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Analistas e técnicos do Judiciário: “o que nos divide é ignorar a força (...)

Analistas e técnicos do Judiciário: “o que nos divide é ignorar a força que temos juntos”

Por: Dante Cordeiro dos Santos Ricco, Técnico Judiciário do TRT 17ª Região.

O acesso ao cargo de Analista Judiciário é feito através de concurso público que é comparado, pela dificuldade e extensão da matéria, aos mais concorridos certames no Brasil. Exige conhecimento de Direito que habilite esse profissional a elaborar minutas de despachos, sentenças, votos, acórdãos, em todas as fases do processo, e ainda conhecer todos os procedimentos afeitos à magistratura, dando apoio ao exercício pleno da judicância e agilizando a prestação jurisdicional.

É, sem dúvida, um profissional eficiente, mas que deixa a desejar como servidor quando, como elite do Poder Judiciário, exerce sua inteligência, seu conhecimento e sua influência como ferramentas de desagregação da categoria. Isso acontece, por exemplo, quando se colocam contrários à valorização dos técnicos judiciários. Causa estranheza que muitos desses servidores possam presumir que a divisão da categoria, com um abismo entre a remuneração de analistas e técnicos, possa trazer benefícios a alguém.

Todo avanço da classe trabalhadora é fruto histórico de luta e pressão de massa. Seria realmente inédita uma decisão de governo favorável, que tivesse origem na relação verticalizada com o funcionalismo. Mesmo as "benesses" próprias da classe, algumas anacrônicas vistas hoje, foram conquistadas com o diálogo permanente com o Poder Executivo e negociadas a duras penas e concessões.

A divisão entre técnicos e analistas judiciários não tem outro pano de fundo que não seja a intenção de ampliar privilégios de alguns que, pasmem, insistem em se autopromover e reduzir a menos a tarefa de outros. É uma dicotomia lançar mão de retórica para afirmar uma carreira em detrimento de outra e tentar provar que, com isso, valoriza-se o serviço público.

Debater a similaridade, a história comum e as idênticas atribuições dadas, no dia a dia, aos analistas e aos técnicos é despiciendo. O ponto de divergência aqui também não é a remuneração, o acesso ao cargo ou mesmo a lotação do servidor, afinal, o profissional preparado tecnicamente, exerce seu mister sem dar maior atenção ao seu ingresso no serviço público. Basta ver incontáveis técnicos judiciários, em todos os ramos do Poder Público, que há décadas exercem cargos de chefia e assessoramento e comprovam essa afirmação. Aliás, desprestigiar esses profissionais em atividade, ou já aposentados, presumindo maior eficiência de outro, é um contrassenso, nonsense.

A boa prática da competência se mede pelo juízo de valor. O que nos divide é ignorar a força que temos juntos. Revigorar o movimento sindical, aparelhar a categoria, preparar lideranças, munir de informações a sociedade e atuar no Legislativo. Nessa direção, a estratégia de carreira, remuneração, acesso aos cargos e valorização deveria ser pensada. Isso gerará a nobreza de intenções, a atuação conjunta com os valores sociais de justiça, o escol que fará diferença no trato da coisa pública. Nós servidores públicos não temos outra missão senão esta.


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