), sob orientação do Prof. Neil Pearce. É professor e coordenador do colegiado do curso de Medicina da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Atua nas áreas da Saúde do Trabalhador, Saúde Coletiva e da Atenção Primária à Saúde, com interesse em pesquisa nas áreas da Epidemiologia, Bioestatística, Epidemiologia Ocupacional, Saúde do Trabalhador e Atenção Primária à Saúde, com ênfase em Assédio Moral no Trabalho, Riscos Psicossociais do Trabalho, Saúde Mental e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho.    

 

Joana Darc Melo, da Fenajufe
Arte: Luciano Beregeno

Pin It

afju fja fndc