5ª
Plenária da FENAJUFE
"OS
TRABALHADORES, DE CARA COM A JUSTIÇA"
Rio
de Janeiro, 27 e 28 de junho de 1997.
ÍNDICE
1.
CONJUNTURA
2.
A ORGANIZAÇÃO SINDICAL DOS SERVIDORES PÚBLICOS
3.
ORGANIZAÇÃO POR LOCAL DE TRABALHO
4.
PERSPECTIVA PARA O SINDICALISMO NO JUDICIÁRIO FEDERAL
5.
POR UMA POLÍTICA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS PARA A FENAJUFE
6.
NOSSA AÇÃO SINDICAL
7.
ADENDO I (retirado do Caderno de texto para o 6º Concut)
Balanço organizativo da CUT e suas instâncias
Estrutura sindical e relações de trabalho.
Emendas da Corrente Sindical Classista.
Emendas de O Trabalho.
ADENDO
II.
Estrutura sindical e relação de trabalho
5ª
Plenária Nacional da FENAJUFE
Rio
de Janeiro, 27 e 28 de junho de 1997.
Textos
da Diretoria Executiva
1.
Conjuntura
1.1.
A atual Conjuntura ainda é desfavorável aos trabalhadores.
Todavia, podemos reverter o contexto e derrotar o neoliberalismo
em nosso País.
1.2.
Para melhor compreensão, esta análise encontra-se dividida em
duas partes.
1.3.
Na primeira procura-se precisar a situação em que se encontra
o neoliberalismo no Brasil levando em consideração, inclusive,
alguns determinantes internacionais. Já na Segunda parte, uma
vez detectados os desafios a serem enfrentados pelos
trabalhadores, faz-se um balanço das perspectivas colocadas às
organizações representantes de classe trabalhadora, em
particular ao movimento sindical cutista. Isso, é claro, de
acordo com os acontecimentos recentes e seus possíveis
desdobramentos.
1.4.
O neoliberalismo no Brasil de hoje.
1.4.1.
O rumo que as coisa estão tomando.
1.4.2.
O que temos percebido é que estamos atravessando, Por um lado,
um forte processo de degradação social e, por outro, uma
concentração de rendas acelerada.
1.4.3.
A degradação social tem se manifestado através de alguns fenômenos
calcados na perversidade do sistema. Sob um aspecto, basta
observarmos o número de casos de chacinas envolvendo as nossas
polícias e veremos que alguma coisa está errada. O militar
conhecido por Rambo que exercia suas funções na região de
Diadema - SP não parece sequer um ser humano pago para proteger
a população. Lembra, isso sim, um exterminador que ilimina
trabalhadores com tiros pelas costas. Tiros nas nucas levaram
também cinco garotos na Baixa Fluminense pelo fato de não
terem R$ 0,55 para pagar a passagem do ônibus. Com tiros também
na nuca e no peito a polícia mata sem-teto na periferia de São
Paulo. A brutalidade das cenas não merece descrição. Aliás,
se fôssemos enumerar e descrever todos os casos em que as polícias
praticaram chacinas contra a população, faríamos um texto
longo e assustador.
Quem
não se lembra de Eldorado do Carajás, da Candelária, de Vigário
Geral e de inúmeros outros casos envolvendo a Instituição
Policial que é, aliás, a violência física "legítima"
do Estado. Nunca é demais lembrar que esse tipo de Polícia não
serve a ninguém que não seja latifundiário, bicheiro,
traficantes e aquinhoados de maneira geral. Esse tipo de atuação
policial nada mais reforça a inquestionabilidade da propriedade
privada no País que é a segundo pior distribuída do Planeta,
não obstante estar o Brasil entre as dez maiores economias do
mundo.
1.4.4.
Lembremos ainda o significado do caso do índio queimado em Brasília
onde a perversidade dá a tônica de um ato praticado por
integrantes das classes privilegiadas. Basta dizer que, além de
não ser o único caso, o respeito pelo semelhante perde o espaço
numa sociedade marcada pelo individualismo característico do
(neo) liberalismo. Em outras palavras, no neoliberalismo não há
lugar para a solidariedade.
1.4.5.
Outro ponto que pode ser apontado como uma degenerescência do
sistema são os rumos que está tomando o mundo do trabalho. O
brutal aumento do número de pessoas na economia informal revela
que o trabalho fornal não anda bem. Também não é para menos:
O salário mínimo é R$ 120,00 e cada vez mais observa-se o
trabalho precarizado dominar as relações que se estabelecem a
partir da venda da mão de obra. O crescimento do trabalho
parcial, temporário, terceirizado, assusta não só pelas péssimas
condições as quais se submete o trabalho, onde a inexistência
de qualquer garantia social é a regra. O pior é que esta situação
tende a agravar-se diante da atual política governamental que
tem usado a desculpa do avanço tecnológico e da
competitividade para promover uma restruturação do sistema
produtivo em benefício da classe patronal.
1.4.6.
O mundo assiste hoje inovações tecnológicas nunca vistas
antes se pensarmos a velocidade em que tudo está acontecendo.
Até clones o homem comprovadamente tem o poder de fazer. Essas
tecnologias, sem a menor dúvida, representam um brutal avanço
da humanidade. Ocorre que o acúmulo de conhecimento, como tudo
mais no capitalismo, é apropriado por aquele pequeno grupo
dominante. Sem considerar outras áreas como a saúde, onde um
trabalhador dificilmente tem condições de fazer alguns
tratamento como é o caso da AIDS, e observando só o que ocorre
no processo de produção material da existência humana, já
podemos perceber como os novos conhecimentos têm sido usados
por uma minoria contra aqueles que vivem, ou viveriam, da venda
da própria força de trabalho.
1.4.7.
O crescente emprego de novas tecnologias, bem como de novos
modelos gerenciais, tem permitido aos proprietários dos meios
de produção aumentar de uma maneira violenta e perversa a
exploração do trabalho alheio. Parece que tudo indica que a
voracidade capitalista quer descontar o pouco que,
estrategicamente, perdeu sob o domínio do Estado de Bem-Estar
Social. Assim, procura-se acabar com os mais elementares
direitos trabalhistas, uma vez que o Capital não necessita mais
fazer com que se reproduza em grande número o contigente de
trabalhadores, pois cada vez mais os homens podem ser substituídos
por máquinas. O resultado disso é por uma lado a tendência
natural do crescimento acelerado do número daqueles que FHC
chama de "inempregáveis", cuja consequência é o
aumento da miséria e tudo que dela decorre.
1.4.8.
Fica claro, assim, um caso onde os novos conhecimentos são
usados a bem de um pequeno número de pessoas em detrimento da
esmagadora maioria. Os primeiros são os proprietários que
ganham com o aumento da produtividade e com a redução dos
encargos sociais. Já essa maioria é aquela que pode perder o
emprego e se tornar uma classe trabalhadora escravizada pelo
emprego precário de sua força ou mesmo pelo "inemprego".
1.4.9.
Diante dessa situação vem FHC propor a flexibilização das
relações de trabalho, onde se institui forma e legalmente o
trabalho precário, sem direitos, inclusive o da aposentadoria,
pois como sabemos os trabalhadores precisarão de 35 anos de
contribuição ou 65 anos de idade para se aposentar em um país
onde o número de trabalhadores sem carteira assinada e altíssimo
e onde a expectativa de vida não atinge os 65 anos.
1.4.10.
Essa tendência coaduna-se perfeitamente com a imposição dos
grandes grupos transnacionais que contam com uma enorme
mobilidade. Tanto as instituições financeiras como as
industriais cada vez mais eliminam fronteiras e impõem as condições
aos governos, principalmente dos país subdesenvolvidos, para
que permaneçam ou venham fazer investimentos, os quais em sua
grande maioria são especulativos e podem desestruturar um país
como foi o caso do México. Essa prática é apoiada pelos
centrais (basta lembrar o que significa o "Consenso de
Washington") e aceita pela submissão das elites
dependentes dos países periféricos.
1.4.11
Outro elemento que merece destaque nesse processo é a diminuição
do aparelho estatal com vistas ao dito "Estado mínimo"
que na prática representa o fim da atuação do Estado em áreas
como a saúde, a previdência, a educação. Quem de nós já não
se acostumou com a idéia de pagar a instituições privadas por
esses serviços que em tese são deveres do Estado para com os
cidadãos?
1.4.12.
Aqui entram as propostas de Reforma Administrativa e previdenciária
onde quer o governo desmontar a administração pública como a
concebemos e passar diversas áreas de atuação à iniciativa
privada. Isso evidentemente passa pela demissão de servidores
em massa.
1.4.13.
Se somarmos o crescimento acentuado dos inempregáveis,
resultante de um restruturação produtiva controlada pelos
proprietários dos meios de produção, como apontado acima, ao
fato da desobrigação do Estado de prestar Serviços públicos,
perceberemos que essa massa de excluídos vai ficar sem emprego,
portanto sem aposentadoria, sem ter como pagar pela educação,
pela saúde.. Ou seja, a situação tende a piorar num
verdadeiro processo de degeneração social com consequências
imprevisíveis dentro de um cenário de barbárie.
1.4.14.
É importante ressaltar que essa tendência confirma um processo
de crescimento econômico com elevados índices de exclusão
social e de concentração de rendas.
1.4.15.
Diante desse quadro assustador, FHC segue com um cinismo
peculiar. Além do presidente considerar que não existe
nacionalidade fora de seu governo, através da manipulação
ideológica grosseira tem levado a população a acreditar que
estamos no caminho certo. Adjetivos como "neobobos" dão
o tom do tratamento dispensado aos seus opositores. Questionado
sobre a entrega da Vale, HFC foi ridículo ao responder com a
pergunta: Que vale? Vale refeição? Isso sem contar o seu
crescente apego à práticas fisiológicas como mecanismos de
resolver seus próprios problemas como foi o exemplo da aprovação
da possibilidade de sua reeleição
1.5.
Os trabalhadores, suas organizações e perspectivas.
1.5.1.
Para aqueles que vivem da venda da própria força de trabalho,
o contexto é de definições com a clara necessidade de
pensarmos a fundo os rumos que estamos tomando. O contexto de
restruturação produtiva apontado acima coloca uma situação
dual aos trabalhadores onde a tônica é a dispersão e a
fragmentação da força política dessa classe social.
1.5.2.
É importante ressaltar que uma grande parcela da classe
trabalhadora cada vez mais adota posições reacionárias. Mesmo
desconsiderando orientação de entidades como a Força
Sindical, que não assumidamente corporativas, notamos que cada
vez mais os trabalhadores são cooptados pela ideologia do patrão
através de programas como o da "qualidade total".
Cria-se a ilusão de que a empresa é a própria família do
trabalhador e este acredita nisso sem a devida resposta seus
representantes.
1.5.3.
Isso traz o seguinte efeito para o conjunto da classe diante do
processo de restruturação produtiva: Pelo fato de cada vez
mais ser necessário um número menor de trabalhadores para a
produção material, este pequeno número, que é em geral bem
pago, polivalente, com relativa estabilidade em suas relações
de trabalho, tende a tornar-se, até pela defesa do próprio
emprego, reacionário e fiel ao ideário patronal.
Por
outro lado, todavia, os inempregáveis formam um exército
imenso de trabalhadores abandonados à exclusão social.
1.5.4.
É justamente aqui que entramos nas perspectivas colocadas ao
conjunto da classe trabalhadora.
1.5.5.
A representação dos trabalhadores pelo movimento sindical
caminha perigosamente para uma situação onde uma pequena
minoria será representada, pois esta é aquela parcela que
continuará empregada. Em função disso, o movimento sindical
cutista, para falar somente do nosso campo, encontra tantas
dificuldades nos dias de hoje: cada vez mais representa uma
parcela menor de trabalhadores os quais paulatinamente têm se
tornado reacionários até pelo risco da perda do emprego.
Resultado: Não temos conseguido escancarar os problemas
inerentes ao sistema e o trabalho escravo continua a reinar, a
prostituição infantil cresce, a indigência toma conta do País
sem sequer tomemos consciência da dimensão do problema.
1.5.6.
Exemplos de atuação de acordo com os interesses reacionários
não faltam inclusive no nosso campo cutista: As famosas câmaras
setoriais são exemplos de como a estratégia é de dividir para
reinar. Ou seja, não obstante os trabalhadores do setor
eventualmente terem ganhos estes, são apenas um setor minoritário
da classe. A insistência na lógica de negociação é
perigosa. Ou será que vamos começar a negociar critérios para
o trabalho escravo, para a prostituição infantil, para a indigência?
