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Degeneração sindical: é urgente romper as amarras com o governo

Por Elcimara Souza, técnica judiciário do TJDFT

Este artigo é de inteira responsabilidade do autor, não sendo esta necessariamente a opinião da diretoria da Fenajufe 


É inadmissível que um dirigente sindical jogue toda a culpa pela não aprovação do PL 7920/2014 na categoria que representa, tente minimizar a responsabilidade e enrolação do Lewandowski. E, pior ainda, ignore o papel do governo Dilma, que implementa a política de arrocho salarial do Partido dos “Trabalhadores”.

Também é inaceitável, pra não dizer irônico, que determinados dirigentes sindicais tentem fazer auto-promoção, exaltação do papel de apenas uma entidade sindical, numa base nacional, e ainda procure desgastar a imagem da federação à qual estão ligados.

Vale ressaltar, que com tais ações cumpre-se um desserviço à categoria: busca-se dissimular a realidade, pois tenta justificar as ilusões propagadas de que o Lewandowski estaria se empenhando e de que o reajuste dos magistrados não sairia sem que o dos servidores não fosse aprovado, busca-se proteger o governo ao qual estão atrelados e, de quebra, procura-se esconder a falta de credibilidade junto à categoria, o que se dá, principalmente, em razão desse atrelamento e da falta de transparência nas ações e informações.

Ao insistir na estratégia dos ataques internos, seja à própria base ou à Fenajufe, tais dirigentes reafirmam uma velha prática cutista, que é de negar as responsabilidades que tem no processo de fragmentação da categoria e ainda o impulsiona, nos enfraquecendo diante dos nossos verdadeiros inimigos.

É importante frisar que a avaliação sobre a fragmentação que ocorre no Judiciário e no MPU não pode ser simplista, mas é possível constatar, dentre outros fatores, que, com o arrocho salarial e a falta de credibilidade das direções sindicais ligadas ao governo, grupos de servidores tem procurado, equivocadamente, encontrar soluções para o problema. No entanto, é inconcebível que lideranças sindicais se utilizem, deliberadamente, deste cenário para incitar ainda mais a divisão, em vez de cumprir o papel de unir a categoria para lutar por melhorias salariais para todos.

Não é de hoje que alguns dirigentes se utilizam da estratégia de tentar colocar técnicos contra analistas, servidores novos contra antigos, agentes e oficiais contra os servidores internos, ativos contra aposentados e ainda os servidores contra a Fenajufe e contra os sindicatos mais combativos de alguns estados. Fazem isso para evitar maiores mobilizações para não desgastar o governo ao qual estão atrelados.

O grau de degeneração de algumas lideranças é tão elevado que se faz necessário lembrar que a atividade sindical exige postura coerente com os interesses da classe trabalhadora. É inconcebível que dirigentes ou direções inteiras defendam os patrões e, no caso dos servidores públicos federais, tentem omitir que o governo é o real responsável pela falta de reposição salarial, pela precariedade dos serviços públicos e por constantes ataques aos direitos da classe trabalhadora.

Foi o governo do PT que cortou o orçamento do PL 7920/2014 e do PL 7919/2014 que tratam do reajuste dos servidores do judiciário e MPU. O presidente do STF só fez promessas e enrolou a categoria e os culpados pela não aprovação são os servidores?

Tentar dissimular a realidade é um desserviço. Da mesma forma que tentar incitar a fragmentação, exaltar o papel de apenas um sindicato, diante da categoria nacional, e tentar fazer auto-promoção também, pois cria a ilusão de que a categoria não é protagonista das suas lutas.

É preciso romper com práticas sindicais degeneradas, que visam deturpar a realidade para proteger os verdadeiros inimigos da classe trabalhadora. É primordial que façamos análises coerentes e, a partir de atuações transparentes e democráticas, dialoguemos para tentar superar as diferenças e para construir a unidade em todo o Judiciário Federal e Ministério Público da União, pois somente uma categoria fortalecida e combativa poderá enfrentar a política de arrocho salarial do governo federal, conquistar e manter seus direitos.

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