Categoria destaca que é preciso extinguir as ameaças da PEC 59 e das carreiras exclusivas nos tribunais superiores
A greve por tempo indeterminado no judiciário federal de Mato Grosso recebeu, na tarde desta segunda-feira (19/05), a adesão em massa dos servidores da justiça federal, e os oficiais de justiça do TRT-23, por sua vez, cruzaram os braços neste mesmo dia, conforme haviam deliberado na semana passada. Com estes reforços, segundo o Sindijufe/MT, a greve começou a se consolidar de forma massiva. A adesão dos servidores da Justiça Federal foi aprovada, simbolicamente, em assembleia, sem nenhum voto contra.
“As adesões nesta segunda-feira foram especialmente importantes, porque a partir de agora a greve passa a ser de massa, e não mais uma greve de resistência como foi até o dia 15, quando ainda estávamos aguardando a adesão de novos estados”, avaliou o diretor do Sindijufe/MT, Pedro Aparecido de Souza, ao final da Assembleia Geral realizada no saguão de entrada da Justiça Federal.
Ele avalia que o fortalecimento da greve em Mato Grosso deverá contribuir para o crescimento da greve em todo o país, servindo de incentivo para quem ainda não se decidiu ou está com dificuldades para construir a greve. “Eles estão vendo que em Mato Grosso, Bahia, São Paulo e Rio Grande do Sul o movimento está em ascensão. Com a massificação da greve na justiça federal, e também com a entrada dos oficiais de justiça do TRT, a greve ganhou um fôlego gigantesco, e daqui para a frente iremos consolidá-la, procurando aumentar as adesões também no interior de Mato Grosso e nos demais Estados”, disse Pedro.
As razões da greve atual
Conviver com salário defasado, ninguém gosta, mas pior ainda é quando aparecem as desagradáveis pegadinhas, como a retirada de direitos dos trabalhadores, e o que vem acontecendo em Brasília foi demais para a paciência dos servidores do judiciário federal de Mato Grosso, até mesmo para quem nunca fez Greve antes. Eles sabem que uma possível aprovação da PEC 59/13 e das carreiras exclusivas nos tribunais superiores representam, em prática, o fim da carreira da categoria, e entraram na greve incentivados pelo Sindijufe/MT, para preservarem o próprio futuro.
Servidora da JF e também diretora do Sindijufe/MT, Andreia dos Santos Silva destacou os motivos que levaram os servidores da justiça federal a uma adesão em massa à Greve, ressaltando que desta vez o que mais pesou não foi a questão salarial. “Entramos de cabeça na Greve, e podem ter certeza que a justiça federal vai fazer a diferença, mas não é a primeira vez que isso acontece, porque já fizemos isso na greve passada. Desta vez, no entanto, estamos de novo em greve, a casa toda, porque nos preocupa muito a nossa carreira, a nossa Categoria. Nossa maior preocupação é a PEC 59, que temos que lutar para extinguir, assim como também temos que impedir a criação de carreiras exclusivas dos tribunais superiores. Este vai ser o nosso maior foco. Dinheiro se vier, bem, mas não é o foco principal desta vez”.
Uma servidora da justiça federal, presente na assembleia conclamou os colegas a fazerem o dever de casa depois de terem votado pela adesão à greve. “Já que votamos a favor da adesão à greve e colocamos nossa cara a tapa, vamos fazer as coisas direito, fazendo o nosso dever, parando de verdade e é o que vamos fazer”, disse ela.
A proposta da servidora é que se vá para as varas, para informar aqueles que não vieram à Assembleia Geral. “Devemos ter uma atitude de greve realmente, com respeito, com educação, porque não estamos querendo brigar com juiz, estamos sim querendo conquistar o apoio deles. Portanto vamos ter uma atitude de verdade, tentando ter uma posição coerente e coesa de todas as varas, e procurando fazer todo mundo do mesmo jeito, porque acho que isso trará ganhos e maturidade à nossa posição. Vamos fazer uma escala para garantir os 30% dos serviços, esta é a minha proposta”, explicou a servidora.
O oficial de justiça da justiça federal, Renato Freitas Garcia, também comentou, positivamente, a adesão à greve. “Vamos cumprir os mandados de audiência, se não tiver como parar todos, e dar o apoio à greve, porque sabemos que, mais do que nunca, é necessário fazer isso neste momento. A causa é mais do que justa: estamos lutando para defender o nosso emprego e a nossa carreira, o nosso futuro”, declarou ele. Existem 18 oficiais de justiça na JF-MT, mas nem todos estão trabalhando, porque alguns estão de licença ou afastados, enquanto outros estão trabalhando com desvio de função, fazendo apenas videoconferências.
Legalidade da greve
Como em todas as Greves anteriores, o Sindijufe/MT tem orientado a Categoria sobre a importância de aderir à Greve sem cair na ilegalidade do movimento. Para isso, continuarão sendo garantidos os 30% dos serviços na justiça do trabalho, justiça eleitoral e justiça federal.
A greve em Mato Grosso começou no dia 29 de abril, sustentada basicamente por servidores da justiça eleitoral, e depois foi se alastrando na justiça trabalhista e na justiça federal, onde os servidores já decidiram se organizar para definir as escalas de quem irá trabalhar para garantir os 30% dos serviços, sob a forma de rodízio.
Servidores do interior do Estado já estão em Greve em Rondonópolis, Campo Verde e Sinop, mas o comando de greve do Sindijufe/MT quer aumentar essas adesões, e por isso os cartórios eleitorais de Várzea Grande serão visitados e as varas do trabalho de Várzea Grande já foram visitados. Os contatos com os servidores do interior do Estado vão prosseguir, para que eles também possam aderir e fortalecer a luta da categoria.
Conforme Andreia dos Santos Silva, há muito interesse de que os colegas do interior do Estado participem. “Por isso vamos entrar em contato. Estamos nos organizando neste sentido e também para tentarmos trabalhar no sistema de rodízio, falando inclusive com os juízes, para um possível apoio deles”.
Fonte: Sindijufe/MT