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Em MT, povo na rua manda claro recado ao governo Bolsonaro sobre a reforma da Previdência

Sindicatos
Milhares de pessoas de todo o Brasil tomaram as ruas, ontem (22/3), contra o desmonte da Previdência representado pela Emenda Constitucional 06/2019 e seu excesso de equívocos. Os mato-grossenses também se mobilizaram, a exemplo de Cuiabá, onde a Praça Ipiranga foi o palco dos protestos. Segundo os representantes sindicais, foi um primeiro passo da resistência que será edificada pela classe trabalhadora rumo a uma Greve Geral para derrotar o Governo Bolsonaro e sua injusta proposta de reforma da Previdência, que mantém os privilégios dos militares e dos grandes devedores da Previdência e penaliza os trabalhadores públicos e privados.A vice-presidente do SINDIJUFE-MT, Júlia Viñe, representou o Sindicato na manifestação.Para Pedro Aparecido de Souza, a  reforma da Previdência é uma cilada."Uma cilada preparada pelos banqueiros, pelo governo e pela grande mídia", diz ele, acrescentando que a grande mídia é financiada pelos banqueiros e pelos governos, e que os governos também são financiados pelos banqueiros."A reforma previdenciária exigirá 65 anos para aposentadoria e 40 anos de contribuição. Ou seja, grande parte dos trabalhadores não irá se aposentar, pois morrerá bem antes. Já os antigos políticos continuarão a se aposentar normalmente. Os militares terão inclusive o salário duplicado.

E, enquanto isto,  o restante da classe trabalhadora não conseguirá se aposentar. O governo continua a destinar mais de um trilhão por ano para pagamento da dívida pública, o que significa que este dinheiro irá para os banqueiros. Mas os banqueiros querem mais. Os banqueiros querem também a nossa aposentadoria. Nós, porém, não aceitamos e vamos resistir nas ruas", conclui.Oficial de Justiça Avaliador Federal do TRT23, Pedro Aparecido é ex-presidente do SINDIJUFE-MT e ex-dirigente da Fenajufe. Na gestão dele o SINDIJUFE-MT orquestrou a mais longa Greve da classe trabalhadora na história brasileira, começando em 7 de junho de 2011 e terminando em 15 de janeiro de 2012. Foram 223 dias de greve ininterrupta. Foi a quinta greve do SINDIJUFE-MT pelo PCS-4, manifestação esta que, somada com as greves e lutas que o Sindicato também promoveu em 2009, 2010, 2011 e 2012, resultou na conquista do reajuste de 15,28% para os servidores do Judiciário Federal em 2012. É bom relembrar estes fatos para que ninguém duvide da força que os trabalhadores têm e até onde podem chegar. Com as manifestações deste 22 de março em todo o Brasil, as centrais sindicais mandaram um eloquente recado para Jair Messias Bolsonaro. Que se ele persistir com a proposta da Reforma da Previdência e com o desmonte das aposentadorias, a classe trabalhadora implementará a maior greve que este País já viu.

Nas palavras do coordenador do Movimento Sem Terra (MST) em Mato Grosso, Antônio Carneiro, a proposta de Reforma da Previdência apresentada pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL) tem como objetivo atrasar e inviabilizar o acesso ao benefício, e os trabalhadores têm pelo menos 10 bons motivos para ser contra a reforma da Previdência que está em tramitação no Congresso Nacional. O MST nasceu no período da ditadura militar, e o movimento se destacou pelo diálogo que conseguiu estabecer com os camponeses através de reuniões clandestinas,  tendo sobrevivido ao período da ditadura e passado por dificuldades do governo Collor,  quando houve forte repressão contra os Sem Terra. “Entramos em outro período como esses", acredita o sindicalista.

As palavras da presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Rondonópolis (Sispmur), Geane Lina Teles, reforçam as considerações dos demais sindicalistas referentes ao desmonte da Previdência. Ela, que ontem participou da mobilização na Praça Brasil em Rondonópolis, fez o seguinte comentário: "A reforma da Previdência atinge diretamente todos os brasileiros, seja os urbanos e os rurais, e o rural a gente assinala algo ainda mais preocupante, já que as mulheres trabalhadoras rurais, que hoje se aposentam aos 55 anos de idade, passarão a se aposentar aos 60 anos pelo projeto da reforma da Previdência do Governo Bolsonaro. E se não tiver feito nenhum tipo de contribuição, esse trabalhador não vai poder aposentar. Ele tem que contribuir no mínimo 20 anos, e há muitos trabalhadores rurais que migraram para as cidades mas continuaram trabalhando no campo e não têm como comprovar esta contribuição, porque é algo muito burocrático".


