Primeiro dia de greve em Mato Grosso

Estima-se que pelo menos 15% dos servidores do judiciário federal de Mato Grosso já aderiram à Greve, e a construção do movimento prossegue, com nova assembleia, hoje, no TRE.

O Sindijufe-MT e os servidores do judiciário federal de Mato Grosso começaram a greve por tempo indeterminado, ontem (29), com o pé direito. Tanto a cobertura da imprensa quanto a participação dos servidores na primeira Assembleia Geral de Greve foram surpreendentes. Para alguns representantes do sindicato, esta repercussão positiva e a visibilidade da greve são muito importantes para a Categoria, como forma de pressionar o governo a atender às reivindicações.

Os servidores da justiça eleitoral, principalmente, tiveram uma participação expressiva no primeiro dia da manifestação. Servidores da justiça do trabalho também compareceram, e inclusive vieram trabalhadores do interior do Estado. Teve também uma presença maciça de jornalistas. Emissoras de televisão e de rádio deram cobertura ao primeiro dia de greve, e vários representantes da Categoria foram entrevistados durante todo o dia.

Veja aqui a reportagem da TV Globo sobre a greve.

Entusiasmo com as primeiras adesões

Quem trabalhou e continua trabalhando arduamente na construção da greve acha que essa energia positiva acabará contagiando os colegas das três casas do judiciário federal que ainda não aderiram à luta da categoria, e também os demais estados do país que ainda não conseguiram parar.

Esta mesma leitura do primeiro dia de greve foi feita por vários representantes dos Servidores, dentre eles os diretores do Sindijufe-MT, Pedro Aparecido de Souza, Rodrigo de Freitas Silva Araújo, Jamil Benedito da Costa Batista e Sandro Gonçalves Delgado.

Na avaliação de Rodrigo de Freitas, por exemplo, o resultado inicial foi bem além das expectativas. “O número de pessoas na assembleia foi expressivo, e vimos isso com bons olhos. Foi um resultado inicial positivo e surpreendente. A questão da participação na greve é assim mesmo: no início é um pouco mais difícil, mas à medida que o tempo vai indo a gente vai agregando mais pessoas e vai aumentando essa mobilização. A perspectiva é que se aumente até o dia 10, que é o dia da nossa Reunião Ampliada, para definir os futuros rumos da greve”, disse ele.

Quem também fez uma avaliação bastante positiva foi Sandro Delgado, da justiça eleitoral. “Estou otimista com o TRE, pois fazia tempo que eu não via tantos servidores do TRE reunidos aqui para participar de uma assembleia. É necessário reforçar o movimento na justiça federal também”, considerou ele.

Jamil da Costa Batista, diretor do Sindijufe-MT, analisou que o primeiro dia de greve surpreendeu positivamente. “No TRE, principalmente, teve uma participação maior do que eu esperava, e para o primeiro dia está ótimo, com perspectiva de crescimento, com bastante participação e sugestões. Confesso que fiquei entusiasmado”, disse ele.

Quanto ao TRT, Jamil entende que as adesões à greve por lá tendem a crescer à medida que outros estados forem entrando em greve, e quando houver também mais adesões na justiça eleitoral e na justiça federal.

O servidor do TRT, Rodrigo de Carvalho, avaliou que para um primeiro dia a presença foi boa, mas ainda é muito cedo para se fazer uma avaliação sobre como vai ser a greve. “Até porque ainda tem que passar pelas três casas do judiciário federal no estado, e algumas pessoas confirmaram durante a assembleia geral que, sem um alvo definido e cravado sobre o que a gente vai defender, fica muito difícil a gente conseguir mobilização em massa. O pessoal está cobrando muito um alvo, a greve por greve sem um foco definido não vai conseguir mobilizar muita gente”, disse ele.

Já na avaliação de José Mendes, que é da justiça do trabalho de Várzea Grande, a greve tem que ser construída. “Estamos iniciando, e é preciso que outros companheiros, tal como ocorreu nas outras greves, comecem a entender a importância do movimento, que nós estamos num ano ímpar, um ano que tem copa do mundo e que tem eleições, e este é o momento certo de iniciar a greve”.  

Ele considera que começando agora, fazendo pressão e fazendo um trabalho organizado no Brasil inteiro, a cobrança da defasagem salarial e a reposição têm chances de serem levadas para votação no orçamento deste ano com validade para 2015. “A antecipação da parcela de 2015, que não é tanto recurso assim, também é algo que o movimento organizado pode conseguir. A greve, tal como foram as outras, tem que ser construída, e Mato Grosso – que sempre esteve na vanguarda do movimento – deflagrou a greve no momento correto”, concluiu ele.

Retrospectiva

A última conquista em termos salariais ficou bem aquém do que a categoria reivindicava, mas é bom lembrar que o governo Dilma estava disposto a não dar nada de reajuste para os servidores federais, e só mudou de ideia porque foi pressionado pelos trabalhadores em greve. A prova disso é que só teve aumento neste ano quem fez greve, e o Sindijufe-MT tem muita história para relembrar sobre suas lutas neste sentido.

Após 4 anos de luta, com uma greve contínua de 223 dias em Mato Grosso  ou 7 meses e 13 dias,  no dia 28 de dezembro de 2012, a presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei 12.774, concedendo os 15.8% de reajuste para as 32 categorias de servidores federais que fizeram greve. Quem não fez greve não teve aumento.

Fonte: Sindijufe-MT

 

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