1.5.7.
Entra assim o seguinte desafio imediato: ou passamos a organizar
os desorganizados (desempregados, indigentes ...) ou estaremos
condenados a representar uma parcela cada vez menor da classe
trabalhadora. Nesse sentido, exemplo de organização dos
desorganizados pode ser constatado no MST que tem em sua base
fundamentalmente bóias frias que não diferem muito de um
indigente urbano. Note-se que o MST é um dos únicos movimentos
de trabalhadores que está conseguindo objetivar uma oposição
contundente no atual contexto. Felizmente temos tomá-lo como
ele é: referencial de um tipo de organização que ainda não
temos. Nesse sentido, além de apoiar a luta do MST devemos
fazer nossa parte e procurar pensar a sociedade como um todo na
perspectiva dos trabalhadores.
2.
A Organização Sindical dos
Servidores
Públicos
2.1.
Histórico (*)
2.1.1.
A experiência de organização dos trabalhadores do setor público
é anterior ao direito de sindicalização, assumindo caráter
sindical a partir do início da década de 80. A organização
dos servidores, até então, limitava-se a associação/federações
por órgãos ou categorias. Proibidos por lei de se organizarem
em torno dos interesses da categoria.
2.1.2.
A experiência acompanhou o processo de rearticulação da
sociedade civil, visando varrer os resquícios da ditadura
militar. No caso dos servidores públicos estaduais e
municipais, ressalvadas as exceções, as experiências
organizativas atingiam uma parcela pequena da categoria. Entre
os servidores federais, o movimento cresceu rapidamente,
adotando desde o início os princípios que norteariam a criação
da Central Única dos Trabalhadores - CUT, em 1983: sindicalismo
classista, organizado na base, de massas e democrático.
2.1.3.
Entre as experiências organizativas situadas dentro dessa
concepção e prática sindical, registra-se a Andes (Associação
Nacional dos Decretos do Ensino Superior), Fasubra (Federação
de Associações de Servidores Técnico-Administrativos das
Universidades), Fenasmit (Federação Nacional de Associações
de Servidores do Ministério do Trabalho), Fenasps (Federação
Nacional de Associações de Servidores da Previdência Social),
Unastten (União Nacional de Associações de Técnicos do
Tesouro Nacional), Assibge (Associação dos Servidores do
IBGE), dentre outras. No âmbito do Judiciário, existia a
Fenastra (Federação Nacional das Associações de Servidores
da Justiça do Trabalho), criada em 1986. A articulação dessas
entidades representou um avanço no plano da organização
nacional das lutas, desaguando na realização de grandes greves
da categoria e resultando no atendimento de parcela
significativa das reivindicações.
2.1.4.
A organização da categoria possibilitou a mobilização
durante o processo de elaboração da Constituição Federal de
1988, resultando na inclusão do direito de greve e de
sindicalização na Carta Magna.
2.1.5.
A conquista do direito de sindicalização trouxe à tona a
necessidade de se definir qual a melhor forma de organização
sindical para os trabalhadores do setor público. Esse debate se
pauta pela concepção e prática sindical da CUT, a partir dos
ramos de atividade. A orientação de Central era de que se
construíssem formas de organização capazes de aglutinar e
unificar a categoria. Desde então surgiram visões
diferenciadas sobre a questão: de um lado, os que defendem que
o ramo de atividade é o serviço público; de outro, os que
entendem a existência de vários ramos dentro do serviço público
(saúde, educação, etc.). Destes entendimentos distintos
resultaram formas diferenciadas de organização: sindicatos
gerais de servidores públicos e sindicatos por ramo de
atividade (Saúde, Previdência, Educação, Judiciário, etc.).
Tanto os sindicatos gerais quanto os sindicatos por ramo são
encontrados no interior da CUT, seja nas esferas municipais,
estadual e federal.
2.1.6.
Fora da CUT, existem alguns sindicatos de servidores estaduais e
municipais, parte dos quais se referência na Confederação dos
Servidores Públicos do Brasil - CSPB, mantida através da
utilização do imposto sindical. No âmbito federal, as mais
importantes entidades sindicais nacionais integram a Coordenação
Nacional das Entidades de Servidores Públicos Federais (CNESF),
fórum intersindical que reúne entidades cutistas (em sua
maioria) e também não filiadas à CUT.
2.1.7.
A CNESF surgiu como fórum intersindical logo depois da criação
da Confederação Democrática dos Servidores Públicos Federais
(Condsef). Essa Confederação foi criada por ocasição do II
Congresso Nacional dos Servidores Federais, em 1990. Antes
disso, o I Congresso, em 1989, já havia deliberado pela criação
da Instersindical dos Servidores Federais. A criação da
Condsef foi uma tentativa de aglutinar numa mesma entidade todas
as entidades sindicais e servidores federais, sejam as experiências
de organização geral ou aquelas organizadas a partir da concepção
de ramos de atividade. No entanto, várias entidades se
recusaram a seguir a deliberação do II Congresso (algumas
sequer participaram dele) e a Condsef acabou se mantendo como
uma Federação de Sindicatos gerais.
2.1.8.
Fazem parte atualmente da CNESF a Andes/SN (Associação
Nacional dos Docentes de Ensino Superior - Sindicato Nacional),
Assibge/SN (Associação Nacional dos Servidores do IBGE -
Sindicato Nacional), Condsef (Confederação Democrática dos
Servidores Públicos Federais), Fasubra (Federação dos
Servidores das Universidades Brasileiras), Fenasps (Federação
Nacional dos Sindicatos de Servidores da Previdência Social), Fenajufe
(Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores do Judiciário
Federal e Ministério público da União), Sinasefe
(Sindicato Nacional dos Servidores das Escolas Técnicas
Federais) e Andef (Associação Nacional dos Docentes das
Escolas Técnicas Federais), estes filiados à CUT. Participam
ainda as seguintes entidades não-filiadas à CUT: Sindilegis
(Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo e Tribunal de
Contas da União) e Unafisco Sindical (Sindicato Nacional dos
Auditores Fiscais do Tesouro).
2.2.
A inserção da Fenajufe no debate
2.2.1.
Em dezembro de 1992, era criada a Fenajufe - inicialmente como
Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores do Judiciário
Federal e depois incorporando os trabalhadores do Ministério Público
da União. O debate sobre organização sindical tem ocorrido
com certa frequência em nossa Federação. Tanto é que no
Congresso de fundação se decidiu pela criação de uma federação
que reuniria Sindicatos unificados nos Estados e Sindicatos
ainda organizados por segmentos do Judiciário (Justiça do
Trabalho, Federal e Eleitoral) - tese que enfrentou discordância
de algumas entidades, que optaram por permanecer em outra Federação,
a Fenastra (Justiça do Trabalho). Mas o debate sobre organização
prosseguiu, e na 1ª Plenária ampliou-se a representação para
os trabalhadores do MPU, na 2ª Plenária reafirmou-se a
necessidade de unidade, no 2º Congresso o debate contemplou
alternativas ao modelo de organização federativo e na 3ª Plenária
a maioria dos Sindicatos que haviam permanecido na Fenastra
foram incorporados à Fenajufe.
2.2.2.
No entanto, até este momento a nossa Federação ainda não
firmou posição clara acerca da forma de organização que
defende, apesar de nossa opção em organizar os trabalhadores
do Poder Judiciário como um ramo de atividade do setor público.
2.2.3.
Registremos, a propósito, um trecho das resoluções da 2ª
Plenária da Fenajufe sobre o assunto:
2.2.4.
"Cabe, entretanto, à nossa categoria implementar essa
discussão a fim de que possamos ter uma intervenção
qualificada neste debate no interior do movimento sindical
cutista, e nesse sentido entendemos que a 2ª Plenária Nacional
pode iniciar o aprofundamento desse tema, que deverá culminar
com a definição de uma posição do movimento dos servidores
do Judiciário Federal no próximo Congresso Nacional da
Fenajufe.
2.2.5.
A discussão de uma confederação cutista, portanto, poderá se
dar nesse momento. Para tanto, seria necessário rediscutir a
definição de ramos de atividade que predomina na Central, e
caso entendêssemos ser viável estabelecer o Judiciário como
ramo de atividade isso se daria envolvendo não somente o Judiciário
Federal, mas também os Judiciários Estaduais e até mesmo os
sindicatos de policiais e segurança pública. Seria, na
verdade, um desmembramento do ramo 'administração pública',
criando-se um novo ramo como 'Judiciário e Segurança Pública'."
2.2.6.
E das resoluções de nosso 2º Congresso reproduzimos o
seguinte texto:
2.2.7.
"No âmbito do setor público, o debate sobre organização
sindical não pressupõe a entrada em cena da liberdade na
constituição de sindicatos. Os trabalhadores do setor público
já se organizam sem as restrições impostas pela lei, podendo
se constituir em Sindicatos de âmbito local, regional ou
nacional, que por sua vez se juntam em Confederações ou Federações
nacionais ou interestaduais. Essas diferentes formas de organização
baseiam-se na experiência histórica das categorias, a maioria
delas com origens anteriores ao direito de sindicalização dos
servidores públicos, conquistado na Constituição de 1988.
2.2.8.
Percebe-se nesse debate que o problema não está em definir-se
qual a melhor forma de organizar os trabalhadores do setor público
no interior da CUT - se divididos em organizações 'por ramos'
(Saúde, Educação, Administração Pública, etc.), por nível
de contratação governamental (Municipais, Estaduais e
Federais) ou se agrupados numa mesma organização nacional de
Servidores Públicos de todos os níveis. A principal questão
é saber o quanto atuais, que já cristalizaram um domínio político
de variadas tendências, estão dispostas a ceder."
2.2.9.
As plenárias e congressos da Central definiram vários ramos de
atividades como indicativos para o debate nas categorias. Dentre
os ramos definidos, três estão ligados ao setor público:
Administração Pública, Seguridade e Educação. Ainda não
existe nenhuma definição quanto à criação de um ramo de
atividade para o "Judiciário" ou serviços ligados à
Justiça, e este debate deve ser provocado por nós no interior
da Central, que já conta com alguns Sindicatos do Judiciário
estadual filiados, além de Sindicatos de advogados e de
servidores das atividades policiais e carcerárias.
2.2.9.1.
(*) Este histórico foi elaborado a partir do livro "Nem
Vilão, Reflexões sobre o Serviço Público no Brasil, de Cândida
da Costa".
3.
Organização por
Local
de Trabalho
3.1.
Acreditamos no Sindicato como um instrumento de luta social que
deve estar fortemente organizado e enraizado nas suas bases, em
cada fábrica, em cada empresa, em cada órgão público. Por
essa razão, organizar-se a partir do locais de trabalho é
imprescindível para a luta sindical.
3.2.
Pode-se definir as Organizações por Local de Trabalho
conhecidas também como OLTs como o resultado das atividades
desenvolvidas pelo coletivo de trabalhadores que dividem o mesmo
espaço, tempo e condições de trabalhos, enfim toda uma
multiplicidade de experiências acumuladas no desempenho de suas
atividades produtivas. Essas experiências compartilhadas fazem
com que o trabalhador adquira laços muito fortes de unidade e
solidariedade, desenvolvendo a idéia de ação, não
individual, mas coletiva, para alcançar os objetivos de classe
desejados.
3.3.
Ao se organizarem em seus locais de trabalho, os trabalhadores
contribuem para o fortalecimento de suas organizações
sindicais e avançam rumo à conscientização política que
abrirá seus horizontes para o reconhecimento da existência de
duas classes essencialmente distintas e antagônicas : capital x
trabalho, das quais o trabalhador, já consciente, assumirá
esta última.
3.4.
Existem pelo menos duas formas da categoria se organizar a
partir dos seus locais de trabalho, não conflitantes entre si.
A primeira, genericamente denominada OLT, é autônoma em relação
ao Sindicato. Surge a partir das necessidades detectadas pela
categoria no seu dia-a-dia, geralmente não contempladas pela
organização sindical. Caso o Sindicato não tenha nenhuma política
de organização a partir da base, essa OLT pode surgir para
preencher este vazio. De outra forma, surge para preencher
expectativas de lazer e atividades culturais.
3.5.
Trataremos aqui da outra forma de organizar a categoria, a
Organização Sindical de Base (OSB). Esta busca estimular a
organização nos locais de trabalho incorporando-a à estrutura
do Sindicato, através da eleição de representantes
denominados delegados sindicais ou diretores de base. Tem sido
implementada em vários Sindicatos filiados à Fenajufe, como o
Sintrajud-SP , Sintrajufe-MA e outros.
