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A prática é o critério da verdade

Maria Madalena Nunes, Militante Sindical e Diretora da Fenajufe. Luta Fenajufe 

O Sintrajufe Piauí, em Assembleia na Fazendinha – TRT, no último dia 04/03, elegeu as delegadas representantes do Piauí no IX Congresso Nacional da Fenajufe, de 27 de abril a 1º de maio, em Florianópolis – SC. As regras da eleição de delegad@s são estatutárias e contempla avanços na organização da classe trabalhadora, como a proporcionalidade e o direito de disputa democrática entre as chapas. Caso não haja chapas, a votação será nominal, a partir das candidaturas apresentadas, o que pressupõe que não haverá um trabalho conjunto que Caracterize organização por chapas.

Historicamente, realizamos eleições nominais. Assembleias com esse caráter, sempre foram na sede do Sintrajufe. Primeiro, por que é nossa referência coletiva e que unifica a categoria. Depois, como forma de garantir neutralidade, isonomia e imparcialidade entre as candidaturas, evitando favorecimentos pela facilidade de participação sem deslocamento e também, como forma de dificultar possíveis influências da administração, numa compreensão de que o papel educativo do Movimento Sindical é também evitar tratamento desigual entre pessoas em iguais condições.

Participam do Congresso pessoas eleitas em assembleias dos sindicatos de base, na condição de delegadas ou observadoras. Estas exercem o direito de fala e outras formas de participar, mas não têm direito a voto, restrito à condição de delegad@s.

Apesar de não ter sido pautado na assembleia a participação ou não de observador@s, ainda que o Sintrajufe pudesse eleger metade do número de delegad@s, causou estranheza o fato do diretor, Valter Braga, defender minha ida como observadora, posto que essa condição é assegurada a toda diretoria da Fenajufe.  Isso pode ser construído e o Movimento Sindical é um legítimo espaço de construção. Mas deve ser feito às claras e de forma a contribuir para o crescimento e organização da consciência coletiva. Mas não como exclusão ou privilégio, o que não cabe numa organização emancipadora, plural e democrática.

O debate de oportunizar a participação de quem está chegando ao movimento, não pode ser escamoteado. Esse elemento é importante e necessário, pois ver novas pessoas dispostas a assumir o papel de organizar a categoria dentro do nosso sindicato é motivo de felicidade e a garantia de alternância nos espaços sindicais.   A democracia passa pela rotatividade de sujeitos nos espaços de decisão, pois a superação dos nossos problemas depende da compreensão e conhecimento da sua origem e o Movimento Sindical cumpre importante papel e muito contribui para o despertar da participação politica.

Aproveito para parabenizar as delegadas e desejar boas vindas a essa nova etapa de construção da nossa organização e luta. Vocês não vão se arrepender, o Movimento Sindical é um importante aprendizado de vida. Conflitos e divergências só enriquecem o espaço de militância, pois vivemos numa sociedade plural e devemos aprender a conviver e respeitar o diferente pautad@s na ética, transparência e honestidade.

O surgimento de novas lideranças mulheres é mais um motivo para comemorar. Levarão ao Congrejufe um novo perfil de militância, forjado, principalmente, nos espaços virtuais de organização com grande contribuição à última greve e incontestavelmente, aos grandes atos nacionais em 2015 quando reunimos milhares de servidor@s na Esplanada dos Ministérios, no Congresso Nacional e STF nas lutas em defesa do PLC 28 e derrubada do veto 26.

Parabenizar a Gillian, Cidinha, Toinha e Carol, delegadas que nos representam no IX Congrejufe. Quatro mulheres, três das quais participam pela primeira vez de um congresso nacional. Isso é renovação. Sejam bem-vindas, companheiras! Há quanto tempo esperamos por isso?! Parabenizar também ao Francisco Gomes e a mim, pela nossa contribuição no processo de disputa que defendo democrática, legítima e tão necessária no meio sindical.

Dizer que não há nenhuma necessidade de subterfúgios e que eu me coloco à disposição no que eu puder ajudar ou contribuir nessa caminhada que possui muitos desafios, mas nada que não sejamos capazes de superar. Não foi fácil chegar até aqui e não será fácil nessa atual conjuntura. Mas os Sindicatos existem para interferir na realidade e contestar essa sociedade, onde uns exploram e outros são explorados. Onde o trabalho, que possui o condão moderno de dignificar a pessoa - vindo com a luta pelos direitos humanos, é utilizado pelo sistema capitalista e seu modo de produção, como uma forma de perpetuar que uma casta viva à custa de muitas pessoas que trabalham e que são exploradas para manter privilégios de poucos.

Ressalto a importância da nossa organização sindical e o fortalecimento dos Sindicatos a partir da filiação e participação da categoria. Nessa luta de classes, as nossas entidades precisam estar fortes e marchar em unidade, mantendo seu perfil de luta, combatividade, independência e autonomia frente a governos, patrões, administrações e partidos políticos. Precisam também de pessoas comprometidas com a categoria, que leve adiante a nossa história de lutas e conquistas em busca de uma vida melhor que não virá sozinha, mas como resultado da nossa prática e aprendizado quotidianos. A construção está em nossas mãos e como prega o velho e bom Karl Marx: a prática é o critério da verdade.

No meio sindical não há ou não deve haver posição em benefício próprio ou individual. A organização da classe trabalhadora em sindicatos nasce para combater a exploração da classe dominante sobre o trabalho. Qualquer posição é resultado de debate político das várias posições da categoria. Simplesmente por que os Sindicatos d@s Trabalhadr@s constituem-se um ser coletivo, por natureza e por opção. Mas também essencialmente político, solidário e democrático para manter a concepção da classe. É a democracia nos nossos espaços que nos libertará das amarras do autoritarismo, que muitas vezes praticamos, mas precisamos de auto avaliação para evitar reproduzir práticas opressoras.

Nosso congresso nacional acontece num momento muito complexo, com uma clara divisão na classe trabalhadora. Num momento em que a corrupção, própria da estrutura capitalista parece ser um problema só do Brasil, mas é sistêmico. O projeto neoliberal avança sobre os nossos direitos e mostra suas vísceras podres. Está em jogo a nossa história e a história das nossas organizações sindicais. Que não queremos a Fenajufe ligada a governos é um fato. Mas qual perfil defendemos? A concepção sindical que construímos, além de independência e autonomia, uma organização de esquerda classista e socialista, plural, democrática, combativa e de luta também está em xeque. 

Digo isso, por que está presente em nosso país um debate muito perigoso, que em nome da sujeira que assola o Brasil, pretende apagar a história de luta e resistência da classe operária combativa, extinguindo os nossos símbolos. Termos como companheira ou companheiro, camarada, que nos referenciam no mundo, são questionados. Sabe-se mesmo de proposta que pretende mudar a cor da bandeira da Fenajufe, pois a cor vermelha deve ser eliminada do arco-íris. Ignoram que o vermelho não é invenção do PT ou de tantos outros partidos de esquerda que traíram a nossa classe, mas simboliza a história de sangue, suor e lágrimas por que passou e passam trabalhadoras e trabalhadores que lutam contra o status quo da classe dominante.

No mais, estamos aqui para as várias batalhas que ainda teremos, inclusive, a eleição da nova diretoria da Fenajufe no próximo congresso, que deve avançar no sentido de Unir quem quer a Federação de luta e desatrelada de governo. Mas não menos importante, verdadeiramente democrática, independente, classista de esquerda socialista, combativa e incansável na luta em defesa de direitos. 

Grande Abraço a todas e todos. Venceremos!

Teresina, 12 de março de 2016.

 

*Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.*

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