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Depois do congelamento, Maia insiste em corte de salário

Governo e parte do parlamento continuam colocando na conta dos servidores públicos as despesas decorrentes da pandemia; dessa vez, corte por seis meses 

Não bastasse o governo já ter utilizado o auxílio emergencial a estados e municípios para atacar os servidores públicos com o congelamento salarial por 18 meses, agora, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltou a defender corte nos salários de todo o funcionalismo público federal para que o auxílio de R$ 600,00 à população seja prorrogado por mais dois meses.

“Se todos os poderes topassem cortar um valor, que seja por 6 meses, 10%, ou um percentual maior por menos tempo para garantir os R$ 600, eu tenho certeza que o parlamento vai participar e vai defender. Não tem nenhum problema”, disse Maia em entrevista na terça-feira (9).

Governo e parte do parlamento insistem em colocar na conta dos servidores as despesas com a pandemia. E mesmo antes: em 2019, já com o Plano Mais Brasil tramitando no Congresso e a proposta de Reforma Administrativa que seria enviada no início deste ano. Depois de comparar servidores a parasitas, Paulo Guedes- ex-banqueiro investigado por fraudes em fundos de pensão - disse, na indecorosa reunião ministerial no dia 22 de abril, que o congelamento de salário é "granada [do governo] no bolso do inimigo".

Ao colocar apenas o funcionalismo no centro das discussões, o debate sobre a taxação de grandes fortunas - que neste momento de crise pela pandemia de Covid-19 poderia salvar vidas - é deixado de lado. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a estimativa de arrecadação com imposto sobre grandes fortunas é algo entre R$ 40 e R$ 100 bilhões. Esse imposto recairia, aproximadamente, em 77 mil pessoas.

Assine AQUI o abaixo-assinado "Taxar fortunas para salvar vidas".

A Fenajufe já pôs no ar campanha nacional de valorização do serviço público e articula junto a Assessoria Parlamentar informações detalhadas sobre a possibilidade de corte.

Números do emprego público

Num estudo publicado em três artigos com o tema "A verdade sobre os números do emprego público e o diferencial de remunerações frente ao setor privado no Brasil", Felix Lopez (Doutor em Sociologia pelo IFCS/UFRJ e desde 2009 é Técnico de Planejamento e Pesquisa do IPEA) e José Celso Cardoso Jr (Presidente da Afipea-Sindical), desmistificaram alguns dados sobre o funcionalismo público no Brasil, como por exemplo, o de "inchaço da máquina pública". Segundo os autores, o emprego privado é dominante e cresce muito mais, em termos absolutos, que o emprego público no Brasil.

De acordo com o estudo, entre 1986 e 2017, o total de vínculos de trabalho formais no país - público e privado - aumentou 97%, de 33 milhões para 66 milhões. O ápice ocorreu em 2014, com o registro de 76 milhões de vínculos, ou seja, 128% a mais em relação a 1986. O total de vínculos no setor público, no mesmo período, aumentou de 5 para 11,7 milhões (sem incluir as empresas públicas) e isso representou uma expansão global de 130% em relação à 1986, um crescimento de 2,6% ao ano.

Outro ponto destacado no estudo é que, como proporção da população economicamente ativa, e considerando a série de dados disponíveis de 1992 a 2017, tem-se que o percentual de vínculos públicos passou de 9% a tão somente 11% do total, desautorizando interpretações que insistem em falar em movimento explosivo do emprego público no Brasil.

 

Raphael de Araújo, da Fenajufe

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