3.6.
É de se registrar que a opção pela OSB entre os sindicatos do
Judiciário/MPU leva também em conta a necessidade de garantir
ao representante eleito algumas garantias legais para sua atuação.
Deste modo, têm surgido em algumas entidades a figura do
"diretor de base", que assim como os demais dirigentes
do Sindicato não podem ser transferidos de local de trabalho
contra a vontade e têm a garantia de estabilidade, mesmo ainda
estando em estágio probatório.
3.7.
Acrescente-se ainda que a ofensiva do governo FHC contra a
organização sindical dos servidores públicos reduzindo as
possibilidades de licença para mandato sindical através da
medida provisória editada no pacote de outubro do ano passado
torna mais do que nunca necessário levar os Sindicatos para
dentro dos locais de trabalho, abrindo trincheiras e
qualificando a nossa resistência.
3.8.
É nos locais de trabalho que surgem os desmandos das chefias
autoritárias e onde são vivenciados os problemas da categoria
no seu dia-a-dia. É ainda nos locais de trabalho que se
denuncia à população o sucateamento dos serviços públicos,
e onde mais alto se levanta a bandeira em defesa da melhoria de
atendimento ao público e da democratização do Judiciário.
Sem essa resistência organizada e decidida, o Sindicato não
fortalece sua atuação e perde a sua identidade.
3.9.
A organização no local de trabalho será, para o conjunto dos
trabalhadores, uma forma de se discutir a atuação do
sindicato, bem como dividir a responsabilidade do encaminhamento
da luta com cada trabalhador. Isto porque não existirá
entidade sindical sem que os seus filiados acreditem e lutem
para o seu crescimento material e principalmente político,
ampliando o leque de todas as discussões (sobre as condições
de trabalho, sáude, salários, tec.), a partir da realidade
vivida nos locais de trabalho.
3.10.
A partir dessas considerações , torna-se necessário
diagnosticar a existência de Organizações Sindicais de Base
na Fenajufe. E verificando os estatutos das entidades filiadas
podemos observar o seguinte:
3.11.
A Organização Sindical de Base nos estatutos do SINJUFEGO está
contemplada através do Conselho de Representantes. Estes serão
eleitos 30 dias após a posse de cada diretoria eleita,
participando somente os sindicalizados em cada local de
trabalho.
3.12.
A Organização Sindical de Base nos estatutos do SISEJUFE/RJ
está contemplada através da Representação Sindical. Está
prevista a eleição de um representante titular e suplente para
cada grupo de 4 servidores ativos na capital; um representante
titular e um suplente para cada comarca na proporção de um
para cada grupo de até 100 associados e um representante
titular e suplente para cada grupo de 100, tanto na capital como
no interior.
3.13.
A Organização Sindical de Base nos estatutos do SINDJUS/DF é
representada pelas Comissões Sindicais em cada órgão com até
5 membros, elita 30 dias após a posse da Diretoria.
3.14.
A Organização Sindical de Base nos estatutos do SINPOJUFES/ES
está contemplada através do Delegado Sindical, eleito
anualmente na proporção de um delegado para cada grupo de 50
ou fração de servidores efetivo em cada órgão, com o limite
de um e o máximo de 4 delegados.
3.15
A Oganização Sindical de Base nos estatutos do SINDIJUSFE/RS
é representada pelas Diretorias de Base por Local de Trabalho,
que serão eleitas em escrutínio direto e secreto pelos
trabalhadores filiados ao sindicato, nos locais que concentrem
um número de trabalhadores superior a 50. Fora de Porto Alegre,
poderão ser constituídas Diretorias de Base Regionais pelo
trabalhadores sindicalizados da respectiva base territorial.
3.16.
A Organização Sindical de Base nos estatutos do SINTRAJUD/SP
é representada pela Diretoria de Base, que tem caráter
consultivo e deliberativo. A eleição de diretores de base se dá
por voto direto e secreto dentre os associados aptos a votar, até
seis meses antes do final da gestão da Diretoria Executiva.
3.17.
A Organização Sindical de Base nos estatutos do SINTRAJUFE/MA
é representada pelas Delegacias Sindicais em cada local de
trabalho, sendo eleitos os delegados titular e suplente
concomitantemente com a Diretoria Executiva do Sindicato.
3.18.
A Organização Sindical de Base nos estatutos do SITRAEMG/MG é
representada pelas Delegacias Sindicais, que elegerão as
diretorias de Base. Para tanto serão necessários 3 associados
de pelo menos 2 locais de trabalho diferentes e a manifestação
de 10 associados para formar uma delegacia sindical com mandato
de 2 anos,s endo vedada mais de uma reeleição.
3.19.
Nos estatutos do SINDJERS/RS, SINDJERO/RO, SINJE/CE,
SINDJUFE/MT, SINJUTRA/RN, SINJE/RN, SINTRAAM/AM, SINTRAJUFE/PE,
SINDSJUSE/PA e SINDJUSE/BA, não consta nenhum tipo de Organização
Sindical de Base.
3.20.
É importante observar que algumas entidades filiadas ainda não
encaminharam para a Fenajufe cópias dos seus referidos
estatutos.
3.21.
Entendemos ser necessário que todos os sindicatos filiados
contemplem em seus estatutos alguma forma de Organização
Sindical de Base. Observando mais atentamente, verificamos que
entre as entidades que ainda não apresentam nenhuma OSB estão
aquelas que mais tiveram problemas de quadros para dar
continuidade a luta, algumas delas chegando até a convocar
assembléias para discutir a sua extinção.
3.22.
Evidentemente, a existência de uma Organização Sindical de
Base não é a panacéia salvadora para os problemas enfrentados
pelos nossos sindicatos. Porém, para garantirmos e
consolidarmos as OSBs em todos os órgãos de nossa base é
necessário o primeiro passo, o que significa reformar os
estatutos das entidades filiadas para que tenhamos um mesmo tipo
de organização. Essas OSBs devem ser o mais participativas e
democráticas possíveis, sem imposições ou centralizações
de qualquer natureza e estimulando a crítica construtiva. Devem
contemplar até mesmo as oposições que tenham clareza política
na construção da luta, e não sejam subterrâneas. A composição
que defendemos deve estar aberta a todos os servidores filiados,
em número mínimo de um representante por local de trabalho.
3.23.
O segundo momento na construção das OSBs é a inserção dos
companheiros eleitos para essa organização na vida do
Sindicato. Essa inserção deve se dar através da abertura de
canais de discussão frequentes, trazendo os problemas originários
dos diversos locais de trabalho para o debate coletivo em busca
de soluções conjuntas. Além disso, o Sindicato deve promover
uma vigorosa política de formação sindical, através da
aplicação de cursos, seminários e debates, de modo a preparar
o dirigente de base para sua atuação, e visando seu futuro
aproveitamento na direção da entidade.
4.
Perspectivas Para o
Sindicalismo
no Judiciário Federal
4.1.
Apresentação
4.1.1.
Não e próprio do movimento sindical trabalhar com futurologia.
Mas sabemos que nenhuma organização sobrevive, em tempos de
precipitações sociais e políticas, sem avaliar as
perspectivas que se apresentam e as alternativas que melhor
correspondem as metas e finalidades estabelecidas.
4.1.2.
Mesmo para um quadro de normalidade democrática e solidez das
instituições, a organização de nossos sindicatos, tanto em nível
de serviço publico, quanto mais de judiciário, seria
incipiente. Mas esse não o caso brasileiro.
4.1.3.
Longe de ter a pretensão de ser um tratado sobre o terna, este
texto se propõe a apresentar algum diagn6sticos, alternativas
e, sobretudo, instigar o confronto de idéias, para que se
chegue com maior tranqüilidade e segurança ao consenso necessário
para superação das atuais limitações organizativas com a
quais nos deparamos no a âmbito do movimento sindical do judiciário
federal e MPU.
4.2.
Preliminares
4.2.1.
FALTA DE TRADIÇÃO DEMOCRÁTICA.
- Alem da falta de tradição de
organização sindical no judiciário, o ensaio de democracia
que sucedeu a ditadura se valeu da insipiência da organização
do trabalhadores do setor publico para inviabilizar seu
fortalecimento. Já no governo Collor, o veto à negociação
(coletiva se encarregou de 1ançar por terra um dos principais
fatores de avanço nas re1aões de trabalho para setor publico.
4.2.1.1.
Não é preciso muito esforço para perceber no Judiciário, um
poder totalmente despreparado par lidar com esse conflito de
interesses, o que, conjugado à soberba característica de
grande parte da magistratura muito pouco contribuiu para a
melhora deste quadro.
4.2.1.2.
Pelo contrario, o poder que se arroga como reserva moral da
republica pela pretensa postura. a política e aética e
"isento" de partidarisrnos e ideologias, e' responsável
pela demissão de dois de seu trabalhadores, além de um sem
numero de perseguições diretas e indiretas.
4.2.1.3.
Concretamente, nos casos das perseguições políticas a Moysés
Szmer Pereira e Paulo Rios um. serie de garantias legais, ou
mesmo constitucionais, foram solenemente atropelados. o mesmo
ocorrendo no Rio grande do Norte, Santa Catarina e também ano
podemos deixar de citar as punições aos judiciário do estado
do Rio Grande do Sul.
4.2.1.4.
Por extensão, a inapetência das instâncias superiores em
apressar a solução destes caso compromete toda a estrutura do
Judiciário, seja pelo "espirito de corpo", Seja pela
indiferença que marca atuação deste Poder.
4.2.2.
CAPACIDADE DE RESPOSTA -
Mas não nos cabe ignorar a dificuldade que o próprio movimento
tem em assimilar e responder aos ataques que lhe são
impingidos, não importando a dimensão que representam em sua
sobrevivência. A prova cabal fica por conta da MP que fere de
morte o mandato sindical revogando licença classista. A reação
do setor publico não foi alem de um esboço de indignação.
Alguns sindicato preferiram criar alternativas ao confronto
direto com o despotismo.
4.2.2.1.
Obviamente não se trata de depreciar dirigentes e entidades,
mas esta constatação apenas reflete uma tendência observada.
O registro torna-se necessário uma vez que, em outras épocas,
bandeiras que causaram menor impacto precipitaram reações mais
contundentes.
4.2.3.
CUT -
Podemos colher elementos para subsidiar nossa análise também
no âmbito da organização geral dos trabalhadores.
4.2.3.1.
A comparação do tempo de existência da CUT em relação as
Centrais de outros países suficiente para se perceber que há
ainda um longo caminho a percorrer para atingir a consolidação
de uma concepção que se possa chamar de classista. e, não
obstante a Central seja um referencial conhecido da sociedade, não
nos foi possível ainda estabelecer com esta sociedade canais de
comunicação suficientes para derrubar os preconceitos e distorções
que muito facilmente são atribuídos à sua atuação.
4.2.3.2.
Mas não é suficiente imaginar que a mera "mudança de
imagem" garantirá esse espaço. O histórico de luta do já
paradigmático MST, quanto ao caráter ofensivo à pseudomoral
burguesa, é mais agressivo que os "piores" anos da
CUT. Mesmo assim a imprensa, que se arroga a "vox
populi", precisou se curvar.
4.2.3.3.
Os efeitos da globalização são consideravelrnente homogêneos
na maioria dos países, mas as manifestações do 1º de Maio
demonstraram graduações bastante diferenciadas da tolerância
aos seus reflexos na classe operária.
4.2.3.4.
Os dilemas que se reproduzem no âmbito da Central Única
naturalmente se refletem em todo o campo cutista. Uma das teses
que exigem solução urgente é a crise do sindicalismo. De
constatação, essa tese ameaça tomar-se epitáfio. Mas da
mesma forma que o modelo não é a principal causa do
esgotamento da luta sindical, a raiz dessas reflexões se
estendem para alem da proposta desse tema.
4.2.4.
CATEGORIA -
Um aspecto de caráter organizativo que decididamente nos afeta
é o perfil da categoria. No judiciário ainda nos encontramos
num limbo entre a elite e a exclusão social. Resiste ainda em
setores da categoria reminiscências de um tempo em que
interessava As elites valorizar o setor público. Insolitamente
nem Os reiterados ataques sofridos desde 1990, nem a ausência
de reajuste por mais de dois anos consecutivos teve efeito didático
sobre tais setores.
4.2.4.1.
Também devemos ter em conta que o conservadorismo inerente ao
próprio Poder, bem como a formarão conservadora (notadamente
em direito) exerce grande influencia sobre parcela significativa
da categoria.
