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Em São Paulo, federais lançam campanha salarial e prometem construir greve juntos em ano de Copa e eleição

Servidores públicos federais da base de seis entidades sindicais lançaram a campanha salarial unificada de 2014 em São Paulo, na noite da quarta-feira 22, com discursos que convergiam para a construção de uma greve conjunta antes da Copa do Mundo e das eleições presidenciais, eventos que encurtam o calendário político e legislativo. No ano passado, sem greve ou grandes mobilizações do funcionalismo, o governo federal nem sequer respondeu à pauta geral de reivindicações da categoria.

O lançamento da campanha nacional também ocorreu em outros estados. Servidores do Judiciário Federal participaram e reforçaram o coro por uma mobilização conjunta, que agregue forças capazes de pressionar o governo Dilma Rousseff (PT) a aceitar negociar em torno da pauta de reivindicações do setor. Os trabalhadores querem assegurar o respeito à data-base e repor as perdas salariais, além de defenderem paridade entre ativos e aposentados, a incorporação de gratificações e o fim dos processos de terceirização e privatização do setor, dentre outras reivindicações.

A servidora do TRT Inês de Castro, dirigente do Sintrajud-SP, disse que reunir representações de tantas entidades para a primeira atividade da campanha já é um bom começo. "A greve de 2012 deixou uma grande lição: a necessidade de unidade", assinalou ao falar em nome do sindicato. Ela também criticou a criminalização do 'direito de lutar', responsabilizando os governantes em geral, mas frisando o papel decisivo da presidente Dilma nesse processo. "A gente tem que dar uma resposta nas ruas com a nossa unidade", disse.

Calendário prevê ato dia 5

A greve de 2012 foi referência para uma série de outros discursos. Os servidores destacaram o êxito da unidade naquela campanha e a importância do resultado, embora ressalvassem que o que se obteve foi muito aquém do reivindicado. "Espero que essa greve seja tão forte quanto a de 2012, estamos vivendo um momento crucial", disse Pedro Luiz, dirigente do Sindsef-SP, o sindicato dos servidores dos ministérios. "Esta é a arrancada que a gente tem que fazer este ano", disse Nelson, da direção do Sinsprev-SP, que representa os trabalhadores da saúde federal e do INSS. "Nenhuma de nossas reivindicações do governo Lula para cá foram atendidas e a [vitória de 2012] é insuficiente demais", avaliou, para logo em seguida conclamar todas as entidades a assumirem o calendário de mobilização da coordenação nacional do funcionalismo.

O calendário prevê ato de lançamento nacional da campanha no dia 5 de fevereiro, em frente ao Ministério do Planejamento, em Brasília. Há ainda o indicativo de greve por tempo indeterminado para o início de abril. "A hora é essa, esse ano nós temos muito pouco tempo para trabalhar nossas lutas, se não aproveitarmos até março para colocarmos nossas aspirações nas ruas, [teremos muita dificuldade] para enfrentar o governo", alertou Hélio Roberto, do Sindifisco Nacional, que representa os auditores da Receita Federal.  "Em 2012 conseguimos pouco, mas se não fosse a nossa união não teríamos conseguido nada, porque a proposta do governo Dilma era reajuste zero para todos", disse.

Dirigente do Sinal, que agrega os servidores do Banco Central, Aparecido Sales também defendeu a unidade, disse que “sem luta” não haverá vitória e criticou a falta de investimento no setor público. "Como vamos ter serviços públicos de qualidade se os servidores são tratados miseravelmente?", indagou. A representante dos trabalhadores do IBGE, Bianca Schimid, defendeu concursos para contratação de estatutários e a necessidade de "denunciar o desmantelamento do serviço público" e de lutar pela paridade entre ativos e aposentados. A participação dos aposentados no ato, aliás, foi expressiva. "Precisamos estar muito unificados, vamos lutar porque a hora é agora", disse a aposentada Nair Almeida, da saúde federal.

‘Sob o signo das manifestações de junho’

Representando a coordenação nacional dos federais (Cnesf) e a CSP-Conlutas, o servidor Paulo Barela disse que 2014 será um “ano de muita efervescência política, que começa sob o signo [das grandes manifestações] de 2013”. “Aqui nesta sala estão os que vão construir a greve este ano”, disse. O ato foi realizado no auditório do Sinsprev, no Centro, e reuniu cerca de 150 pessoas. A CSP-Conlutas estadual também foi representada pela professora Paula, da rede estadual de ensino, que defendeu a unidade entre os servidores “de todas as esferas de governo”.

Diretora do Sinsprev, Rita de Cássia levou o apoio da Intersindical ao evento e fez um alerta para a provável tentativa do governo em dividir e ameaçar os servidores . "Sabemos que sai uma greve unificada, e ali na esquina eles nos dividem com negociações específicas", disse a servidora, que observou que reajuste obtido em 2012 é insuficiente até para repor a inflação do ano passado e deste ano.

A servidora do TRF Ana Luiza Figueiredo Gomes disse que o governo Dilma que a greve de 2012 enfrentou para derrubar o congelamento não é mais o mesmo hoje, após os megaprotestos de junho passado. “Não é mais o governo com 80% de aprovação”, disse, ao defender que os servidores lutem para que as pautas que foram levadas às ruas em 2013 por mais e melhores serviços públicos sejam vitoriosas. Outros participantes também associaram a mobilização que os servidores preparam às vozes que ocuparam as ruas no ano passado. "2014 não será o ano da Copa, será o ano das lutas daqueles que resistem", disse Fábio, do INSS.

Fonte: Sintrajud, por Hélcio Duarte Filho

 

 

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