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Servidores do Judiciário Federal tiveram covid-19 mas conseguiram se curar; conheça a dramática experiência deles

 

Estamos num momento crítico da luta contra o coronavírus. Epicentro da covid-19 no mundo, o Brasil está perto de 70 mil mortes, e devido à falta de vagas nos sistemas público e privado de saúde a curva da morte continua subindo, contando agora também com um número considerável de vítimas fora dos hospitais ou dentro de suas casas. Tudo isso é verdade. Mas esta matéria, que visa transmitir esperança e otimismo, abordará sobre os sobreviventes, aqueles que contraíram a doença mas conseguiram se curar e já voltaram à vida normal. Tem casos assim no Judiciário Federal em Mato Grosso, e algumas dessas histórias serão contadas a seguir.

Quem conhece o servidor do TRT23 Jarbas Alves Carvalho talvez não saiba disso ainda, mas dias atrás ele passou por maus bocados. Testou positivo para a covid-19 e teve que se isolar completamente, quando já estava trabalhando em home office. Após duas semanas de tratamento, ele conta que chegou a perder as esperanças de que fosse sobreviver. Estava muito debilitado, e a doença persistia.

Aquele sujeito boa gente,  atencioso e sorridente, surpreendeu os amigos com a notícia de que havia sido contagiado, e depois disso não se soube mais nada dele, se estava bem ou se tinha piorado, se estava precisando de ajuda, enfim. As mensagens enviadas não tinham retorno.  Mas, finalmente, o Jarbas reapareceu, dizendo que havia conseguido superar a covid-19. Foram mais de 20 dias de luta em infinita solidão.

 

Do ceticismo ao enfrentamento da pandemia

 "A partir do instante em que foi reconhecida a pandemia, eu ficava às vezes um tanto cético se isso realmente pudesse acontecer. Talvez pudesse acontecer com outras pessoas, mas não comigo. Assim, eu segui vivendo a minha vida, tomando algumas cautelas mas nada tão rígido, e num belo dia eu amanheci me sentindo indisposto e com um pouco de febre. No dia seguinte a febre e a indisposição continuaram, e no terceiro dia começaram também algumas dores. Aí me deu aquele medo do que estava acontecendo, e fui ao médico".

No primeiro estágio da doença o caso do Jarbas não chamou a atenção do médico do pronto atendimento, que até o dispensou do exame da covid-19. A justificativa foi que não era necessário, e apesar da insistência fez apenas o teste rápido, que deu negativo. "Voltei pra casa, mas, nos dias que se seguiram, o tormento foi o mesmo. Os sintomas pareciam ainda mais presentes, e a indosposição, maior. Então eu fui a outro hospital, onde o médico reconheceu que os sintomas eram evidentes".

Como estava sentindo muitas dores na coluna, Jarbas relata que se submeteu a uma tomografia, cujo resultado apontou infecção por covid. Foi realizado um novo exame para confirmar. E deu positivo. "A partir daí começou o calvário, porque eu já estava em isolamento, e foi um isolamento ainda maior, porque eu também não queria contaminar a minha família. Eu tinha toda uma cautela, um cuidado até maior que eles, para evitar qualquer contato que pudesse resultar numa contaminação. Isolamento junto com as notícias da TV, 'morreram mil pessoas, morreram tantas pessoas!' ... em Mato Grosso a situação seria difícil, porque não tem leitos de UTI, etc... isso me dava uma agonia, uma grande angústia", relembrou.

Os dias se seguiram, e o Jarbas só piorava em vez de melhorar. "Confesso que, na terceira semana, eu quase perdi a esperança de ficar bom", revelou ele, acrescentando no entanto que a partir daí ele passou a tomar chá de casca de quina, uma planta medicinal, com outros produtos naturais, e foi aí que a sorte dele começou a se reaproximar. "Passei a usar também melão são caetano, muito própolis e muito óleo de copaíba com xarope. Tudo isso fora a medicação tradicional. Tomava novalgina, xarope e outros antibióticos que o médico havia passado, e foi então que comecei a melhorar".

Somente depois disso, ele começou a melhorar. "A partir daí os dias foram de alegria, porque eu amanhecia a cada dia melhor. Até que, após mais de 20 dias, finalmente eu pude dizer que estava bem, já podia andar pela casa e trabalhar. Foi uma alegria enorme, e passei a divulgar a todos os amigos e conhecidos que esta doença é muito real e muito presente, causa muito sofrimento tanto para quem é acometido por ela quanto para a família. Hoje eu só saio de casa nos casos extremamente necessários. Esse é o meu testemunho, de uma pessoa que começou meio cética mas hoje sabe que essa doença é muito perigosa e pode destruir a nossa vida e a vida das pessoas que a gente ama", concluiu.