4.2.4.2.
O alinhamento das FCs, por conta da Lei 9.421/96, deram
significativa sobrevida ao falso estado de classe especial.
Enquanto há faixas salariais muito abaixo do mínimo do Dieese,
existem ilhas onde mais de 80% dos servidores se encontram
confortavelmente acima desse patamar.
4.2.4.3.
Em alguns desses casos a retribuição da Função é mais que o
dobro do valor do salário da carreira. o festival de FCs que
acomete o Judiciário inibe fortemente a percepção da
proletarização da categoria. Embora exista tendência de
reversão nessa expectativa, é certo que de uma Justiça para
outra haverá diferente gradação na tornada de consciência da
realidade salarial.
4.2.5.
O DESPOTISMO DA LEI -
Não bastasse o conservadorismo da magistratura, amplos setores
da categoria se pautam pelo oportunismo, pelo legalismo e
subserviência quase religiosa as autoridades. Se ao menos
houvesse imparcialidade, não se fecharia os olhos para os
constantes e reincidentes abusos de poder e autoridade cometidos
no âmbito do Judiciário, tanto em relação a seus servidores,
quanto em relação a sociedade.
4.2.6.
O trabalhador do judiciário se acomoda na esperança de
benesses e favorecimentos e tem sido incapaz de buscar visões
alternativas, seja para aprimorar sua rotina de trabalho, seja
para oferecer melhor atendimento aos usuários da justiça. Por
certo ocupam lugar de destaque neste tópico as escolas de
direito e o colégio máximo dos advogados, mas a abordagem
fugiria do escopo e desviaria do objetivo pretendido.
4.2.7.
PRECARIZAÇÃO -
Semelhante ao que acontece em todos os setores da economia no
processo de recrudescimiento da ordem capitalista, a precarização
do trabalho tomou-se uma meta tão relevante quanto o
"Estado Mínimo". Aliás é uma iniciativa que se
situa entre este e o fim das políticas de bem-estar social.
4.2.7.1.
Fica cada vez mais premente entender as ameaças que nos
circundam, como é o caso, por exemplo, da subcontratação e da
terceirização. No caso dos estagiários, a Argentina tem um
exemplo dramático, pois para exercer essa atividade (lá,
chamada praticantes) não se recebe qualquer pagamento, um
regime escravocrata, portanto, patrocinado pelo próprio Estado.
4.2.7.2.
No Brasil tanto a Justiça Federal quanto a do Trabalho tem se
utilizado da subcontratação para preencher vagas que deveriam
ser ocupadas por um trabalhador concursado, mas a outra
alternativa representa urna economia indecente para os
Tribunais. Fazendo um paralelo com os requisitados da Justiça
eleitoral teremos um quadro em que o Judiciário Federal tende
em ser um dos pioneiros na precarização do trabalho no setor público.
4.2.7.3.
Já no caso da terceirização a meta é fragilizar a administração
pública ao máximo visando descaracteriza-la, bem como a
carreira pública. Embora se diga que o Estado deve manter-se
apenas nas essenciais, o que se vê é a determinação inequívoca
dos governos em sucatear e expropriar a iniciativa privada toda
e qualquer atividade que possa vir a ser lucrativa. No caso dos
setores de serviços corno limpeza etc., o argumento da redução
de custo cai por terra ante os inúmeros casos de
superfaturarnento ou pela indecente caracterização que se
instaura nos setores terceirizados.
4.2.7.4.
Do outro lado dessa moeda esta a criminosa investida na depreciação
nas áreas de saúde ensino e outras. o que favorece o setor
privado. Não existiria no mundo empresa capaz de concorrer com
o Estado tanto em qualidade quanto em custo, sem que o próprio
Estado abra mão de concorrer seja por concessão pública ou
sucateando o serviço. Que o digam as Universidades e Escolas Técnicas.
4.2.8.
ORGANIZAÇÃO E FORMAÇÃO
A falta de prioridade dada a educação (e
cultura de um modo geral) tornou-se a forma mais proficiente de
dominação em nosso país, fenômeno que deve persistir ainda
por um período de tempo considerável. A informação e a falta
dela passam a ser elemento de poder o que não tendência
exclusiva no Brasil. Mas existe um elemento adjacente a esse: a
organização dos cidadãos.
42.8.1.
E típico dos regimes totalitários a imposição de um
pensamento único e um ideal artificialmente plasmado na
sociedade. Para que isso ocorra. sem dúvida devem estar
coniventes as elites. a mídia e os formadores de opinião. Essa
foi a alquimia realizada por FHC e aplaudida pelas elites
internacionais.
4.2.8.2.
E próprio da arrogância desses setores afirmar e fazer crer
que fora e além de seus marcos está o caos. Só é possível
consolidar essas idéias a partir da mistificação da realidade
e mistificação dos lideres. Por isso a moeda, e para isso a
reeleição.
4.2.8.3.
Hoje, dos movimentos sociais existentes, Os sindicatos ainda são
o principal meio de tomada de consciência em contraposição à
mídia de massa. Com o desgaste da via política, a usurpação
sobre as minorias e a fragilização da via partida na, (com políticos
chegando a ir à TV para sugerir que a preocupação política
é vil), Os sindicatos continuam a ser um polo estratégico para
a conso1idaão da democracia no pais.
4.2.8.4.
Interessa à elite que Os sindicatos cada vez mais se desviem do
embate ideol6gico. Por isso independente da concepção
sindical, É preciso superar o discurso economista, como se nada
no conflito capital trabalho existisse fora do campo econômico,
e como se não existisse sociedade fora dos marcos do mercado. E
alias, ostensiva a pregação do governo visando vincular tudo
que diga respeito à sociedade, com o termo mercado:
"Privatizar é preciso para que a sociedade (mercado) passe
a ter o controle das empresas".
4.2.8.5.
E de fato impressionante como a elite conseguiu converter
parcela bastante expressiva dos formadores com um ardil tão óbvio.
4.2.8.6.
Não interessa portanto, que os sindicatos organizem os
trabalhadores. E notório o poder de fogo da mídia sindical, e
a desagregação ou descaracterização dessa organização é
condição elementar para implantação de um modelo sócio-econômico
dependente e periférico em relação ao primeiro mundo.
4.2.9.
NEOLIBELISMO E SETOR PÚBLICO
- Com a redução dramática dos postos de
trabalho no setor .industrial e a emersão do setor de serviços,
É natural que o maior setor de serviços do mundo, o setor público
torne-se alvo preferencial dos ataques à organização dos
trabalhadores.
4.2.9.1.
Para impor a tese do Estado mínimo é essencial que se destrua
a atual concepção de estado. Por isso FHC tem se esforçado
para atrair as cabeças do setor privado para os altos escalões
do governo. E preciso destruir a concepção de carreira pública.
Do contrário a sociedade pode, através desses conceitos,
resgatar Os paradigmas que nortearam a estruturação do Estado.
4.2.9.2.
Naturalmente FHC se vale de premissas falsas para justificar a
destruição do Estado eufemisticamente chamada de Reforma. O
argumento da ineficácia É fácil demais para ser desprezado.
Mas é suspeita a conivência de setores da inteligência ao se
deixarem levar pelo discurso da necessidade de equilíbrio das
contas públicas diante da orgia que caracterizou episódios
como dos ruralistas, do proer etc.
4.2.9.3.
O governo não será capaz de transparecer a necessidade de
caixa da União, pois derrubaria duas máscaras: 1) Que o
servidor é o responsável pelo déficit público e 2) Que a
administração federal esta inchada. o que há é mal
equacionamento e distribuição. Mas esse estado favorece a tese
da redução pela ineficácia.
4.2.9.4.
Curiosos ninguém ter notado que fora do círculo de áulicos do
professor-presidente não surgiram prefeitos na linha de frente
da defesa da Reforma Administrativa. Não será a permissão
constitucional da demissão dos estáveis que irá acabar com o
clientelismo, pelo contrário, será um verdadeiro banquete para
o país que o Sr. FHC diz que é moderno. Os atrasados somos nós,
que queremos moralização.
4.2.9.5.
Enfim, a receita do governo e matar o paciente por ter sucumbido
à doença.
4.2.9.6.
Esse tópico, que mais cabe em conjuntura, serviu para reforçar
a importância da luta pela reversão geral dos encaminhamentos
adotados pelos tribunais acerca da implantação da lei
9.421/96. A luta pela carreira esta no mesmo nível de importância
que a luta contra as reformas.
4.3.
Desafios
4.3.1.
Comunicação e Formação
- Já houve suficiente amadurecimento em
nosso meio sobre a importância estratégica destas duas
atividades. Foge da proposta inicial retomar os encaminhamentos
das mesmas. Mas existe pelo menos dois aspectos cristalinos
nessa questão: Dada a sua importância. somente o esforço
coletivo poderá resgatar tais atividades do ostracisimo em que
se encontram. De outro lado não existe coletividade sem
reciprocidade e responsabilidade mútua.
4.3.1.1.
É de se supor que se conseguimos dar forma e substância ao que
é por nós idealizado, mais próximos ficamos dos nossos
objetivos.
4.3.2.
ORGANIZAÇÃO -
É reincidente a discussão da organização de base, mas essa
é uma operação mu1tidimensionada. A gama de problemas
relacionados com a organização sindical vai desde a
dificuldade de coesionar as direções dos sindicatos, como
reflexo da própria categoria, até a inserção nas atividades
e instancias gerais do movimento.
4.4.
Alternativas Organizacionais
4.4.1.
Não resta dúvida que organização sindical é questão chave
para estruturação da luta no judiciário (nos detemos às
alternativas no âmbito do judiciário - é claro que existem
alternativas fora, dentre as quais o sindicato geral mas
consideramos sua apreciação fora do escopo proposto).
4.4.2.
Partimos do pressuposto de que não existe um único fator na
origem do esgotamento das atividades sindicais. Caberia, para um
diagnóstico mais acurado, avaliar o que é causa e o que é
conseqüência nesta questão, 0 que por si só mereceria um
seminário.
4.4.3.
Abstraindo o que sucede e antecede os problemas de organização,
fazemos uma análise franca embora sem a pretensão de abarca a
totalidade das argumentações, das variáveis que então surgem
no horizonte. Mas cabe fazer duas constatações.
4.4.3.1.
Capacidade financeira - Quanto
maior a capacidade financeira maior o fôlego para buscar
alternativas de organização.
4.4.3.2.
Militância -
É, na verdade pré-condição para subsistência dos
sindicatos, bem como fator crucial para a sustentação da luta.
o estimulo à militância deve ser uma das preocupações a
nortear nossa formação sindical.
4.4.4.
UNIFICAÇÃO -
Aparentemente o único grande consenso, ainda assim a unificação
dos sindicatos do judiciário vai atingindo seus limites, antes
mesmo de chegar a plenitude. Nem a perspectiva de um sindicato
unificado motivou a categoria, sobretudo dos estados da região
norte e nordeste, a lançar-se na difícil empreitada. Os
sindicatos que se consolidaram (com militância estável e
motivada), mesmo os que ainda tem a unificação em perspectiva,
dispõem de condições relativamente seguras por tempo
indeterminado, mas não se pode afirmar que daqui para frente o
mesmo Se dará com novas unificações.
4.4.5.
SINDICATO NACIONAL -
O maior argumento em prol do sindicato nacional ainda é o
tamanho da categoria e sua distribuição pelos estados. Um
sindicato nacional com 50 mil na base tem um porte considerável
enquanto urna estrutura que mesmo unificada no estado conta com
menos de mil, tem seria propensão a encontrar obstáculos
intransponíveis. problemas regionais permanecem).
4.4.5.1.
Se formos considerar friamente, em mais de um momento a Fenajufe
atuou quase corno um sindicato nacional e outras dela foi
exigido esse comportamento.
4.4.5.2.
Mas ainda que por um esforço contemplássemos todas as forças
existentes no movimento, Os graves problemas nas regiões não
organizadas exigiriam a mesma atenção.
4.4.6.
SINDICATOS REGIONAIS -
Olhando em perspectiva, são os sucessores naturais à unificação.
Tanto podem atender a necessidades gerais, (de mais de um
estado), quanto a razões estratégicas (incorporação de bases
fragilizadas). Essa segunda proposta pode parece atípica, mas
é rigorosamente o que acontece no caso da Justiça Eleitoral,
cujos sindicatos específicos se sobrevivem é graças a
corajosa persistência dos dirigentes.
4.4.7.
