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Servidor de Mato Grosso se diz revoltado com proposta de corte de 25% nos salários da categoria

"Estamos trabalhando muito mais, e a nossa produtividade está altíssima. Porque, na verdade, a gente não está fazendo sete horas por dia que é a nossa jornada. Mas, então, aumenta-se a produtividade e diminui-se a remuneração? Que lógica é essa? Que capitalismo é este que, quanto mais produtivo, menor é a remuneração? Isso eu não entendo, é revoltante e não devemos aceitar, pois enquanto eles estão roubando a gente está trabalhando muito, bastante mesmo". 

O desabafo do servidor da Justiça Federal em Mato Grosso, Hélio Barbosa, expressa bem o sentimento de indignação da Categoria com este momento do cenário político brasileiro, em que a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), aliada do presidente Bolsonaro, vem buscando apoio para sua proposta de cortar em 25% os salários dos servidores públicos que ganham acima de R$ 15 mil. Carla se soma ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que também defendeu um corte nos salários dos servidores públicos federais.

Assim como Maia, que justificou o corte para que o auxílio de R$ 600,00 à população seja prorrogado por mais dois meses, Zambelli, da mesma forma, pretende colocar na conta do serviço público os gastos decorrentes da pandemia de Covid-19 no País. Vale lembrar que os salários dos servidores públicos municipais, estaduais e federais já foram congelados por 18 meses (até dezembro de 2021) em troca do auxílio emergencial a estados, municípios e Distrito Federal.

Para o servidor Hélio Barbosa essa proposta da deputada Zambelli é absurda. "Temos visto tanta roubalheira, incluindo os governos estaduais, deputados e senadores envolvidos. Desvio de verbas em plena pandemia. Os salários dos servidores públicos federais já estão congelados e sem perspectiva de reajuste nos próximos tempos não se sabe até quando. O que é mais revoltante é que já estamos há três meses nessa pandemia e sem perspectiva de um retorno rápido. O que está acontecendo é que a produtividade no TRF1 está altíssima, mas isso tem um custo.  Nossos telefones celulares estão publicados na internet, temos que ficar à disposição das 09h às 18h, e as pessoas que ligam não estão se preocupando se é 7h da manhã ou 08h da noite. A gente está à disposição o dia inteiro e parte da noite".

Segundo Hélio, mesmo que as pessoas respeitassem só este horário das 09h às 18h já estaria errado, porque a  carga horária diária na Justiça Federal é de sete horas. "Lá no Tribunal, por mais que eu trabalhasse bastante presencialmente, e todos os dias eu passava um pouco ou muito das minhas 07 horas, só que ao voltar para casa eu me esquecia do trabalho, ia tratar da minha vida. Aqui no home office estou sem vida própria, estou vivendo a Justiça Federal o tempo todo. Eu estou em casa, saí do Tribunal mas a Justiça Federal não sai de mim de jeito nenhum".

A proposta da deputada atinge todos os ocupantes de cargos eletivos, dos membros do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos servidores dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, independentemente de redução de carga horária, mas não inclui parlamentares nem magistrados.

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