Cura e gratidão

Outra bela história é a da Heloísa Alves Bezerra de Rezende, a Helô, servidora aposentada da Justiça Eleitoral em Rondonópolis, que esteve internada durante 14 dias. Nesta semana, ainda com a voz fraca devido à energia consumida no enfrentamento da doença, ela revelou que, no começo, pensou que fosse apenas um resfriado ou uma gripezinha, porque não apresentava nenhum dos sintomas relatados diariamente. Mas estava errada. "Me enganei totalmente com isso e demorei uma semana para procurar ajuda médica. Até então fiquei em casa, tomando os chás recomendados, que ajudaram bastante,  como o de gengibre com açafrão e manjericão, pimenta do reino e canela. Eu tomava esses chás quase todos os dias, e parecia que estava tudo bem nos outros aspectos, mas a febre não passava".

Segundo Helô, era uma febre persistente e que aparecia sempre à noite, acompanhada de uma tosse. "Quando isso não passou eu fui procurar ajuda médica. O exame testou positivo para a covid-19. Eu estava medicada, porém já me encontrava num estado crítico. Fui encaminhada direto para o hospital público regional de Rondonópolis, e lá fiquei aguardando atendimento. Aí meu esposo e meu filho agilizaram a minha transferência para um hospital da Unimed, também em Rondonópolis".

Ela conta que foi bem atendida nos procedimentos de primeiros socorros, até porque naqueles dias a estrutura de saúde ainda não estava saturada. "Durante os 14 dias em que fiquei internada eu tomei azitromicina, cloroquina, decadron, também tomei um antialérgico e um anticoagulante que não me lembro o nome agora, e tomei, ainda,  dipirona e omeprazol. Após duas semanas, graças a Deus eu recebi alta.  Sou grata pela orações, dos meus colegas de trabalho, de pessoas em geral que me conhecem e também que não me conhecem. Obrigada por se preocuparem comigo. Posso dizer que fui muito bem atendida no hospital. Nota 10 tanto para a equipe de enfermeiros quanto para o médico, Dr. Juliano, que soube tomar as decisões certas nas horas certas, uma pessoa muito atenciosa".

Helô recomendou que o SINDIJUFE-MT não se esquecesse de frisar bem o agradecimento e toda a gratidão dela pela corrente de orações e pensamentos positivos a ela endereçados. "A minha gratidão eterna a todo o corpo do TRE, tanto os aposentados quanto os ativos. Aos que me conhecem e aos que ainda irão me conhecer, a minha eterna gratidão, por tudo.

Cloroquina não

A técnica em enfermagem Adriana Carla da Conceição não é servidora do Judiciário Federal, mas relata que também passou por brutos momentos com a covid-19. "Como me infectei com o vírus, infelizmente não  faço a mínima  ideia, pois estava me cuidando muito, sempre usando máscara e álcool em gel,  e saia de casa somente para comprar alimentos. Mesmo me cuidando, no entanto,  comecei a me sentir mal. Parecia uma gripe  comum, mas foi piorando ao longo  dos dias. Mesmo assim relutei muito para procurar atendimento médico".  

No dia 27 de junho, entretanto, ela estava a ponto de desmaiar e foi obrigada a reconhecer que estava mal. "Sentia fraqueza, tontura, dor de cabeça  e no tórax, além  de falta de paladar, olfato e apetite. Procurei atendimento na emergência  da Unimed, e uma tomografia apontou que eu estava com 47% do pulmão comprometido. Também fiz exame de sangue e orofaringe, e mediante os resultados o médico decidiu que eu deveria  ser hospitalizada para o tratamento. Fiquei  internada no Hospital São Judas Tadeu por sete dias".

Segundo Adriana, a médica Francisca Gaiotto adotou o protocolo de Berlim, tratamento que utiliza azitromicina , solumedrol, heparina, dipirona, ivermectina, anita, tamiflu e vitamina D , dentre outros medicamentos.  Ela destacou que recusou o uso de cloroquina devido às notícias da não eficácia do medicamento  e do risco de complicações como arritmias cardíacas. "Como sou hipertensa, não  quis arriscar", disse ela, acrescentando que  no sexto dia foi feita outra  tomografia  cujo laudo apontava que incidência do vírus havia diminuindo, e o pulmão só estava comprometido em 26%.  

Então ela recebeu alta  e continuou o tratamento em casa. Mas continuou a se sentir mal e precisou retornar ao médico três vezes.  Neste vai e vem ao pronto atendimento, os médicos prescreveram nova medicação, e também foi realizado exame para saber se o organismo de Adriana havia criado anticorpos. "Depois disso ainda fui encaminhada  ao infectologista e ao pneumologista para saber se fiquei com sequela da doença". Para a felicidade de seus familiares e amigos, Adriana já está completamente recuperada.

Em nota, o Governo de Mato Grosso informou, nesta sexta-feira (10) que o estado já tem mais de 11 mil pessoas curadas de covid-19.

Luiz Perlato/SINDIJUFE-MT

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