Uma alternativa bastante plausível seria aproveitar a organização
regional dos próprios tribunais, sobretudo Os federais
4.4.8.
SOLUCÕES EM PARCERIAS -
Em quaisquer das propostas aventadas há que Se considerar que a
importância da aproximação entre os diversos sindicatos. Também
a escolha das prioridades é fator crucial para sua
funcionalidade. As vezes um computador bem equipado (fax/modem,
etc.) pode ser mais interessante que manter um jornal, desde que
se faça um boletim a partido editor de texto. O próprio
boletim da FENAJUFE é uma razoável base de textos, além dos
periódicos de outros estados.
4.4.8.1.
Mas planejar e manter as programações é essencial. A
tentativa da FENAJUFE em manter parcerias como a AIC, mostrou-se
impraticável inviabilizando que se atingisse o nível de excelência
idealmente proposto no projeto original. o que foi realizado
parcialmente tornou-se insatisfatório e seu custo (devido ao
pequeno interesse no rateio da manutenção), acabou por
inviabilizar o projeto.
4.4.9.
Ministério Púbico da União
- Vai ficando intolerável, no âmbito da
FENAJUFE, o impasse em relação ao MPU. Mas para que não se
estabeleça um processo inquisitorial que pouco acrescentaria é
preciso tentar reconhecer pelo menos dois aspectos.
4.4.9.1.
Não existe discussão ou solução para esse setor que não
passe por Brasília.
4.4.9.2.
O quadro se agrava na medida em que é pequena a participação
dos companheiros nem nossas atividades e reuniões.
4.4.9.3.
Ainda que se considere as especificidades do setor, não cabe
afirmar que o MPU seja mais discriminado, por exemplo, que as
Justiças Militares e Eleitoral, dado que a participação
desses setores determina o grau de prioridades que são
estabelecidas.
4.4.9.4.
Cabe sim discutir as dificuldades de aproximação dos diversos
sindicatos existentes com o setor onde este não está inserido.
Também não se pode alegar falta de indicativos, uma vez que a
Plenária do Maranhão aprovou um ousado projeto de Seminários
temáticos regionais, que não teve a conseqüência almejada.
Mais do que uma catarse coletiva sobre nossas falhas, é
imperativo que se estabeleçam metas para superar
definitivamente Os problemas agudos em re1ação resgate do caráter
fundamental de uma Federação do Judiciário e MPU.
4.4.9.5.
O maior ensinamento que podemos tirar, na "o somente neste
ponto, da 4ª Plenária é que é preferível uma meta humilde
mas exeqüível, que uma ousada inascessível. Ante a
possibilidade de realizar meramente uma catarse coletiva sobre o
assunto , o é imperativo para esta P1enária é definir como se
encaixa a existência do Sindicato Nacional no contexto da
FENAJUFE e como vamos solucionar as contradições inerentes a
sua existência.
4.4.10.
JUDICIÁRIO ESTADUAL -
A perspectiva mais distante de todas, embora a mais coerente a
longo prazo seria unificarmos com o Judiciário Estadual nos
Estados. Não fosse a pu1verização de sua organização e a
falta de politização da categoria como um todo, essa realidade
seria a mais palpável de todas. O único caso até hoje é
registrado ocorreu no Piauí, mas justamente as deficiências
citadas inviabilizaram a proposta.
4.4.10.1.
Não somente sairia fortalecida a categoria, como pelo ângulo
do interesse público, poderíamos oferecer à sociedade uma visão
mais integral do Judiciário no pais.
4.4.10.2.
Parêntese (associações), política objetiva cm relação a
elas, composição o ou confronto.
4.5.
Conclusão
4.5.1.
Pairam sobre todas estas propostas uma duvida sombra. E possível
superar os impasses vividos pela organização sindical nos
estados sem uma intervenção direta da FENAJUFE? Parece que não.
4.5.2.
Sobretudo quando consideramos que FENAJUFE hoje significa uma
dezena de sindicatos que tem se desdobrado para dar o (incontestável)
caráter nacional da categoria e outros poucos que atuando no
limite de sua capacidade, conseguem acompanha-los.
4.5.3.
Ou socializamos radicalmente Os recursos, humanos, financeiros e
políticos para buscar homogeneizar ao máximo a realidade
organizativa no judiciário, ou estamos fadados a conviver com
uma parcialidade que, acima de tudo pode viabilizar o regresso a
períodos de entropia democrática em vários setores, campo fértil
para a propagação de pragas corporativas e/ou meramente
oportunistas.
4.5.4.
Conquanto seja bastante significativa, o modelo organizacional
dos sindicatos não é nosso maior imperativo. Na fragilidade em
que nos encontramos, somos alvo fácil para um ataque em
escalada do retrocesso democrático que vez ou outra ameaçar
assolar o judiciário. Na hipótese de avanços pontuais das
teses neoliberais, essa dispersão deixara a neutralidade para
conformar-se num campo de batalha entre o sindicalismo combativo
e o casuísmo das administrações corruptas e dos mercenários.
4.5.5.
Na perspectiva da resistência, é primordial saber não apenas
o que nos convém conceitualmente, mas o que nos enfraquece
menos.
4.5.6.
Não se está postulando encampar qualquer das propostas
aventadas, bem como quaisquer outras, nesta Plenária, ao contrário,
o que se propõe e avaliar corajosamente todas as alternativas
possíveis, a fim de que. amadurecendo a discussão nas bases,
cheguemos ao 3º congresso com mais certezas que duvidas e mais
alternativas que desafios.
4.5.7.
A reversão de expectativa e imperativo para superarmos Os
desafios que dificultam a dedicação e aos problemas cruciais
do movimento, quais sejam a derrota do projeto neoliberal e a
democratização do estado.
5.
Por uma Política de
Relações
Internacionais para a Fenajufe
5.1.
Relações Externas e Internacionais
5.1.1.
Em primeiro lugar, é preciso ressaltar que nossas relações
externas compreendem uma gama considerável de interlocutores,
mas entre si guardam um mesmo desafio: superar nossa
precariedade de investimento material e humano nessas re1ações.
5.1.2.
Ainda que discutamos o que estaremos fazendo nesta 5ª Plenária
- nossa re1ação com a Central Única dos Trabalhadores, com os
Sindicatos do Judiciário Estadual etc., estaremos em debito com
uma questão que perpassa a todas elas: Qual a nossa política
de re1ação com tais setores?
5.1.3.
Não podemos nos levar pelo argumento fácil de que temos
desafios suficientes no âmbito interno da Fenajufe (MPU,
unificação, organização sindical; formação, comunicação
etc.). Alguns destes problemas encontrariam eco nos intercâmbios
externos, mesmo porque o contato com modelos diferentes de
organização se das a justamente nesse âmbito.
5.1.4.
Temos sido extremamente conservadores nessa área. Todavia, Não
nos propomos a avaliar toda a problemática envolvida, mas
elencar mais uma das deficiências de nossas discussões: as
relações internacionais.
5.2.
Desnacionalização e Neocolonialismo
5.2.1.
Mais do que partir dos chavões da g1obalização para discutir
as relações entre os trabalhadores, nos propomos a refletir, a
partir das experiências concretas vividas nestes anos de
atividades internacionais no âmbito do Judiciário.
5.2.2.
A investida do pensamento neoliberal não é um fenômeno cíclico
do capitalismo, mas seu novo patamar após o fim do socialismo
soviético.
5.2.3.
Ao que parece, a partir das experiências de Thatcher e Reagan,
o capitalismo considerou que somente com truculência seria
capaz de aplacar 0 avanço das bandeiras socialistas. Como o
capitalismo é um fim em si mesmo, todas as medidas são
consideradas cabíveis para consolidar suas funções.
5.2.4.
Recrudesceram então as tensões sociais em todo o mundo. A miséria
tem crescido em progressões alarmantes, e as bandeiras sociais
tem sido atacadas de forma voraz pelos partidários do
neoliberalismo.
5.2.5.
Inserido nesse contexto está o ataque ao Estado, aos servidores
públicos e ao movimento sindical. Engana-se, todavia, os que
consideram que o livre mercado se limita a livre circulação de
moedas e mercadorias e que o capitalismo adota como principio a
eficiência do setor privado.
5.2.6.
A real pretensão repousa sobre a total, completa e absoluta
desregulação do capital, e a conseqüente ou primordial extinção
da esfera política nas relações entre os povos. 0 próprio
conceito de povo, pais, ou não se contrapõe aos pressupostos
neoliberais.
5.2.7.
A meta natural é converter povos em consumidores e nações em
mercados. Para facilitar o desenvolvimento da produção e também
preciso homogeneizar os consumidores em todos os segmentos
compreendidos no mercado.
5.2.8.
"É preciso que todo o mundo beba coca, babe cola e
cloaca" Décio Pignatari). Curioso que enquanto o
capitalismo apontava o fim do individualismo supostamente atribuído
ao socialismo, é ele agora quem dita as modas pelas quais todos
devem possuir um tênis Nike, vestir jeans e instalar o windows
no seu pc.
5.2.9.
Dai a necessidade de acabar com as tradições regionais e a
cultura dos povos. Não é exagero dizer que passamos por uma
nova etapa de colonialismo, semelhante ao que ocorreu com os
originários povos da América. Nesse aspecto, é importante
observar que, diferente dos ibéricos, que admitiram a miscigenação,
o destino das vitimas da colonização inglesa foi a exclusão e
virtual extinção.
5.2.10.
E' imperativo para o capitalismo, em seu atual estágio, acabar
como a noção de pais que por enquanto, vigora no planeta. O
capitalismo não tem pátria, Não tem língua, Não tem povos.
Custa imaginar que existam vestígios humanos por trás de suas
idéias.
5.2.11.
De outro lado, a eficiência capitalista se resume em auferir o
maior lucro possível a partir do menor investimento necessário.
Isso é apregoado mundialmente pela igreja da graça, codinome:
qualidade total.
5.3.
Economicismo e Monetarismo
5.3.1.
Convém compartilhar dois pensamentos de expositores presentes
ao 5º Encontro de Judiciários do Cone Sul, realizado em maio
na cidade de Buenos Aires: Antonio Cortina e Julio Gambina
assessores jurídico e econômico (respectivamente) da Federação
Judicial Argentina.
5.3.2.
"Quem se refere ao capitalismo como capitalismo selvagem
comete urna injustiça com os selvagens (Antonio Cortina).
5.3.3.
Já o economista Julio Gambina teceu consistente análise do
atual quadro vivido pela Argentina, ressaltando que o capital,
que em geral enaltece a eficiência de seu modelo de gestão em
relação ao setor público, quando questionado pela piora dos
índices sociais nas áreas privatizadas, se apressa em dizer
que a eles só compete o mercado, problemas sociais são da
competência dos governos.
5.3.4.
Não e de hoje que se sabe que a ganância capitalista e
distribuição de riqueza são inconciliáveis, levando os
pensadores neoliberais a propor fórmulas para superação do
discurso social. Por isso é comum que as demandas sociais sejam
tratadas ou nas páginas policiais ou nos informes econômicos.
São abstraídos o caráter social e mesmo humano dos temas que
são originários da desigualdade de tratamento dado a faixas
sociais diferentes.
5.3.5.
A identidade cultural e histórica que lemos em relação a
outros países, principalmente da América Latina, é a motriz básica
para impulsionar a aproximação, sobretudo num momento em as
medidas aplicadas nos diversos países guardam estreita seme1hança.
Considerando que todo o aparelho do Estado está voltado para
dar suporte a integração comercial, cabe aos trabalhadores
buscar vias alternativas para superar os desafios que nos
separam de outro modo um quadro que já nos é francamente
desfavorável contará também com nossa incapacidade de
estabelecer urna resistência estratégica.
5.4.
A organização dos trabalhadores do Judiciário na América
Latina.
5.4.1.
A política de relações internacionais da Fenajufe deu seu
primeiro passo com a visita de dirigentes da Federação
Judicial Argentina (FJA) e da Associação de Funcionários do
Judiciário do Uruguai (AFJU) a São Paulo, em 1992. Logo a
seguir, também esteve no Brasil o secretário geral da União
de Empregados Judiciais da Nação, sindicato nacional do Judiciário
Federal da Argentina. Como resultado desses contatos, foi
organizado em 1993, no Uruguai, o 1º Encontro de Judiciários
do Cone Sul. Com a participação de Brasil (Fenajufe),
Argentina (FJA), Uruguai (AFJU), Paraguai (ANEFPJ) e Chile
(AFPJ).
5.4.2.
