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A Primavera Árabe do Judiciário

Por Fábio Maroja - Analista Judiciário e Coordenador do Sintrajurn

Este artigo é de inteira responsabilidade do autor, não sendo esta necessariamente a opinião da diretoria da Fenajufe 

Durante os últimos dias a sociedade brasileira acordou. Acordou de sua letargia. Percebeu que se não pressionar os gestores públicos, aqueles que administram seu dinheiro, eles gastam mais do que podem, edificando “elefantes brancos” sem serventia em detrimento de obras de mobilidade urbana, infraestrutura logística, hospitais e escolas; deixam entregue às moscas a saúde e a educação do povo; aliam a isso sua imensa capacidade de cobrar impostos, e sua infinita incapacidade administrativa, a falta de transparência, a corrupção. Enfim, transformaram a vida dos brasileiros num inferno caótico, com o toque de elegância do dragão da inflação, que se pensava adormecido.

 

O serventuário do judiciário federal também está insatisfeito com as administrações do Poder Judiciário. A insatisfação é silenciosa, pelo menos aos olhos dos gestores, que não têm sensibilidade para perceber o buchicho de corredores, as conversas no “break” do cafezinho, a mudança de cenário desses novos tempos. Há um clamor por profissionalismo na gestão dos tribunais. Os tempos mudaram, mas a insistência em velhas práticas administrativas é motivo de indignação.

 

Queremos padrão FIFA dos Tribunais.

O serventuário é refém de funções comissionadas, pelo menos aqueles que as detém. Um perverso sistema de funções, que em sua maior parte não remunera responsabilidade maior alguma, mas que tem efeito devastador na vida funcional: imobiliza o servidor quanto à luta sindical, sob o temor de perder a confiança do juiz ou da administração; o obriga a trabalhar onde muitas vezes não tem aptidão; instala animosidade com os colegas, na briga fraticida por um comissionamento; suscita inveja e maus sentimentos; cria castas diferentes de servidores, com ou sem função comissionada.

Os canais institucionais do SINTRAJURN estão congestionados de reclamações, solicitações e outros “ões” cuja solução, sem um grito de protesto de todos, é de difícil resolução. Um rosário de queixas é desfiado todo santo dia, mas não caberia nessas linhas.

É evidente que não se tem a menor vontade de libertar o servidor dessas arapucas.

O servidor do judiciário tem a noção do que precisa mudar. Ele sabe que o interesse paroquial e mesquinho, e a pequena política, sempre levam vantagem. Ele também tem noção que é tratado como uma mera ferramenta de trabalho, descartável e ultrapassado como um computador PC 386.

É assim que ele se sente, e assim será enquanto não fizer sua primavera árabe, sua revolta do busão.

Mas, como Dilbert e seus famosos quadrinhos que ironizam o mundo das empresas, ou melhor, a sua falta de racionalidade, os servidores pelo menos têm bom humor, satirizando a sua própria sorte, o enredo e os personagens centrais desse novelão chamado Poder Judiciário. Mas o bom humor tá acabando, quem sabe a primavera árabe do Judiciário esteja prestes a acontecer.........ou não, como diria um grande intérprete da música brasileira.


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