Manifestações dos servidores do DF garantem reunião do Sindjus-DF com representantes do STF

Segundo representantes do Supremo, tribunais enviaram orçamento ao MPOG com previsão do PCS, mas ainda não há acordo com o governo. Servidores reforçam necessidade de intensificar mobilizações

No dia em que completaram exatas duas semanas da greve por tempo indeterminado em defesa dos PCSs, servidores do Judiciário Federal e do MPU do Distrito Federal promoveram nesta quarta-feira (15), na porta do Supremo Tribunal Federal (STF) assembleia e ato público, finalizados com uma vigília. As manifestações dos grevistas do DF, incluindo servidores dos órgãos do MP, tribunais, varas, fóruns e cartórios eleitorais, resultaram em uma reunião do Sindjus-DF com o secretário geral da presidência do STF, Anthair Edgard de Azevedo Valente, e com o diretor geral, Amarildo Viana.

Enquanto os manifestantes esperavam do lado de fora, com bandeiras, faixas e velas, os diretores do Sindjus-DF Cledo Vieira – também coordenador da Fenajufe, Jailton Assis e Ana Paula Cusinato conversavam com os representantes do STF sobre o andamento das negociações com o governo e a respeito do envio da proposta orçamentária do Judiciário ao Ministério do Planejamento, cujo prazo se encerrou ontem. O secretário geral e o DG do STF informaram aos dirigentes sindicais que todos os tribunais superiores enviaram os seus orçamentos com valores destinados ao pagamento em 2013 de duas parcelas da revisão salarial, sendo 25% em janeiro e 25% em junho.

De acordo com Jailton Assis, que deu o relato sobre a reunião aos servidores que participavam da vigília, os representantes dos STF disseram que, embora os tribunais tenham cumprido com o compromisso firmado de encaminhar o orçamento no prazo com a previsão para o PCS, até o momento não há qualquer acordo firmado com a presidenta Dilma para votar o PL 6613/09. Eles garantiram aos diretores do Sindjus-DF que o Supremo cobrará que o governo cumpra a Constituição Federal e garanta a autonomia dos Poderes. “Esse ato de hoje já cumpriu um papel importante, na medida em que forçou pra que fôssemos recebidos pelos representantes do STF nas negociações com o Executivo. Fomos cobrar um posicionamento do Supremo a respeito da questão orçamentária. A informação que obtivemos é que ainda não há acordo e que as negociações seguem com dificuldades. Por isso, precisamos fortalecer a nossa greve e reforçar os piquetes. Não podemos chegar no dia 31 de agosto sem que as negociações tenham avançado”, disse Jailton. Segundo o diretor do Sindjus-DF, na reunião eles solicitaram o agendamento de uma audiência do sindicato com o presidente do STF, ministro Ayres Britto, para o mais breve possível. Ficou acertado um indicativo para a próxima terça-feira, 21 de agosto, que ainda será confirmado pelo STF.

Vigília finaliza intenso dia de manifestação

Um dia depois de realizar um grande público no TSE e no TST, que contou com a participação de cerca de 2 mil servidores, o Sindjus-DF promoveu nesta quarta-feira assembleia geral e ato público, que foram finalizados com uma vigília na porta do STF. A manifestação durou cerca de quatro horas e teve a presença de cerca 1,2 mil pessoas, vindas dos vários órgãos do Judiciário e do MPU no DF. Antes da vigília na porta do STF, os servidores fizeram um protesto na pista que dá acesso ao Palácio do Planalto, ocupando a via pública por mais de uma hora durante horário do rush.

Enquanto conduzia a vigília, a coordenadora Sheila Tinoco explicou a importância do fortalecimento da greve, com a intensificação dos piquetes em cada local de trabalho. Ela falou das caravanas solidárias, que têm levado servidores de uma cidade para outra com o intuito de trazer novos colegas para o movimento. “Essa iniciativa, com a colaboração de servidores de vários fóruns, promotorias, varas e cartórios, têm ajudado no convencimento daqueles que ainda não desceram para a greve. Temos conseguido novas adesões a cada dia e esperamos que o movimento se fortaleça ainda mais na próxima semana”, afirmou Sheila.

O servidor do TJDFT Aldinon Vicente Silva disse que a greve do Judiciário Federal e do MPU não é apenas por revisão salarial, mas sobretudo contra a política de sucateamento e congelamento salarial praticada pelo governo. Ele reforçou a importância da participação de mais colegas, para que o movimento atinja o objetivo, que é pressionar o STF e o Palácio do Planalto a fechar um acordo favorável à reivindicação da categoria. “Precisamos trazer todos os colegas para a greve, inclusive aqueles que têm cargo comissionado. Em alguns locais temos conseguido firmar um compromisso entre nós para que se algum colega perder o seu cargo em comissão por participar da greve, os demais ocupantes também farão a entrega coletiva de seus cargos e os demais servidores da unidade recusarão a ocupar os cargos vagos. Isso ajudará a convencer aqueles que não vêm para a greve por receio de retaliação. O movimento é de todos nós. E se ainda não há acordo fechado, a greve precisa aumentar. Quanto mais pessoas paradas, mais representativo será o nosso movimento”, frisou Aldinon.

Seguindo a mesma linha de reforçar as mobilizações, Salim Nader, servidor da Vara Criminal do Fórum de Sobradinho, considerou que a greve no DF ainda tem chances de crescer nos próximos dias e, por isso, chamou os colegas presentes na vigília a aumentar a atuação para trazer mais colegas para o movimento. “As manifestações são fundamentais, mas serão maior se mais pessoas participarem. É preciso maior engajamento dos colegas em cada setor. Precisamos intensificar as caravanas solidárias”, afirmou Salim, que vem participando de todos os piquetes desde o início da greve, em 1º de agosto. O servidor do TJ, que foi bancário do Banco do Brasil durante 28 anos, destacou a sua participação na caravana solidária que percorreu fóruns de Sobradinho, São Sebastião, Gama, Planaltina e Paranoá, cidades do Distrito Federal distantes uma da outra.

Na avaliação de Jean Loiola, coordenador da Fenajufe e do Sindjus-DF, a disposição dos servidores nos atos de ontem demonstra que a categoria está saturada e disposta a construir a maior greve da história, em Brasília, lançando mão dos mais diversos argumentos para convencer os colegas e disposta, inclusive, a trazer prejuízos na construção do calendário eleitoral. “O governo Dilma não pode continuar a debochar do servidor público e constranger a autonomia do Poder Judiciário. É preciso que o STF faça valer suas prerrogativas constitucionais”, ressaltou Jean.

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 Da Fenajufe – Leonor Costa

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