Geane destaca que tem algo muito temerário no cenário atual, porque, segundo a Constituição Cidadã, de 1988, todos são iguais perante a lei, mas o que se observa  é que, com esta reforma da Previdência, vai ter uma distinção para os militares. "Os militares com doutorado passarão a ganhar 68% de aumento, os coroneis, com os estudos deles. Enquanto isso, porém, os professores, como os da rede municipal daqui de Rondonópolis, terão direitosn restringidos. Portanto, esta proposta de reforma da previdênca é algo extremamente preocupante. O brasileiro tem que ver que a reforma não vai atingir apenas os servidores públicos. Vai atingir as donas de casa, vai atingir o trabalhador da iniciativa privada, vai atingir o homem e a mulher do campo, enfim. Se a reforma for aprovada, daqui 10 anos teremos muitos mais seres humanos vivendo na miséria. Infelismente é isso. Se o brasileiro não acordar e dizer não, podemos nos preparar para um Brasil que não será sustentável para a sociedade", concluiu.Por sua vez, o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos da Saúde de Mato Grosso (Sisma), Oscarlino Alves, assinala que "o projeto proposto pelo Governo Federal para se reformar a Previdência no País englobando os trabalhadores da iniciativa privada, do campesinato e servidores públicos é uma proposta um tanto indecorosa. É uma proposta que dilapida direitos trabalhistas conquistados a duras penas e lutas históricas. Foram frutos de décadas de luta dos trabalhadores, e então esta reforma é inconcebível. Os trabalhadores estão sensibilizados e buscando a mobilização, até porque o Governo adotou a estratégia de demolição das entidades representativas. Os sindicatos sérios estão ameaçados com a Medida Provisória 873, de 1º de março de 2019, que tenta proibir o desconto em folha das contribuições voluntárias, interferindo na liberdade sindical e sobrepujando a Constituição Federal de 1988. Por isso estamos buscando a mobilização dos trabalhadores através de atos como o que acomnteceu ontem na Praça Ipiranga".

Oscarlino pontua que "este ovo de serpente já foi plantado no Congresso Nacional. Já começou a tramitar na Câmara dos Deputados e posteriormente irá para o Senado. Mas vai ter que haver muita discussão por parte dos parlamentares eleitos para representar a classe trabalhadora, que é a maior do País. Os prejuízos da proposta de reforma são iminentes. São prejuízos estes que estão claros, aumentando o tempo de contribuição e de idade para os trabalhadores, mas mantendo os privilégios dos militares". Na avaliação de Oscarlino, o que o estado brasileiro precisa é apresentar soluções para o déficit previdenciário, originado pelo desvio de recursos e pela desvinculação da receita, passando para outros segmentos, para cobrir rombos, inclusive, provenientes do grande tumor que temos no País, que é a corrupção. "Temos poucos governantes e poucos políticos corruptos na cadeia, e isso tem se transformado numa vergonha nacional, algo lamentável. O Estado de Mato Grosso é uma prova disso. Temos váriosm governantes que surrupiaram os cofres públicos, com reflexos diretos, e praticamente não tem ninguém na cadeia aqui ainda. Ao contrário do Rio de Janeiro, por exemplo, onde já temos 5 ex-governantes e ex-políticos na cadeia. O que precisa, também, é combater a sonegação, promover a recuperação de ativos. Nós temos 500 empresas que devem quase 500 bilhões de encargos sociais. Os políticos defendem os interesses de grupos, e tanto é que o agronegócio tem isenção, perdão de dívidas de encargos sociais provenientes do campo. Nós temos bancos que são os maiores devedores da Previdência Social, é isso que precisa ser revisto, que precisa ter pulso, ter energia, ter coragem pra mexer, e não prejudicar mais ainda a classe trabalhadora. Vamos lutar até o final para impedir as injustiças. Não somos contra a reforma, mas que ela seja justa e para todos, e não apenas para sacrificar os trabalhadores".