A realização do 1º Encontro nos colocou diante da rivalidade
existente entre a FJA e a UEJN Essa rivalidade deve-se a fatores
políticos e organizativos. No campo político, as duas
entidades estão em campos distintos. A FJA rompeu com a CGT,
central argentina que deu suporte às políticas do governo
menemista, e junto com outras entidades sindicais criou a CTA
(Central de Trabalhadores Argentinos), que congrega sociais
cristãos, sindicalistas da esquerda marxista e peronistas
inconformados com os rumos da CGT Já a UEJN optou por aderir ao
MTA Movimento dos Trabalhadores Argentinos), grupo peronista de
oposição interna na CGT. Internacionalmente, a FJA é filiada
CLATE (Confederação Latino-Americana de Trabalhadores do
Estado), que se reivindica independente mas mantém vínculos
com a CMT (Confederação Mundial do Trabalho), central
internacional social-cristã e seu co-secretário-geral é também
secretário-geral da CLASEP (Confederação Latino-Americana de
Servidores Públicos), ligada organicamente à CMT. I
5.4.3.
No campo organizativo, a rivalidade resulta da saída da UEJN da
FJA. A União, que é um sindicato nacional e representa
servidores do Judiciário Federal, partiu para urna política própria,
já que seus interlocutores são Os Tribunais Federais.
Aproveitando-se das divergências políticas instauradas, rompeu
com a FJA, que hoje congrega entidades sindicais de 18 das 23
províncias existentes na Argentina. A partir dai, cada urna
passou a buscar SCU próprio espaço nas relações
internacionais. Enquanto a FJA investiu nos contatos com e os países
do Cone Sul, a UEJN ambicionou desde o inicio a criação de uma
Confederação Latino-Americana de Trabalhadores do Judiciário.
5.4.4.
Foi assim que também no 2º Encontro do Cone Sul, realizado no
ano de 1994 em Buenos Aires e na sede da FJA, novamente a UEJN não
foi convidada. E naquele mesmo ano foi realizado no Chile o 1º
e
Seminário
de Trabalhadores Judiciários da América Latina, promovido com
o apoio da ISP, que tem entre suas filiadas as entidades
nacionais de judiciários do Chile, Paraguai, Costa Rica, Nicarágua
e México, entre outras deste Seminário participaram pela
primeira vez a FJA e a UEJN, C como conclusão foi apontada a
necessidade de se investir na experiência dos encontros
regionais - Cone Sul, Região Andina e Centro-América México e
Caribe.
5.4.5.
Em 1995, o 3º Encontro do Cone Sul foi realizado em Belo
Horizonte, logo depois do 2º Congresso da Fenajufe. Foram
convidadas as entidades sindicais de todos Os países, inclusive
latino-americanos. Participaram a Fenajufe e a Fenajud (Brasil),
a FJA e a UEJN (Argentina), a AFJU (Uruguai) e vieram como
observadores dois representantes da Fenaje, do Equador. Paraguai
e Chile não puderam enviar representantes. Juntamente com a
UEJN, vieram ao Brasil dirigentes das associações provinciais
de Santa Fé e Mendoza, duas entidades do Judiciário não-filiadas
à FJA.
5.4.6.
A convivência comum entre FJA e UEJN nos Encontros do Cone Sul
parecia caminhar para outro rumo. No entanto, a organização de
um Encontro Latino-Americano de Trabalhadores do Judiciário em
março de 1996 na cidade de Quito, Equador, ressuscitou as
divergências mais profundas. Nesse Encontro, que teve a
participação de organizações nacionais de trabalhadores
judiciários de 12 países, se decidiu criar a Confederação
Latino-Americana de Trabalhadores do Judiciário. A decisão
teve o voto contrário da Fenajufe, da FJA (Argentina) e da AFJU
(Uruguai), que entendiam ser necessário um aprofundamento das
relações regionais, dando prosseguimento ao que havia sido
deliberado no Seminário realizado no Chile. Mas acabou
prevalecendo a posição dos representantes de Chile, Paraguai,
Equador, Costa Rica, Honduras, El Salvador, Porto Rico, México,
além da UEJN (Argentina), que se recusaram a debater o assunto.
O representante do Peru, que chegou após a votação, também
se declarou favorável à criação da Confederação.
5.4.7.
Nesse mesmo ano, seria realizado o 4º Encontro do Cone Sul, na
cidade de Ypacaraí, Paraguai.
Os
representantes do Paraguai (Prisintrajupar), do Chile e da UEJN
quiseram transformar o Encontro num fórum da Confederação, no
que tiveram a manifestação contrária da Fenajufe, FJA e AFJU,
obviamente com o entendimento de que, não sendo todas as
entidades filiadas, não faria sentido que os Encontros do Cone
Sul - criados antes mesmo de existir tal entidade - se
convertessem em fóruns da Confederação. Essa tentativa
suscitou a necessidade de criação de um regimento próprio
para os Encontros do Cone Sul.
5.4.8.
Impossibilitado de sediar o 5º Encontro do Cone Sul, o Uruguai
cedeu sua vez aos argentinos, que prepararam o 5º Encontro para
o mês de maio de 1997, novamente em Buenos Aires. Antes do 5º
Encontro, porém, o Chile sediou em março um Encontro Zonal da
Confederação Latino-Americana de Trabalhadores do Judiciário,
para o qual foram convidados a Fenajufe, a FJA e a AFJU. Nenhuma
das três entidades compareceu ao evento, mas tanto a Fenajufe
como a FJA responderam ao convite. A FJA, que subiu o tom na
resposta, mereceu o repúdio dos participantes daquele Encontro:
UEJN (Argentina), AFPJ (Chile) e Prisintrajupar (Paraguai).
5.4.9.
Como era de se esperar, nenhuma das três entidades participaria
do 5º Encontro. A ANEPJ chilena foi convidada mas não
compareceu, enquanto a UEJN e o Prisintrajupar não chegaram a
ser convidados.
Participaram
do 5º Encontro do Cone Sul a Fenajufe (Brasil) e a AFJU
(Uruguai). O Paraguai foi representado pela Associação
Nacional de Empregados e Funcionários do Poder Judiciário
(ANEFPJ), a mesma que havia participado do 1º e 2º Encontros.
Ressalte-se que o Paraguai possui essa associação e dois
sindicatos (Prisintrajupar e Sintrajud), que disputam a
representação da categoria. Segundo informações da ANEFPJ, a
categoria tem resistência aos sindicatos e por essa razão a
associação tem o maior número de associados (1.800), enquanto
os dois sindicatos juntos não chegariam a ter 200 associados.
5.5.
A responsabilidade do Brasil
5.5.1.
Qualquer um que tenha participado de algum evento sindical no âmbito
da América Latina e tenha estado atento às expectativas
externadas por outros países, terá percebido que as posições
adotadas a partir do Brasil são tomadas em alta conta. Sem
falsa modéstia ou ares grandeza, o país tem importante papel a
cumprir na consolidação da resistência latino-americana.
5.5.2.
O mesmo fenômeno se dá na esfera e comercial. Mas é inegável
que o país tem usado esses atributos, não raro, como medida de
força.
5.5.3.
Até pela falta de contato, acabamos por considerar
exageradamente caras as relações internacionais. Mas deixamos
de perceber que setores que representam o atraso e o
corporativismo se valeram do vácuo existente para se laurearem
porta-vozes dos trabalhadores brasileiros. No setor público o
prejuízo é maior ainda, a ponto de as lideranças reconhecidas
internacionalmente nessa área serem constatadamente
representantes do anti-sindicalismo e anticlassismo.
5.5.4.
Naturalmente, a convivência com outras correntes de pensamento
além da pletora de tendências já existente em nosso meio não
se apresenta como tarefa fácil. Mas quem disse que a luta
contra o neoliberalismo é fácil e se à geografia política do
política do Brasil?
5.5.5.
Por vezes, parecemos não estar seguros o suficiente em relação
às novas convicções políticas, como se concepção política
fosse elemento altamente contagioso. A discussão da filiação
da Fenajufe à ISP (Internacional dos Serviços Públicos) vai
se tornando emblemática. Supor que um trabalhador de uma
central européia terá o mesmo nível de embate com o
neoliberalismo que nós temos só pode ser admitido como consequência
da Síndrome de avestruz. Cada um e a seu modo será um elo que
fortalecerá a resistência a um modelo que tudo tem para ser
totalitário ao extremo.
5.5.6.
Não foi esse receio que impediu que chegássemos ao 5º
Encontro de Judiciários do Cone Sul. As diferenças são notáveis,
mas não intransponíveis. Uma vez estabelecidos os limites de
atuação, constata-se que as afinidades são encorajadoras.
5.5.7.
Considerando que o embate com o neoliberalismo acontece em
escala planetária, temos investido muito pouco em estreitar laços.
O neoliberalismo tem ganhado tempo na conquista desse espaço.
Quando
os blocos comerciais estiverem definitivamente conformados, não
será mais possível apresentar pautas sociais. Até lá, é
possível que a economia brasileira não pertença mais ao seu
povo, mas a algum banco transnacional.
5.5.8.
Cabe a nós propiciar vigorosa aliança cultural das oprimidas,
visando resgatar e garantir a independência de suas tradições.
Conhecer e respeitar as diferentes práticas sócio-cultural é
sobretudo questão de democracia.
5.5.9.
Se consideramos que vamos vencer o neoliberalismo derrubando
FHC, estaremos apenas fortalecendo o inimigo. As forças que
apoiaram Collor foram as mesmas, o impeachment só serviu para
torná-las mas fortes, tal como se apresentam agora. Com Collor
a briga foi até o segundo turno, com FHC, acabou no primeiro,
na próxima pode nem haver eleição, mas um plebiscito.
5.5.10.
É desmascarando o caráter totalitário do neoliberalismo e
explorando suas fraquezas em cada um dos países onde se instala
que vamos encontrar o meios para combatê-lo.
5.5.11.
Para viabilizar que exista formulação nesta área é
imprescindível que assim como existem responsáveis pela área
de comunicação e jurídico, também se definam responsáveis
nos sindicatos para as relações sindicais, abrangendo desde a
Fenajufe e o setor público até as relações internacionais,
passando pelas relações no âmbito da Central Única dos
Trabalhadores.
6.
Nossa Ação Sindical
6.1.
Os rumos do PCs
6.1.1.
Os trabalhadores do Judiciário federal e Ministério Público
da União em todo o país, às voltas com a realização da 5ª
Plenária Nacional da FENAJUFE, devem prescrutar o ambiente que
os cerca, mormente após a aprovação e início da implementação
da Lei 9.421/96, além da aprovação, em 1º turno, da Reforma
Administrativa de FHC/Bresser e do mais deslavado entreguismo
que foi a "venda" da Companhia Vale do Rio Doce, sem
falar nos demais e incontáveis temas espinhosos de tão cruenta
conjuntura.
6.1.2.
Para início de conversa, se queremos aprovar em nossa 5ª Plenária
nacional alguma proposta mais abrangente de um verdadeiro Plano
de Ação Sindical, devemos, antes de mais nada, compreender
adequadamente como se deu o processo de mobilização que
culminou com a provação do PCS, no final da legislatura
passada, bem como o comportamento e a inserção dos
trabalhadores judiciários no contexto mais geral de luta dos
servidores públicos contra as reformas antipopulares de FHC.
6.1.3.
Quando da 4ª Plenária Nacional da FENAJUFE, ao realizarmos o
balanço político de nossa atuação na Greve Nacional dos
servidores públicos federais, dada a sua magnitude, ressaltamos
o ineditismo de tal mobilização e as potencialidades que este
fato representava para a categoria judiciária, principalmente
dada a necessidade , àquele momento, da retomada da luta específica
pela aprovação do PCS.
6.1.4.
Na 4ª Plenária Nacional, em junho/96, a diretoria da FENAJUFE
foi plenamente recomposta, passando a incorporar em sua
Executiva militantes de novas forças políticas do movimento
sindical, possibilitando variadas avaliações de conjuntura,
com abordagens nem sempre consensuais. De outro lado estão
contempladas praticamente todas as correntes existentes, o que
representa um salto de qualidade no debate e nas intervenções
da Fenajufe ante o movimento sindical.
6.1.5.
Outrossim, temos que reconhecer que naquela Plenária
vislumbramos uma gama de atividades e deliberações que em
pouco ou nada foram implementadas, como os seminários
regionais, a campanha contra as perseguições e mesmo quanto ao
PCS o quadro que se seguiu no final do ano acabou por
desorientar uma parcela significativa do movimento.
