Servidores do RS realizam grande ato público em dia de “Apagão”; em SP, é aprovada retomada da greve por tempo indeterminado

Na tarde de hoje, novamente, os servidores do RS mostraram disposição de luta pela reposição salarial. No dia do Apagão Nacional convocado pela Fenajufe, os servidores fecharam a Avenida Padre Cacique, em Porto Alegre, em mais um grande ato público em frente ao Anexo da Justiça Eleitoral.

No início da atividade, foi informado que o maior TRE do país, na cidade de São Paulo, aderiu totalmente à paralisação. Durante a realização do ato público, chegou a notícia de que os servidores do TRE-SP aprovaram a entrada em greve por tempo indeterminado a partir da próxima terça-feira, 30, decisão que foi ratificada por assembleia geral do Sintrajud/SP. 

Auxílio-moradia é mais um desrespeito aos servidores

O apagão foi marcado pela indignação dos colegas, que usaram narizes de palhaço diante da notícia de que o STF deferiu o auxílio-moradia para os magistrados, no valor correspondente ao salário inicial de um técnico judiciário. É difícil aprovar a reposição dos servidores, mas é fácil aprovar auxílio para quem já recebe os maiores salários do serviço público, denunciou o diretor Ruy Almeida. Diante dessa falta de respeito com os servidores, a obrigação de cada um é esvaziar os setores de trabalho no próximo apagão, dia 8 de outubro, convocou Ruy.

Todo trabalhador, independentemente da categoria, merece salário digno, afirmou a colega da JE de Porto Alegre Ana Margareth Silva. Para reivindicar respeito do Judiciário e do governo, disse ela, os servidores estavam, mais uma vez, na rua, mostrando sua indignação frente à não aprovação da reposição e à aprovação do auxílio-moradia dos magistrados. Cada um é protagonista da luta por reposição, do processo de chamar os colegas a participar das atividades, disse o diretor Paulinho Oliveira, que ressaltou: “Nossa mobilização não se encerrou com a greve; iniciou-se um novo ciclo. Precisamos acreditar em nossa força para arrancar a negociação”. Para o dirigente, “não adianta auxilio-moradia se não houver o servidor trabalhando para fazer todo o serviço no cotidiano do Judiciário”.

A aprovação do auxílio-moradia da magistratura diante da ausência de negociação por nossa reposição é um exemplo do desrespeito com que a cúpula do Judiciário e o governo tratam a categoria, disse o diretor Cristiano Moreira. Ele lembrou, ainda, de recente campanha publicitária do TSE, em que eram enaltecidos os magistrados e os mesários e esquecidos os servidores. “As eleições estão, sim, sob ameaça se as coisas continuarem assim. Nossa categoria precisa ser respeitada; vamos exigir isso na rua”, disse, ressaltando que dinheiro não é problema, pois quase metade do orçamento de 2015 da União é destinado aos banqueiros por meio do pagamento do serviço da dívida pública. “Assim como conseguimos derrotar a PEC 59/13, como conseguimos reajuste em outros anos, vamos também derrotar a intransigência do governo e do STF”, concluiu.

Para o diretor Eduardo Dutra, o auxílio-moradia é, na verdade, um “auxílio-covardia” contra os servidores e contra a população. Apenas o relator, ministro Luiz Fux leva a culpa, disse Eduardo, mas todos os magistrados irão se beneficiar. Ao mesmo tempo, continuou o diretor, o Judiciário não enfrenta o governo para tratar da reposição dos servidores; e na Justiça Federal, nem sequer o reenquadramento foi pago. Na opinião do dirigente, as jornadas de junho, em 2013, mostraram que o povo não aceita mais situações como essa; é hora, portanto, de a categoria manter a mobilização e ir para a rua exigir a reposição salarial.

“A categoria mostrou que, se não for respeitada, as eleições podem não acontecer”, afirmou o diretor Fagner Azeredo, que destacou o espaço que o STF ganhou na imprensa, nos últimos dias, por oferecer privilégio a quem já é privilegiado. No entanto, o mesmo Supremo não cumpre seu dever constitucional e ignora os quase 50% de perdas salariais dos servidores.

Quando apresentou a proposta da gratificação exclusiva para a JE (Grael), o presidente do TSE, Dias Toffoli, “deu um tiro no pé”, disse o colega da JT Rafael Scherer. Isso porque, explicou, o ministro pretendia desmobilizar os servidores em período eleitoral; no entanto, o resultado foi que os colegas passaram a se mobilizar mais em busca da reajuste salarial para todos. “A única forma de não sermos mais desrespeitados é parar a Justiça Eleitoral”, afirmou Rafael.

Com vaias para Dilma e Lewandowski, exigindo respeito, os colegas terminaram o ato público ao som de um grande apitaço e com a promessa de que o próximo ato público será ainda maior. Amanhã, conforme acertado com os colegas do Anexo da JE durante a realização do ato, será realizada uma assembleia de base no prédio, às 14h, a fim de discutir os próximos passos da mobilização na Justiça Eleitoral.

Fonte: Sintrajufe/RS, por Rosane Vargas, com fotos de Daniel Borges e Rosane Vargas

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *