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Moro cai e revela interferência política de Bolsonaro na PF

Em pronunciamento na manhã desta sexta-feira (24), o ex-juiz federal e agora ex-ministro Sergio Moro, anunciou a própria saída do Ministério da Justiça e Segurança Pública. O estopim foi a insistência de Jair Bolsonaro em trocar o comando da Polícia Federal, após investigações em curso se aproximarem de Flávio Bolsonaro e, segundo Moro, sem apresentar uma justificativa aceitável. A exoneração do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, publicada hoje no Diário Oficial da União (DOU), pegou o ex-ministro de surpresa.

A versão oficial e predicatória é de que o ex-juiz pediu demissão. Mas o processo de fritura de Sergio Moro foi acelerado em janeiro deste ano, quando Jair Bolsonaro tentou separar a Segurança Pública, da estrutura organizacional do Ministério da Justiça, sem sucesso.

Mais recentemente, os desdobramentos dos atritos entre o presidente e o ex-juiz giraram em torno das investigações da Polícia Federal, sobre possíveis crimes cometidos pelo filho do presidente e senador Flávio Bolsonaro.

A troca de comando da PF, segundo o próprio Bolsonaro, seria para garantir controle do Planalto sobre o órgão. "Se é para a não interferência, o diretor anterior, que é o que estava lá com o (ex-presidente Michel) Temer, tinha que ser mantido”, disse durante evento na quarta-feira, 21.

Ao se demitir, Moro apontou intervenção de Jair Bolsonaro na Polícia Federal para obtenção de informações e relatórios confidenciais de inteligência. "Falei com o ele [Bolsonaro] que seria uma interferência política e ele disse que seria mesmo". [...] Ele queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que pudesse ligar, colher informações, relatórios de inteligência, seja diretor; seja superintendente", revelou.

Bolsonaro viu pela TV o pedido de demissão do ex-ministro e deve receber a carta ainda nesta sexta.

Sergio Moro chegou ao governo sob críticas e suspeita da prática lawfare no comando da Lava Jato. O objetivo seria destruir a imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e prejudicar as candidaturas petistas à Presidência da República, Senado e Câmara dos Deputados, em troca do cargo de Ministro da Justiça e posterior indicação a uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). Moro deixou a magistratura após 22 anos para embarcar no governo Bolsonaro com a promessa de que teria autonomia e carta branca.

 

Raphael de Araújo, da Fenajufe

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