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Tema “Negritude nas Ruas

Tema “Negritude nas Ruas" encerra o primeiro dia de debates do Encontro Nacional de Pretas e Pretos

Participantes elogiaram pluralidade dos temas e teor dos debates do primeiro dia; evento retoma amanhã,(domingo ( 27) e terá apresentações de propostas

A parte da tarde do primeiro dia de encontro trouxe discussões sobre a luta das pautas da negritude nas ruas. Iniciando o debate, o convidado do Movimento Negro Unificado do Rio de Janeiro (MNU/RJ), Walmir Júnior enfatizou o descaso do Estado com a população negra. Ele argumentou que as políticas públicas não chegam nas periferias e questiona, “o que esperar de uma comunidade abandonada pelo Estado?”

Walmir criticou com rigor a tentativa de aprovação de redução da maioridade penal, e a “lei do tráfico  privilegiada” que trata jovens negros como traficantes e os brancos como “usuários, favorecendo o encarceramento em massa da juventude negra. Para o militante do MNU,  é preciso “suprimir os racistas e reorganizar a luta do povo negro".

Em um  forte debate sobre racismo estrutural Rosana Fernandes, secretária de Combate ao Racismo da CUT Nacional, ressaltou que no mercado de trabalho é possivel visualizar o racismo de forma mais estruturada “porque o mundo do trabalho ainda é um espaço de subordinação onde, segundo ela,”poucos mandam e muitos obedecem e quem obedece é a maioria negra”.  Ela afirmou ainda que “dificilmente você encontra uma “cara preta”, seja de negras e ou de negros nesses espaços de poder”.

Ela considera ser de grande relevância fazer esse debate para a"população não negra"porque eles precisam compreender os privilégios da branquitude.“Eles precisam entender que o racismo é determinante e vai construindo diferenças na nossa sociedade”."O racismo determina quem tem voz e quem são as pessoas que terão oportunidades” completa.

Representando a Central das Trabalhadoras e Trabalhadores do Brasil (CTB),(João Paulo JP)fez um resgate da luta antirracista iniciada ainda nos anos 80 com o Movimento Negro Unificado - MNU - do qual faz parte. Ele relembrou que o debate racial estava fora das esferas sindicais, mas que atualmente de forma velada, existe dificuldade nas organizações para fazer a luta racial,segundo ele, “prejudicada pelas forças políticas das entidades que muitas vezes elegem pessoas despreparadas para abraçar a luta”. Sobre a política de cotas, ele considera necessária, mas não eficiente. Para ele, “se tivesse direitos iguais para todos e todas, nós, negros e negras não precisaríamos de cotas”. “Cota é uma maneira de protestar e inserir e mostra que a gente tem que ter espaço.

Para finalizar JP, criticou pretos e pretas que defendem o atual governo que atira e mata pessoas negras. Ele ressalta que o negro é executado sem piedade e “geralmente é uma carne negra que fica no chão” e reafirma que “é preciso capacitar nossas crianças para que  elas não tenham medo de ir para ruas”  e prepará-los para enfrentar os policiais pretos que são uma versão qualificada de extermínio do "capitão do mato".

A jornalista Wellingta Macêdo integrante do Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe, encerrou os debates do dia. falando da importãncia da negritude ir às ruas. Aliás, ela ressaltou que a negritude "nunca saiu das ruas"e que esse é um debate de raça e  de classe. Sobre o tema , enfatizou que as regiões mais pobres, e discriminadas são as mais afetadas. 

Ao citar o sistema de justiça, ela enfatizou que "a justiça do  Brasil tem classe e  tem cor". "É uma justiça branca, em sua maioria racista, burguesa, que defende apenas os interesses da classe rica". "Ela não defende os interesses dos pobres , pretos, periféricos, marginalizados e favelados."

Finalizando ela disse que "essas diferenças, essas desigualdades raciais com recorte de classe também atravessam essa negritude que precisa voltar às ruas".'O racismo divide a nossa classe e é um impeditivo para nossa unidade."

Wellingta ainda registrou que a causa original do racismo é o capitalismo e citou a frase do grande ativista defensor da causa racial nos Estados Unidos, Malcolm X:

"Enquanto existir capitalismo, haverá racismo" 

(*Malcolm X fundou a Organização para a Unidade Afro-Americana, de inspiração socialista).

O evento continuará amanhã, domingo,com a seguinte programação:

 9h - Mesa 3. "Enegrecendo a Fenajufe: desafios da auto-organização dos pretos e pretas no movimento dos(as) trabalhadores(as) do judiciário - limitações, experiências e tarefas"

Sandra Cristina Dias – Coordenadora Geral

Jaílson da Silva Lage – Coordenador de Formação Política e Sindical

Luiz Cláudio dos Santos Correa – Coordenador de Combate às Opressões

Patrícia Fernanda dos Santos – militante antirracista, representante do coletivo de Negras e Negros da Justiça Federal

11h - Perguntas e Intervenções pelos participantes

11h30 - Respostas dos palestrantes

 

Joana Darc Melo

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