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Em cerimônia histórica, oposição assume, pela primeira vez, direção do Sintrajufe/RS

Independência, luta e emoção foram as palavras que deram a tônica da cerimônia de posse da Direção Colegiada e do Conselho Fiscal que ficará à frente do Sintrajufe/RS até 2016. O Salão Ipanema da AABB, na zona sul de Porto Alegre, lotou, na noite desta sábado, 31. Eram mais de 400 pessoas: a categoria se fez presente, assim como diversos representantes de entidades sindicais, do movimento social e parlamentares e administração do TRT, que prestigiaram a posse e depois se divertiram e dançaram com a banda Samba e Amor e ao som de um DJ.

A nova direção foi eleita em junho, com quase 44% dos votos e a proposta de um sindicato independente. A chapa vitoriosa elegeu ainda o Conselho Fiscal, que também tomou posse neste sábado. Justamente em 2013, quando o sindicato completa 15 anos e, em todo o país, multidões foram às ruas reivindicar seus direitos por saúde, educação e transporte e contra a corrupção, assume, pela primeira vez, um grupo de oposição. 

A cerimônia teve início com a saudação da representante do Conselho Fiscal que terminou sua gestão, Jane Zambiasi. Ela disse que foram anos de trabalho, superação e resistência, que poderiam ter tido melhor êxito se houvesse mais apoio técnico, o que foi negado pela direção anterior. Falando pelo novo Conselho Fiscal, Paulo Leandro Schleder de Souza afirmou que está “extremamente otimista com uma nova geração” e com a alternância depois de uma década e meia de um mesmo grupo à frente do sindicato. “O nosso papel é de trazer o máximo de transparência”, como exigem os tempos atuais, concluiu. 

“O fato de termos todas as forças representadas diz que todos os olhos estarão voltados para o Sintrajufe/RS”, disse Eugênia Lacerda, coordenadora da Fenajufe, que fez uma saudação em nome da federação. Ela ressaltou que sindicatos independentes de partidos e governos têm sido a escolha dos trabalhadores em todo o país e que, neste momento, é preciso conscientizar os colegas de que somente em uma luta conjunta será possível resgatar a autoestima da categoria e a carreira de fato. Para Eugênia, o Sintrajufe/RS sempre teve um papel importante na luta dos servidores nacionalmente, mas agora assume um protagonismo ainda maior. 

A coordenadora-geral da Fenajufe, Mara Weber, falou em nome da direção que deixou o sindicato. Ela deu as boas-vindas à nova direção e fez um resgate da história da Sintrajufe/RS, desde antes da unificação e mesmo quando ainda era proibida a sindicalização dos servidores, que se reuniam em associações. “Cumprimos a promessa de unificação do Sintrajufe/RS e da federação”, disse Mara, que também falou das ações do sindicato nas áreas de saúde, cultura, patrimônio e na democratização interna. 

“O TRT está presente para marcar a importância da existência de um sindicato que representa os interesses dos servidores”, disse o diretor-geral do Tribunal Regional do Trabalho da 4º Região, Luiz Fernando Taborda Celestino, que representou a presidente, desembargadora Maria Helena Mallmann. Ele afirmou que as portas do tribunal estarão abertas sempre que os interesses associativos e institucionais caminharem juntos e afirmou a importância do diálogo permanente entre a administração e o sindicato, que, concluiu, “exerce um papel importantíssimo”. 

O diretor Cristiano Bernardino Moreira falou em nome da direção recém empossada. A presença de todos na posse, tanto da categoria quanto de outros sindicatos, afirmou, tornou o evento um ato político altamente representativo. Emocionado, Cristiano chamou à frente todos os componentes da nova direção e também um companheiro que não fez parte da chapa vencedora, pois está em outro estado, mas que ajudou a construir a oposição e a pavimentar a vitória: “David Landau, esta vitória também é tua”, convocou. Sob aplausos, David juntou-se aos demais em frente ao palco. 

“É inevitável lembrar toda a luta para chegar até aqui, que se confunde com a luta da categoria, de trabalhadores que não baixaram a cabeça para os diversos governos”, afirmou Cristiano. Ele lembrou a participação em outras eleições no sindicato: “Caímos, perdemos e nos reerguemos”. A cada luta, a certeza cada vez maior de que um sindicato forte se faz com independência e autonomia em relação ao governo. Ao falar dos levantes de junho de 2013, o diretor ponderou que não foi por acaso que a oposição ganhou justamente nesse contexto em que o povo foi para a rua reivindicar direitos. “Nossa vitória não é fruto só de nosso esforço individual, é fruto de um processo amplo, de renovação e amadurecimento da classe trabalhadora”, afirmou, ao citar que, no momento, os professores estaduais estão em greve contra o governo de Tarso Genro e, no Sindisaúde, também ganhou uma chapa de oposição. Além disso, “nossa federação se desvinculou da CUT para recuperar sua autonomia. Achamos que nada disso é por acaso. E a responsabilidade do movimento sindical vai ser enorme”, disse. 

Cristiano afirmou, ainda, que não é possível aceitar um governo que ataca direitos. E os servidores perderam muito: Reforma da Previdência, mais de 40% de perdas salariais, precarização das condições de trabalho, enxugamento do quadro, metas abusivas dos conselhos superiores, processo eletrônico, por exemplo. Os desafios são enormes, reconheceu o diretor. Como enfrentá-los? “Aprendemos nas jornadas de junho que só com o povo na rua podemos conquistar; com nossa categoria não é diferente. Nossa principal tarefa é reconstruir a mobilização, avançar com o conjunto do funcionalismo na luta por data-base, melhoria das condições de trabalho. Um sindicato que não se curva, não se dobra, independente de governos e partidos, é o nosso compromisso para os próximos três anos”, disse Cristiano. “Pode existir luta sem vitória, mas não existe vitória sem luta. E não vamos poupar esforços para que nossa categoria volte a vencer”, concluiu.

Fonte: Sintrajufe/RS

Foto: Carina Kunze

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