6.1.6.
São Luís apontou, mas a verdade é que ficamos como que numa
catarse coletiva, anestesiados, sem sabermos mais o que fazer
com o "fardo" em que se havia transformado o PCS,
passando a buscar uma saída mais geral e honrosa para nós, tática
essa também adotada pelo atordoado e combalido movimento
nacional dos servidores públicos , que sequer conseguia se
encontrar para debater alguns temas de interesse comum.
6.1.7.
Os meses se passaram e de tanto administrar o caos, eis que é
viabilizada uma possibilidade de votação para o PCS,
principalmente, a nosso juízo, após as manifestações
ocorridas em algumas unidades federativas quando de mais uma
jornada de lutas, desta feita ocorrida nos dias 16 e 17/10/96 ,
por ocasião do lançamento da Campanha Nacional pela
Democratização do Judiciário e Contra as Perseguições Políticas
ao Movimento Sindical e Popular (16/10) e do Dia Nacional de
Luta propriamente dito (17/10), com a audiência havida com o
Eminente Presidente do STF, quando pela enésima vez demos voz e
vez às nossas reivindicações, ali reforçadas spor um
abaixo-assinado que contou com a participação de cerca de 8
mil servidores em todo o país.
6.1.8.
Estávamos devidamente acompanhados de alguns parlamentares mais
chegados, além do companheiro Jorge Izquierdo, da Federação
Judicial Argentina, dado o caráter internacionalista do ato político,
aprovado pelo que foi nos fóruns relativos à nossa organização
no Cone Sul.
6.1.9.
Registre-se a significativa cobertura da mídia àquela
oportunidade com algumas pinceladas favoráveis ao PCS, fato
esse que, alvo melhor juízo, em muito contribuiu para a
retirada do "natimorto" Plano do limbo em que se
encontrava, propiciando a sua posterior aprovação, 60 dias
depois.
6.1.10.
Embalados então pelo que alguns denominaram de uma "onda
favorável", fomos à luta pela aprovação do Plano,
conseguindo o engajamento de inúmeros companheiros e
companheiras de vários sindicatos de base, em maior ou menor nível.
6.1.11.
O papel relevante do conjunto dos trabalhadores do Judiciário,
organizados nacionalmente pelo trabalho desenvolvido pela
FENAJUFE e massificada pelos Sindicatos filiados, no processo
que culminou com a aprovação do PCS, vem comprovar a
necessidade de organização e participação necessárias para
conquistas dos nossos objetivos. Não há dúvidas que foram as
mobilizações que mais contribuíram para obtenção dessa
conquista, mas também não há dúvidas que ainda temos muito o
que fazer.
6.1.12.
Mesmo considerando a importância da aprovação do PCS dentro
da conjuntura que nos foi colocada, onde as dificuldades
impostas pelo Governo Federal e a passividade da cúpula do
Judiciário conseguiram descaracterizar o Plano, não podemos
esquecer que ainda há muito por que lutar.
6.1.13.
Não fossem todas aquelas dificuldades vivenciadas, nos
deparamos ainda com um conjunto de situações outras que só
acirram as já volumosas contradições internas. Falamos aqui
do papel desempenhado pelos reacionários e divisionistas
pelegos das associações de servidores, os quais, métodos
peculiares à parte, encontraram um campo fértil e adubado para
crescerem politicamente. Esses engabeladores se utilizaram de
toda sorte de manobras e apoios da cúpula dos tribunais para
levarem a cabo seu trabalho. No entanto, para que não sejamos
injustos com a realidade dos fatos, é preciso lembrar que não
foram apenas as cúpulas que semearam e adubaram a ação política
da pelegada, mas também a guarida que tiveram de alguns setores
da esquerda parlamentar, mesmo levando em conta as
justificativas do papel amplo do mandato parlamentar. Como também
o comportamento de alguns setores do nosso movimento sindical.
6.1.14.
A ansiedade que nos envolveu em toda a história do Plano de
Cargos e Salários e a euforia com sua aprovação logo
amortecida pelos problemas existentes, alguns já mencionados,
podem explicar, mas não justifica a apatia que nos acometeu
depois que conquistamos o PCS. Há que se considerar ainda que
num momento em que pouco se sabia sobre o impacto da lei
aprovada, a FENAJUFE saiu na frente até mesmo de todos os
Superiores e Supremo. Fomos os primeiros a denunciar as
impropriedades da lei causada pela pressa em acochambrar os
interesses do governo, dos parlamentares dos tribunais e dos
pelegos, nessa ordem.
6.1.15.
Nesse momento faz falta o empenho de sindicatos e categoria para
analisar e apresentar alternativas para implantação. O momento
mais importante e que mais precisa da nossa participação e
mobilização é o momento atual, que se refere à regulamentação
do PCS, pois foi a expectativa de termos um único Plano no âmbito
do Judiciário, que eliminasse as distorções e tratasse os
trabalhadores dos vários ramos do Judiciário de forma isonômica,
que nos envolveu e contribuiu decisivamente para o empenho dessa
conquista.
6.1.16.
Esse sentimento de união precisa ser fortalecido e mais do que
nunca, precisamos nos mobilizar e levar adiante a bandeira da
unificação de direitos e de salários; precisamos garantir
cursos de aperfeiçoamento e treinamento sem distinção de
cargos ou órgãos e o que está colocado é um iminente perigo
de cada tribunal regulamentar o PCS de acordo com suas conveniências
e não com a devida preocupação em corrigir distorções
praticadas ao longo dos anos e que precisam ser eliminadas, de
uma vez por todas, do cenário administrativo do Judiciário.
6.1.17.
Um ponto importante e que não podemos esquecer é a proibição
expressa do nepotismo dentro do Judiciário federal, prevista no
art. 10, da Lei 9.421/96. Essa sempre foi a nossa bandeira e
temos a responsabilidade de fazer valer a nossa luta, agora com
o respaldo legal. Mas, é necessário termos em mente que nada
cairá do céu, tudo depende de muita determinação, mobilização
e luta. O cumprimento desse artigo somente será transformado em
realidade se os sindicatos de base efetivamente cumprirem as
orientações tiradas nas reuniões ampliadas que já trataram
do tema, tais como: levantamento das listas com os nomes dos
parentes e envio à FENAJUFE que formalizará denúncia nacional
junto à Procuradoria Geral da República em Brasília e fará a
denúncia em todo o país, de todos os casos existentes.
6.1.18.
O PCS, como já foi dito, ainda carece de regulamentação em
muitos aspectos e nesse sentido, para que o Plano não fique
apenas com a cara da cúpula dos tribunais, é preciso que a
categoria se mobilize para garantirmos o estabelecimento de critérios
democráticos, transparentes e impessoais no processo de ocupação
das FCs, estabelecendo-se por exemplo, o rodízio e a eleição
para a escolha dos seus ocupantes. É fundamental também a
intensificação de nossa mobilização a nível nacional para
garantirmos a implantação antecipada dos efeitos financeiros
do Plano, aplicando-se três parcelas previstas para 98, 99 e
1.000, já em janeiro de 1998.
6.1.19.
Além dessas propostas de retomada da luta, é preciso ainda que
a Comissão nacional de Acompanhamento da implantação do PCS
seja mantida a nível de FENAJUFE e que nos estados os
sindicatos que ainda não encaminharam as deliberações já
tiradas desde o início do ano, procurem fazê-lo, buscando
instalar as comissões estaduais o mais rápido possível.
Outrossim, dada a carência de um maior aprofundamento das questões
relativas ao PCS, em toda a categoria, talvez seja o caso de
programarmos a realização de um Seminário Nacional sobre esse
tema, a ser realizado no segundo semestre deste ano.
6.1.20.
São muitas as bandeiras, mas não podemos esquecer que o espírito
de união não pode ficar restrito à questões específicas. Os
nossos problemas são problemas de todos(as) e afetam todos os
trabalhadores(as), daí a necessidade de unificar a luta específica
com a luta mais geral, de toda a classe trabalhadora, na qual
estamos inseridos(as). É nessa dialética, unindo questões
específicas e gerais, sempre numa perspectiva de superar o
individualismo, que a FENAJUFE tem procurado encampar nossas
lutas. Podemos pautar vários momentos históricos importantes
em que o coletivo superou o individual e o nosso Plano de Ação
priorizou a participação em atividades gerais.
6.2.
PCS do MPU
6.2.1.
Após sete anos, os servidores do Judiciário conseguiram a
aprovação de uma proposta de Planos de Cargos e Salários que
não é exatamente a proposta que a categoria sempre defendeu e
lutou.
6.2.2.
Já em relação aos servidores do MPU,a inserção destes
dentro da Federação e dos sindicatos do Judiciário tem se
dado sem uma discussão mais aprofundada com as suas bases em
todo o país, saldo algumas exceções como o Distrito Federal
cujo sindicato já nasceu unificado e o Maranhão, Minas Gerais
e Mato Grosso do Sul, que também têm servidores do MPU
filiados, e cujas entidades já desenvolvem um trabalho mais
profícuo de integração entre toda a categoria.
6.2.3.
A essas dificuldades iniciais, somam-se uma série de obstáculos
surgidos ao longo do tempo, e particularmente a criação de um
sindicato nacional dos servidores do MPU, criado exatamente no vácuo
deixado pelos sindicatos do Judiciário que não conseguiram dar
as respostas necessárias para esse setor.
6.2.4.
Dadas tais circunstâncias, assim que o PCS do Judiciário
Federal foi aprovado, a cúpula do MPU buscou vencer a polêmica
criada sobre quem representava de fato e de direito os seus
servidores, optando claramente pelo sindicato nacional e pelas
associações de servidores, que passaram a ser os
interlocutores privilegiados na discussão sobre a proposta de
PCS do MPU, ora em discussão no âmbito daquele órgão
ministerial.
6.2.5.
Este procedimento da cúpula do MPU demonstra que nós fazemos a
FENAJUFE e todo o seu movimento, fomos simplesmente atropelados
e colocados à margem de todo o processo de vital importância
para os servidores daquele órgão, como também para as
entidades de base e para a própria Federação, que é
exatamente a discussão e implantação de um Plano de Cargos e
Salários.
6.2.6.
Tão preocupante quanto a ação política é a total subversão
da discussão da carreira no MPU. A reformulação do antigo
Plano de carreira, com a inocente adesão do Sinasempu,
transformou uma proposta que minimamente séria, num arremedo
que dou a desastrada lei 9.421/96. O MPU sequer esperou uma
proposta do executivo, já oferecendo de pronto o parcelamento
do impacto em 4 anos, caindo de joelhos ente a sanha
economicista do Executivo. A Carreira no MPU está em pior situação
que no judiciário. A categoria nem sabe que está trocando
pedrarias por miçangas.
6.2.7.
Cabe a FENAJUFE definir em sua 5ª Plenária toda uma estratégia
política com vistas a superar as consequências advindas do
sindicato nacional do MPU, demonstrando, em contrapartida, para
todos os servidores do MPU as nossas posições políticas de
combatividade, de defesa da mais ampla organização dos
servidores que compõem o Judiciário federal e o MPU e da luta
pela implementação de um Plano de Cargos e Salários também
para tais companheiros.
6.2.8.
A batalha política ainda não está de todo perdida. Ainda
temos bastante espaço para superar as dificuldades quanto a
questão do PCS do MPU e nesse sentido, a reunião nacional
convocada pela FENAJUFE com representantes de servidores do MPU
dos sindicatos unificados e também dos sindicatos que ainda não
tem servidores do MPU em suas bases, é um passo importante para
a definição dessa estratégia mais geral de combate ao
divisionismo e ao sectarismo dentro da categoria daquilo que
poderíamos chamar de "ramo do Judiciário".
6.3.
A nossa luta contra as reformas liberais
6.3.1.
A crise sindical que atravessamos é sem precedentes, pois a
implementação do projeto neoliberal tem como premissa a
liquidação das formas de organização popular dos
trabalhadores, onde o Movimento Sindical é o maior alvo, haja
visto o papel que tem cumprido no embate com as elites, que a
todo custo vem implementando o seu projeto de consolidação do
capitalismo. A ofensiva sobre o Movimento sindical se dá em
dois campos: o do confronto e o da cooptação; que passa pela
repressão às lutas e a todas as formas de organização, como
também pela disputa ideológica (rolo compressor), com adequação
do Movimento aos marcos delimitados do capitalismo.
6.3.2.
