A paralisação dos servidores da Paraíba na última quarta-feira (15) começou agitada na sede do TRE-PB. Os servidores realizaram piquetes e trancaram os portões do Tribunal protestando contra os seis anos acumulados sem ter nem mesmo a reposição das perdas inflacionárias do período.
Imediatamente, a Administração do Tribunal, em ato intransigente, convocou a Polícia para reprimir a manifestação pacífica e legítima da categoria. As portas foram forçosamente abertas, mas os servidores continuaram na frente do prédio realizando a manifestação de forma ordeira. Enquanto isso, a tropa de choque da Polícia Militar posicionou seus carros praticamente no meio da avenida em frente ao tribunal, obstruindo o trânsito.
Dentro do Tribunal, a administração posicionou uma câmera na entrada do setor de protocolo, para vigiar as atividades da paralisação e intimidar os que participavam do movimento, em total desrespeito ao movimento da categoria.
Assembleia geral
À tarde, um arrastão foi realizado em todos os setores do Tribunal, convocando os servidores a participar da assembleia geral. A passagem nas salas contribuiu para a participação massiva da categoria no hall de entrada do TRE-PB, em assembleia histórica do Sindjuf-PB.
O coordenador-geral do Sindicato, Marcos Lopes, realizou um histórico do PCS, que se encontra no Congresso desde 2009. “São seis anos sem reajuste, pois três anos antes do PCS já estávamos defasados. Isso é um absurdo”, afirmou. Ele comentou sobre o movimento ocorrido na semana de registro de candidaturas, com grande repercussão.
“As perdas inflacionárias passam de 50%. Não dá para viver com a metade do salário!”, exclamou o coordenador. Marcos Lopes comentou que o STF deve repassar publicamente, na próxima semana, as informações das negociações com a presidente Dilma Roussef e que, conforme o Ministro Ayres Britto, publicar informações sobre o assunto antes poderia prejudicar o processo de negociação.
Os servidores presentes à assembleia geral defenderam a independência do Judiciário e protestaram em relação ao corte, por parte do Executivo, dos valores orçamentários de reajuste dos servidores previstos para o orçamento deste ano. A expectativa da categoria é que o fato não se repita este ano.
“Sobrepor a força ao direito”
A essa altura, cinco policiais militares ainda se concentravam, armados, dentro do prédio, acompanhando a assembleia, numa ação classificada pelos servidores como “repressão preventiva”. Os servidores fizeram um voto de repúdio à ação policial dentro do Tribunal e afirmaram que as retaliações à manifestação, de qualquer tipo, não serão permitidas.
“É muito grave o Tribunal sobrepor a força ao direito. Ainda mais uma força armada, desproporcional ao nosso protesto pacífico. É um desatino a polícia reprimir o servidor na dita Casa da Democracia”, afirmou Paulo Lacerda, servidor do TRE-PB.
A Polícia Militar se retirou ao som de uma salva de palmas que se misturava aos gritos dos servidores de “Fora! Fora!”.
Decisão da assembleia
Duas propostas foram votadas na assembleia e, pela primeira vez na história do Sindicato, houve empate numa votação. Após nova defesa das propostas, ficou definido que a categoria irá paralisar suas atividades por 48h, na próxima quarta e quinta-feira (22 e 23/08).
Na tarde da quinta (23), será realizada uma caminhada dos servidores até as Varas do Trabalho, no Shopping Tambiá, onde passarão em todas as salas para convocar para a assembleia que será realizada em seguida na sede do TRE-PB.
Abraço ao Tribunal
Ao final da Assembleia, os servidores realizaram um cordão humano ao redor do Tribunal, abraçando o prédio enquanto cantavam o Hino Nacional Brasileiro. Em seguida, subiram para a sala de sessões onde, à porta do local, bateram palmas e falaram palavras de ordem pelo PCS.
Fonte: Sindjuf-PB