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Desigualdade de gênero aos olhos sensíveis de uma criança

Pintura retrata desigualdade e ganha repercussão mundial ao ser escolhida como capa de publicação bienal na Índia. Desenho criado por criança  teve a mãe como inspiração.

Ao retratar a mãe e outras mulheres em um quadro de pintura acrílica, garoto de dez anos chama atenção do mundo para a desigualdade de gênero. O quadro retrata a genitora e várias outras mulheres em atividades variadas e cotidianas, revelando uma rotina diária. As cenas representadas contrapõem com a máxima de que a “mulher que fica em casa não trabalha”

A desigualdade de gênero ainda permeia todos os campos da sociedade brasileira. O Brasil atualmente ocupa a 90ª posição em um ranking do Fórum Econômico Mundial que analisa a igualdade entre homens e mulheres em 144 países. Mulheres brasileiras tem menor remuneração, sofrem mais assédio, são mais sujeitas ao desemprego e ainda estão sub-representadas na política.

A representação artística feita pelo menino indiano chama a atenção para o respeito e valorização da mulher. Nesse momento de pandemia, a mulher tem se desdobrado triplamente para desempenhar suas funções. Sejam advindas do trabalho formal, sejam do trabalho doméstico tão bem descrito na obra de arte.

Fatores como feminicídio, discriminação de gênero e assédio colaboram para que as mulheres não ocupem os espaços e não sejam reconhecidas como pessoas produtivas que contribuem para o desenvolvimento da sociedade. O não reconhecimento e desvalorização do seu trabalho diante da sociedade inferiorizam e nega direito.

É certo que a luta das mulheres por igualdade de direitos e de gênero tem alcançado pequenos grandes avanços nos vários campos da sociedade. Aos poucos a presença da mulher é notada nos espaços públicos e de fala e que tenham trazido visibilidade ao nunca sexo frágil.

A obra representativa poderia ter passado despercebida não fosse escolhida para ilustrar a capa de uma publicação que ocorre a cada dois anos em Kerala; estado da Índia com maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

Índia
A índia é um país onde a mulher não tem garantia nenhuma de direitos e sofrem todo tipo de violência. Lá, a cada 15 minutos uma mulher é estuprada. Esse tipo de violência cresceu mais de 80% desde 2016. O costume milenar do pagamento de dotes da família da noiva no ato do casamento e proibido desde 1961, continua fazendo vítimas. Cerca de sete milhões de fetos do sexo feminino são abortados todos os anos. O aborto seletivo faz com que a Índia tenha 63 milhões de mulheres a menos do que homens. E não é só isso. O país lidera a incidência de estupros coletivos. A polícia e o poder público local tratam com insignificância esse tipo de crime, mais os chamados “crimes de honra” e feminicídios. A informação é da Associação de Mulheres da Índia ( Aidwa).

Outra forma de discriminação no país é a religiosa. Existe punição para mulheres que se apaixonam por homens de religião diferente. Relacionamentos Inter-religiosos são punidos e admitidos como “crimes de honra”. Casamento entre castas diferentes também são proibidos e penalizados. Ou seja, a mulher sequer tem o direito de escolha.

Encerrar um casamento também custa caro. Todos os anos, cerca de 300 mulheres são atacadas com ácido pelos maridos após pedirem divórcio. As que sobrevivem ficam com o rosto desfigurado e passam a ser tratadas como impuras. Hoje, uma a cada cinco mulheres do país chega ao ensino médio. Entre as adultas, uma a cada três está no mercado de trabalho Destas, 70% atuam na informalidade ou em ocupações de baixa remuneração.

Para mudar triste realidade, em 2019, 5 milhões de mulheres deram as mãos e formaram um cordão humano de 620 km no estado de Kerala, unidas pela bandeira da igualdade de gênero.

Mulheres indianas também se mobilizam contra as novas regras de cidadania no país. Por tudo que passam, as mulheres ainda tem fôlego de luta e resistência em qualquer parte do mundo.

O quadro que ganhou visibilidade ao expor a força de trabalho não remunerado de mulheres presentes em todas as partes do mundo pode ter significação além. É um clamor para que haja inclusão de gênero, valorização e respeito com o sexo feminino. Que sirva de alerta para se fazer entender socialmente que a desigualdade de gênero é um obstáculo ao desenvolvimento saudável.

Joana Darc Melo, da Fenajufe
Publicado por Joelson Rogerio dos Santos

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