Não nos venham falar em crise

Por Luís Amauri Pinheiro de Souza, técnico judiciário do TRT-RJ e diretor do Sisejufe-RJ 

Setores do governo, mais notadamente os ligados ao sistema financeiro, vão alegar a crise para tentar conter o justo reajuste dos servidores do Poder Judiciário Federal. 

A verdadeira crise, entretanto, é vivida pelos servidores.

Por pior que possa ser o desempenho da economia em 2015, isto não justifica impedir o reajuste do judiciário.

Tomando-se por base o ano de 2006, nota-se (gráfico acima) que até 2014, o PIB teve um crescimento de 129%, enquanto a despesa total (inclui encargos) do Estado com os servidores ativos da Justiça Federal teve uma evolução de 63%. Este é um crescimento nominal, ou seja, sem descontar a inflação.

De 2010 a 2014 a despesa da União com os servidores ativos da Justiça Federal foi de (em milhões):

2010

2011

2012

2013

2014

21.903,10

23.357,80

23.049,80

24.099,80

23.206,60

Esta política está sucateando o Judiciário.

Os servidores fazem concurso, ingressam no judiciário e continuam estudando para passar em outros concursos do legislativo e do executivo. São aprovados e deixam o Judiciário.

Ao mesmo tempo, os servidores antigos, desmotivados, buscam complementação salarial fora do Judiciário para manter seu padrão de vida.

Não há como esperar mais.

Os servidores terão de tomar um lado: ou lutam ou deixam o Judiciário ser sucateado.

O governo está sem dinheiro?

Reduz a taxa de juros, taxa as grandes fortunas, prende os sonegadores.

Há muitas soluções, inaceitável é mais uma vez tentar impedir o justo reajuste dos servidores.

 

 

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