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Dia Mundial de Conscientização do Autismo: preconceito ainda é desafio

Redação Fenajufe

 

No dia 2 de abril é celebrado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2007, e é um alerta para a sociedade e governantes sobre o neurodesenvolvimento do indivíduo, conhecido como Transtorno do Espectro Autista – (TEA).

O autismo não é doença e sim uma síndrome que afeta vários aspectos da comunicação, além de influenciar no comportamento humano. As causas são imprecisas e ainda não existe um exame genético capaz de afirmar com exatidão a incidência da doença. Os médicos orientam aos pais observarem com atenção, o desenvolvimento da criança, período em que os sintomas se projetam.

Neste mês, em respeito à pessoa com autismo algumas capitais como Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, iluminam seus monumentos com a cor azul. A cor é escolhida para ilustrar a campanha, já que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) acomete quatro vezes mais as pessoas do sexo masculino do que o feminino, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC).

Existem no Brasil cerca de 2 milhões de diagnósticos, no entanto o número pode ser maior. Antes da confirmação é necessário a realização de vários exames e nem toda família tem acesso a eles. A Organização Pan Americana da Saúde (OPAS), indica que a cada 160 crianças nascidas no Brasil, uma tem diagnóstico positivo para a síndrome. Nos Estados Unidos, o número é ainda maior. A cada 59 nascimentos, uma criança desenvolve o transtorno.

Como todo grupo que difere do convencional, as pessoas que desenvolvem a síndrome, são consideradas diferentes. De fato, elas tem uma forma diferenciada de ser e de agir. Saber lidar com isso e entender, nem sempre é tarefa fácil. No entanto, aprender a conhecer o mundo individual de uma pessoa autista, acompanhar seus passos, decifrar desejos, sonhos, tristezas e alegrias é descobrir nova forma de enxergar o mundo.

O Coordenador de comunicação da Fenajufe Isaac Lima é pai de uma criança com TEA, e fala sobre o desafio que é lidar com isso. “Ter um filho com Espectro Autista é um desafio por que eles veem o mundo de uma forma completamente diferente, tem características peculiares, mas com o tempo se aprende a identificar a melhor forma de agir e de lidar com a criança que um dia vai se tornar um adolescente, um adulto”.

Ainda segundo o dirigente, as terapias são muitas e ajudam bastante. “Saber lidar com uma criança autista, não é o maior desafio. O maior desafio mesmo é saber lidar com o preconceito das pessoas”. Ele reforça que o dia Mundial de Conscientização do Autismo visa combater os preconceitos e mostrar que autismo não é doença é sim uma condição. Mas que o amor supera tudo.

Justamente pensando numa forma de aprendizado, troca de experiências e o melhor convívio com autistas, surgiram as ONGs. As entidades promovem debates, encontros, seminários e interação entre as famílias. Para os familiares as dificuldades enfrentadas no dia a dia de uma pessoa com TEA, seriam menores se tivesse mais informações sobre o tema e tolerância. Em Belo Horizonte/MG, foi a primeira capital brasileira a abrigar a primeira associação de abrangência nacional voltada à defesa dos interesses das pessoas com autismo e das suas famílias.

Como exemplo, a ONG “Movimento Orgulho Autista Brasi” (MOAB) surgiu em 2005 e desde então, é um amparo às famílias de autistas. Durante todo o ano várias ações são realizadas pela Organização. A Ong executa atividades importantes durante todo o ano. No dia 2 de abril, por exemplo, em parceria com as Polícias Militares e o Detran, realizam abordagem nas rodovias, distribuindo cartilhas, panfletos e conhecimentos sobre o tema. Outra atividade é o “Prêmio Orgulho Autista” que em parceria com a Rádio Nacional premia entidades, e organizações que desenvolvem projetos com recorte na melhoria de vida para a pessoa com autismo.

Já a Associação Brasileira de Autismo (ABRA) é uma entidade civil sem fins lucrativos, com sede e foro em Brasília-DF, mas com funcionamento itinerante. Originalmente destinada a congregar Associações de Pais e Amigos de Autistas, hoje tem por finalidade a integração, coordenação e representação, em nível nacional e internacional, das entidades voltadas para a atenção das pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).

Outra realidade das pessoas com autismo, é a incompreensão e a falta de conhecimento sobre a síndrome. Esse desconhecimento carrega junto o preconceito. Mesmo com os avanços por igualdade de direitos, inclusão e convívio social dessas pessoas familiares ainda enfrentam e convivem com a discriminação. Essa talvez seja a pior das dificuldades. O desamor e a intolerância

Mitos

1 – O autismo é um problema psicológico.

2 – A causa do autismo está na família ou no meio.

3 – A causa do autismo está na vacinação. Durante alguns anos se responsabilizou a vacina tríplice viral, algo totalmente banido.

4 – As crianças autistas não podem se comunicar.

5 – As crianças que sofrem de autismo não são carinhosas e não gostam do contato físico

6 – As crianças autistas têm talentos fora do comum.

7 – O autismo vem acompanhado de uma deficiência intelectual.

8 – As crianças com autismo não podem ir a escolas normais.

9 – As crianças autistas são agressivas. 10 – Só pode ter um caso de autismo na família.

Leis:

Lei 12764/2012 ou “Lei Berenice Piana”. Sancionada em 2012 instituiu a política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno de Espectro Autista

Lei 13146 /2015: Lei de inclusão da Pessoa com Deficiência, assegura direitos em condições de igualdade.

Lei 13.977 -2020: ou “ Lei Romeo Mion”, cria a carteira de identificação da Pessoa Autista para acesso à gratuidade em transporte público, teatro, cinema e eventos culturais.

Lei 13.861/2019: Inclusão de dados específicos sobre autismo no Censo do IBGE.

Tramita no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) pedido de servidores do PJU e MPU para que pais e/ou familiares de pessoas com necessidades especiais tenham o direito à diminuição da carga horária de trabalho. Aprovada, a regulamentação vai abranger todos os órgãos do Judiciário.

Joana Darc Melo, da Fenajufe