Diante dessa realidade a Ação do Movimento deve ser como
premissa o combate ao projeto neoliberal combinado com questões
específicas como: Regulamentação do PCS, debate sobre o
controle do PJ, fortalecimento da nossa organização, problema
da Reforma Agrária, etc.
6.3.3.
Retomar a ação sindical com perspectiva de classe no combate
ao projeto neoliberal é tarefa de todo o movimento, em torno da
nossa central e de outros atores comprometidos com essa
proposta. Não podemos ter ilusão: ou resistiremos ao projeto
neoliberal, encontrando uma saída que aponte para um novo ciclo
de desenvolvimento do nosso país; ou os sindicatos de caráter
independente e combativo não terão qualquer papel nessa
"nova ordem".
6.3.4.
É a partir dessa visão da realidade que devemos pautar nossas
Ações, combinado a luta geral com a imediata, ou seja, a nossa
caminhada (trabalhadores do Judiciário) é a mesma de todos os
trabalhadores do Brasil e do mundo. Nesse sentido é que a
FENAJUFE tem procurado sintonizar a luta do Judiciário às
reivindicações do conjunto de trabalhadores , não somente a nível
da CNESF, como também participando de manifestações gerais,
como podemos registrar a nossa participação na recente
"Marcha dos sem Terra", que veio confirmar a
necessidade de unificação da luta de trabalhadores urbanos e
rurais.
6.3.5.
Devemos sobretudo apostar na realização e sucesso da Greve
Geral dos Trabalhadores chamada para 25 de julho próximo, como
uma forma de registrar a nossa indignação ao projeto de
desmantelamento do Estado proposto e executado pelo governo
federal e implementado de maneira categoricamente ditatorial que
causa inveja a qualquer adepto do período de exceção no
Brasil. Essa greve pode ser o marco da resistência social ao
projeto neoliberal, a exemplo do que foi o dia 17 de abril com a
Marcha pelo Emprego, reforma Agrária e Justiça e deverá Ter
como meta a unificação dos trabalhadores e desempregados da
cidade e do campo, excluídos e empenhados em manifestar o nosso
repúdio ao governo e sua equipe de sustentação.
6.3.6.
O nosso papel dentro do Judiciário é de extrema importância,
não podemos esquecer a estrutura conservadora que sustenta esse
Poder e que em vários momentos constatamos contradições e
apoio explícito à política do Governo Federal, como foi o
caso da data-base e tem sido, ao longo dos anos, claramente
conivente com a política agrária defendida pelos grandes
latifundiários. Essa conivência ou cumplicidade começa a ser
percebida por setores excluídos que cobram agilidade e independência
nas decisões tomadas pelo Judiciário.
6.3.7.
O MST vive de perto os problemas gerados por posições
conservadoras do Poder Judiciário, quando este não julga ou não
condena os responsáveis pelos frequentes massacres em conflitos
pela Terra ou ainda quando decide pela desocupação sem nenhuma
percepção ou sensibilidade dos problemas gerados pelos grandes
latifúndios. A organização desse movimento passa a exigir uma
política diferente e na marcha do dia 17 de abril p.p., não
deixou de registrar sua indignação com o posicionamento do
Judiciário, cobrando uma posição diferente e em alguns
Estados a marcha culminou com a ocupação do prédio da Justiça
federal, como foi o caso do Piauí, denunciando a cumplicidade
do Judiciário com o latifúndio e criticando as liminares de
despejo e desocupação.
6.3.8.
A responsabilidade do conjunto de Trabalhadores do Judiciário
também passa pelo debate sobre a Reforma do Estado,
principalmente a Reforma Administrativa, da Previdência e do
Judiciário. Nesse ponto temos que acumular discussão, provocar
debates procurando envolver a sociedade e buscar apoio para
inviabilizá-las, ou mesmo definir a nossa posição dentro
desse contexto.
6.3.9.
Devemos lembrar que os fóruns deliberativos da nossa categoria
já acumularam experiências e propostas sobre as bandeiras aqui
definidas, portanto, antes de tudo, devemos resgatar as nossas
resoluções em Plenárias e Congressos, observar o que foi possível
implementar e sobretudo o que não conseguimos colocar em prática.
É esse o momento de avaliação, destacamos abaixo algumas das
resoluções da 3ª / 4ª Plenária e 2º Congresso da FENAJUFE
como uma forma de contribuir para o debate, afim de discutirmos
a melhor maneira de retomar essas propostas e trabalhar no
intuito de concretizá-las. Não são propostas terminativas,
mas podem funcionar como um impulso para nossa Ação Sindical,
no momento em que busca retomar a discussão e viabilizar a
implementação dessas propostas, sem prejuízo de aglutinar
outras que venham engrandecer o debate.
6.4.
Plano de lutas gerais
Propostas
:
-
Discutir
a Contratação Coletiva no Setor Público;
-
Definir
um Calendário de Luta com Atividades Mobilização da
Categoria;
-
Intensificar
a Mobilização nos Locais de Trabalho (OLT, Formação
Sindical, etc.);
-
Campanha
Nacional para esclarecer e discutir o Papel do Ministério Público
e do Poder Judiciário;
-
Intensificar
as Denúncias contra a Perseguição Política;
-
Discutir
a importância da Greve no Serviço Público (Comandos de
Greve, Sustentação Financeira da Greve, etc.);
-
Construção
de Sindicatos Unificados e Ampliação com MPU);
-
Filiação
dos Sindicatos à CUT;
-
Seminário
Estadual e Nacional Sobre Sindicato Orgânico;
-
Discutir
e envolver a sociedade na Reforma do Judiciário;
23.
Esta necessidade e mais urgente ainda, não só devido a concepção
sindical cutista. Os desafios colocados pela reestruturação
produtiva exigem, cada vez mais, melhor organização sindical
dentro da fabrica. Desta maneira, teremos melhores condições
para qualificar nossos representantes sindicais e. assim. não
se defender Os salários dos trabalhadores, mas também,
participar da defesa de outros direitos profissionais ameaçados
por essa reestruturação. Estas ações se terão êxito com
lideranças qualificadas e representativas do conjunto dos
trabalhadores.
24.
Quanto a contribuição financeira dos associados aos
sindicatos, a CUT, desde a sua fundação. defende que ela deve
ser espontânea. Por isso, vem promovendo campanhas pelo fim do
chamado "imposto sindical" e defendendo a
auto-sustentação financeira dos sindicatos.
25.
A liberdade e autonomia sindical, com Os trabalhadores podendo
optar livremente pelo sindicato do seu interesse, passa
necessariamente pelo fim dessa imposição compuls6ria. o
trabalhador deve ter o direito de decidir a quem contribuir, a
melhor forma e os valores.
26.
Parte considerável dos sindicatos filiados á CUT do setor
publico , já não possuem imposto sindical e sobrevivem com a
contribuição espontânea dos seus associados. Outros, da
iniciativa privada. estado devolvendo aos trabalhadores o
imposto recolhido. Alguns sindicatos estão promovendo ações
judiciais pelo fim do imposto sindical como uma forma de luta
para apressar a sua extinção.
27.
0 balanço organizativo demonstra que ainda estamos, apesar dos
avanços, distantes de uma organização sindical
representativa, em todas as regiões do pais, capaz de enfrentar
de forma eficiente as mudanças que estão ocorrendo.
Consideramos que o 6º Concut deve aprovar resoluções
organizativas, da estrutura horizontal a' organização por
local de trabalho, rumo a' construção de um novo modelo de
sindicato que fortaleça, ainda mais, a CUT.
ESTRUTURA
SINDICAL E RELAÇÕES DE
TRABALHO
Sindicato
orgânico: uma necessidade
1.
O 5º Concut, realizado em 1994, aprovou "a abertura de um
processo de discussão sobre a transformação ou não dos
sindicatos filiados em sindicatos orgânicos a Central". A
7ª e 8ª Plenárias, cumprindo decisão do Concut, discutiram
esta questão e, por ampla maioria, decidiram avançar no
processo de implantação do sindicato orgânico.
2.
Desde a sétima Plenária, quando foi aprovado "o desafio
de transformar Os sindicatos filiados em sindicatos orgânicos
da Central Única dos Trabalhadores' 0 debate sobre a ruptura
com a estrutura sindical atrelada, com a estrutura CLT, voltou a
ocupar 0 centro das preocupações dos cutistas.
3.
Na oitava Plenária reafirmamos a 1igação indissolúvel entre
a construção do Sindicato Orgânico e a luta pela Liberdade e
Autonomia sindical: "Não será possível a construção de
sindicatos livres, independentes e aut8nomos. de uma estrutura
orgânica da CUT, do local de trabalho à estrutura nacional da
Central sem conquistarmos a plena liberdade e autonomia
sindical".
4.
A história da CUT se confunde com a luta pela Liberdade e
Autonomia Sindical. A própria fundação da Central se deu no
marco da ruptura com Os setores do movimento sindical que na época
Se recusaram a romper com a estrutura sindical CLT, criando uma
estrutura horizontal, de classe, proibida na época pela
legis1a~ao brasileira. Aquele momento, já indicava a
impossibilidade de criação de uma estrutura sindical unitária
fora dos marcos da Liberdade e Autonomia.
5.
Essa tendência se confirmou com a criação nos anos seguintes
das duas CGT's, da Força Sindical e outras Centrais. Essa situação"
o foi muito bem caracterizada na oitava Plenária: "No
Brasil não existe a unidade dos trabalhadores em uma única
estrutura e projeto sindical, corno Se tentou construir nos
debates iniciais do Conclat, mas que foram inviabilizados pela ação
de setores atrasados e de sindicalistas, que hoje estão
participando da CUT. Os trabalhadores já se organizam em várias
Centrais sindicais, e em diferentes Confederações e Federações
de trabalhadores, corno a FITTEL/FENATEL, FITERT/FENART,
CNB/CONTEC, CNM/CNTM, e a pulverização sindical, garantida
pela unicidade e 0 imposto, levou a existência de mais de 20
mil sindicatos, na sua maioria pequenos sindicatos inviáveis
política e estruturalmente."
6.
Em um contexto de ofensiva neoliberal contra direitos e
conquistas dos trabalhadores, aumento do desemprego e da
precarização do trabalho, Os vícios da velha estrutura
sindical atrelada são um obstáculo adicional para construção
das mínimas condições de resistência e disputa com o capital
e o governo e de luta pela hegemonia da sociedade. Na oitava
Plenária, já prevíamos as condições da disputa dos projetos
sindicais com a quebra da unicidade sindical e a importância da
construção da estrutura orgânica cutista: "a disputa não
será apenas entre os diversos projetos de sindicalismo
existentes, mas também com patronato, que nunca escondeu. na
sua maioria. a aversão com o sindicalismo. Alguns setores, mais
do que um projeto de sindicato por empresas, tem um projeto de
sindicatos amarelos e patronais. Apenas a filiação dos
sindicatos não garantira sua autonomia e independência,
somente o fortalecimento do projeto de classe representado na
CUT poderá representar uma defesa frente assedio patronal e dos
outros projetos sindicais."
7.
Na oitava Plenária já identificavamos o esgotamento da tática
definida quando da fundação da CUT em 1983: É preciso criar
fortes elementos de tensão na estrutura CLT. para que possamos
almejar mudanças. Não vacilamos em criar a estrutura vertical
nacional da CUT. Hoje não basta mais nossa tática de ganhar Os
sindicatos-CLT, filia-los e democratiza-los, corno era a estratégia
adotada nos primórdios da CUT.
8.
O modelo de "filiação de sindicatos" permite o
descompromisso com os princípios as campanhas promovidas pela
CUT C com a sua pratica e concepção sindical. Verifica-se que,
ap6s a "filiação", muitos sindicatos apenas carregam
o logotipo da CUT em seus boletins e jornais. adotam uma pratica
distanciada dos princípios da Central, isolam-se nas suas
campanhas especificas não participando das lutas gerais que
acontecem na sociedade, fundamentais para fazer as grandes mudanças.
Esta pratica não contribui para a construção de relações
solidárias entre Os trabalhadores, urna necessidade para que as
campanhas sejam vitoriosas. Além disso, em muitos casos,
praticam um sindicalismo sem nenhuma relação com o projeto
cutista.
9.
O modelo de sindicato orgânico aprovado pela 8ª Plenária é o
sindicato regido pelos princípios cutistas:
autonomia,
independência, democracia, pela base, de massas, classista e de
luta.
10.
As principais características desse modelo são: a) um
sindicato representativo de um dos ramos de atividade definidos
pela CUT: b) um sindicato de massas, reunindo Os trabalhadores
do ramo em âmbito
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