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Maquiavel versus Maquiavelismo: teoria política moderna, senso comum e moralidade

Por Paulo Rios, coordenador da Fenajufe

 

Este artigo é de inteira responsabilidade do autor, não sendo esta necessariamente a opinião da diretoria da Fenajufe

A construção teórica levada a cabo por Niccolò Machiavelli, genial humanista que cindiu o pensamento político em sua longa caminhada desde os clássicos, demarcou uma nova teoria cujos conteúdos se relacionam com a ética, a história e a política propriamente dita, propondo para os modernos a fixação de uma inovadora moral que não se vincularia aos dogmas, princípios e práticas sociais atreladas ao campo religioso, concluindo que o Estado haveria de ter sua autonomia firmada.

Niccolò embute no seio de sua nova teoria política fundamentos morais singulares que lhes dão uma perspectiva inovadora. Nesse sentido, extraímos de Machiavelli a tensa relação existente entre a política e a moral religiosa vigente, tentando demarcar como a questão ética supera as noções do senso comum e passa a representar um insight seminal na direção de erigir uma nova moral, desta feita com um caráter leigo, destinada à eficiência e perenidade do bem público segundo as noções clássicas.

Mas em que pese os atributos e a genialidade de sua nova teoria, é preciso apontar aqui as distorções e limitações que a teoria do florentino sofreu ao longo do tempo, algo que no sentido da ética, tornou-se um mero adjetivo: maquiavélico, na sinonímia do político perverso, cerebral e, of course, completamente amoral.

Meus caros, alguma tentativa que venha a pensar a “perversidade” de Niccolò provavelmente será inócua e deserta. Ora, se por um lado, Machiavelli assevera a permanência do mal no interior das personificações humanas e cita o egoísmo como aspecto originário dessa nossa condição humana, por outro, propõe uma ação política que garanta ao “príncipe” manipular esse egoísmo das massas de uma forma eficaz para os interesses maiores do Estado. Neste caso, é preciso tomar a ação desde a racionalidade da política, justificando-a na qualidade moral de certo pessimismo de cunho antropológico, separando-a da moralidade hegemônica em seu contexto histórico.
É isso. Apenas isso.

No âmago dessa visão moral religiosa e corrente, o senso comum atribuiria a Niccolò a célebre consigna de que os fins justificam os meios, adaptando-se desta maneira o sentido que possui a real politik com todo o conteúdo que lhe dá significação. Poderíamos exemplificar o caso de uma singela tática eleitoral tornar-se, paradoxalmente, um princípio, uma causa a vencer a qualquer preço. Evidente que se pode tropeçar e sofrer as consequências danosas de uma derrota inesperada.

Lógico, é difícil negar liminarmente o uso da real politik. Como Machiavelli nos fez compreender, a política propriamente dita não está adstrita aos princípios morais inflexíveis das formações sócio-históricas tendo em vista que a sua própria racionalidade operativa acaba se impondo sobre as ações do cotidiano da política. No entanto, isto não quer dizer que é o tudo ou o nada. É preciso erigir princípios éticos que possam definir limites no exercício da ação.

Digo isso pensando e analisando a subida do lulo-petismo e de seus satélites ao poder no Brasil e no Maranhão, essa totalidade oligárquica, corrupta e violenta. O que vimos ao longo dessas três décadas, meus caros amigos, digam-me? De minha parte, vi um processo radical de transformismo desbragado, de um “bando” de pragmáticos, centenas de criaturas aberrantes e reacionárias locupletadas pelas benesses do Estado ampliado que hoje, principalmente, se põem a cumprir o possibilismo do mister da reprodução da lógica selvagem do capitalismo nestas plagas tropicais, triplicando mil vezes os valores das arcas do capital tupiniquim e suas associações alienígenas.

Resultado disso tudo, uma imagem decaída de um partido que não tinha e num teve um projeto de nação, sobrou, por fim, a derrocada de uma gatuna estratégia no choro dos mensaleiros e na pressão das algemas da PF na Papuda desses ridículos bobos da Corte do Capital.

Para concluir, meus caros, devo ainda reiterar que Niccolò Machiavelli foi um grande escritor, estratégico militar e teórico da política. Duas das suas obras foram publicadas em vida, "A Mandrágora", levada ao público em 1524 e "A Arte da Guerra", publicada em 1519-1520. Destaco tmbém a seminal obra "Discursos sobra a primeira década de Tito Lívio", publicados em 1531. outras obras: "A Vita di Castruccio Castracani" (1520), as comédias Clizia, em 1524 e Andria, o conto Belfagor, e, é claro, "O Príncipe", divulgado em 1531.

 

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