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Com participação do Sintrajufe/RS, ato marcou os 50 anos do Dia da Consciência Negra e colocou luta pelo Fora Bolsonaro e contra a PEC 32 na rua novamente

Milhares de pessoas tomaram as ruas do centro de Porto Alegre na tarde ensolarada desse sábado, 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, e participaram da Marcha Independente Zumbi Dandara. A atividade, organizada pelo movimento negro teve apoio e participação de centrais, sindicatos, movimentos populares e partidos, protestando contra o racismo estrutural e gritando “Fora Bolsonaro racista”. O Sintrajufe/RS também participou da atividade.

 

Em 2020, a manifestação foi suspensa por conta da pandemia, mas foi retomada neste ano diante do avanço da vacinação contra a Covid-19 e da redução das mortes e do número de contaminados. Os manifestantes usaram máscaras de proteção e se concentraram desde as 15h no Largo Glênio Peres, nas imediações da Prefeitura. Após falas de lideranças ao microfone, a caminhada partiu por volta das 17h rumo ao Largo Zumbi dos Palmares, no bairro Cidade Baixa.

50 anos do Dia da Consciência Negra

O ato marcou o cinquentenário do Dia da Consciência Negra em Porto Alegre. Embora só tenha sido inserida no calendário escolar em 2003 e reconhecida em âmbito federal em 2011, a primeira celebração da consciência negra ocorreu na capital gaúcha em 1971. A ideia era utilizar o dia da morte de Zumbi, 20 de novembro, para lembrar a herança da escravização e do racismo na formação do Brasil, bem como a resistência de negros e negras, o que está intimamente ligado ao Grupo Palmares, liderado, entre outros, pelo intelectual Oliveira Silveira: “Estávamos insatisfeitos com o 13 de maio. Havia um grupo de negros que se reunia na Rua da Praia (no centro de Porto Alegre) e o nosso assunto, invariavelmente, era a questão negra e o fato de o 13 de maio não ter maior significação para nós. Logo, surgiu a ideia de que era preciso encontrar outra data”, disse Silveira em entrevista à Agência Brasil, em 2008, um ano antes de falecer de câncer.

A primeira celebração do 20 de novembro ocorreu no Clube Social Negro “Marcílio Dias”, fundado em 1949 em Porto Alegre. Nos anos seguintes, a iniciativa se expandiu pelo país, principalmente a partir de 1978, quando foi fundado o Movimento Negro Unificado (MNU).

Fora Bolsonaro

Neste ano, as mobilizações foram puxadas pelo movimento negro junto com as entidades que integram a Campanha Nacional Fora Bolsonaro, sob o mote #ForaBolsonaroRacista, denunciando que a população negra é a que mais sofre com a fome, o desemprego e a disparada dos preços dos alimentos e dos combustíveis, e com a pandemia, os ataques às políticas públicas e as privatizações. O sindicato também denunciou os efeitos da PEC 32, da reforma administrativa, que tramita na Câmara e está pronta para ser votada em plenário.

Com faixas, cartazes, tambores, capoeira, manifestações artísticas e carro de som, o ato reuniu uma diversidade de movimentos sociais, sindicais e estudantis, povos de terreiro, quilombolas, lideranças políticas e apoiadores.

Durante o ato, os manifestantes lembraram ainda o assassinato de João Alberto Freitas, o Beto, na véspera do 20 de novembro de 2020 por dois seguranças do supermercado Carrefour, em Porto Alegre. A torcida organizada Os Farrapos, do Zequinha, clube de futebol que Beto era torcedor, levou uma faixa dizendo: “Nego Beto Eterno”. Após um ano da morte de Beto, os acordos firmados pelo supermercado e pela empresa de segurança Vector são questionados pelos advogados, que consideram que os temos desrespeitam a lei e mascaram crime de racismo.

Diretores e diretoras do Sintrajufe/RS avaliam mobilização

Para o diretor do Sintrajufe/RS Mario Marques, “o cinquentenário do Dia da Consciência Negra é um marco na história da negritude no Brasil e da campanha antirracismo. A Marcha do Zumbi em Porto Alegre foi uma grande manifestação, com excelente participação e com representação do Sintrajufe RS. A luta continua! Axé!”.

Conforme a diretora Mara Weber, “o ato foi muito significativo neste 2021. O racismo do governo Bolsonaro teve como consequência não só o fim de políticas públicas antiracistas e a intensificação do genocídio do povo negro, mas também condenou à morte na pandemia de covid19 mais negras e negros que brancos e brancas. Em meio a essa tragédia, é preciso e urgente que o povo branco assuma a luta antirracista ao lado do povo negro e isso passa pelo movimento sindical assumir essa luta no dia-a-dia e não só no Mês da Consciência Negra”.

Fabricio Loguercio, também diretor do Sintrajufe/RS, destaca que milhares de pessoas participaram da manifestação: “O Sintrajufe, como já é tradicional, estava junto. Este dia marca a luta contra o racismo estrutural da nossa sociedade. Enquanto não derrotarmos definitivamente essa discriminação, não teremos um país livre e soberano”, completa.

Para a diretora Cristina Vianna, “o ato do dia 20, que marcou o Dia da Consciência Negra aqui em Porto Alegre, foi muito importante. O grande número de pessoas mostrou que não vamos nos calar mais diante do racismo. Não é à toa que os dados apontam que a população negra foi a mais afetada pela pandemia do coronavírus, por exemplo, devido à desigualdade gerada pelo racismo estrutural da nossa sociedade. Foi uma atividade forte, intensa e que mandou também um recado ao governo Bolsonaro e suas declarações racistas”.

O diretor Paulo Guadagnin aponta que “com o governo Bolsonaro a situação dos direitos e as condições de vida da classe trabalhadora brasileira tem se deteriorado a passos largos. Em especial, dentre os trabalhadores, a população negra é a das mais atingidas devido, principalmente, ao racismo estrutural de nossa sociedade. Por isso, foi muito importante a unificação dessas lutas no dia 20 de novembro”.

Fonte: CUT/RS; editado por Sintrajufe/RS.

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