Contra todas as atrocidades defendidas pelo candidato Jair Bolsonaro e para preservar o direito de lutar, reafirmamos: #EleNão. Sem compromisso ou atrelamento à outra candidatura.
O resultado do primeiro turno das eleições confirma um cenário muito difícil para os trabalhadores. Das urnas sai um Congresso ainda mais reacionário, que não representa os interesses da grande maioria da população.
Da disputa presidencial temos uma certeza: os direitos sociais e trabalhistas estão na mira, e nós, servidores públicos, somos o alvo preferencial dos ataques que virão.
Esse cenário exige a tomada de posição sobre o segundo turno.
O sindicato não defende Fernando Haddad ou o PT. Mas não podemos ignorar o autoritarismo que expressa Bolsonaro, nem tratar como equivalentes as duas candidaturas.
Fizemos oposição aos governos do PT. Lutamos contra a reforma da Previdência de Lula e os demais ataques às aposentadorias e pensões. Lutamos por salários, pela carreira e para derrubar o veto de Dilma ao PLC 28/15. Conquistamos com uma greve histórica o último reajuste.
Sempre denunciamos os ataques dos governos petistas. E repudiamos a declaração de Haddad, em recente debate, de que nossa recomposição seria um “privilégio”.
Combatemos a reforma trabalhista (já no atual governo – possível, entre outras razões, porque Temer era o vice de Dilma). Construímos com outros setores a maior greve geral dos últimos 30 anos, que ajudou a barrar até aqui o desmonte da Previdência.
Mas o candidato Bolsonaro, além de defender um programa econômico ultraliberal de desmonte de direitos e serviços públicos, atenta abertamente contra a democracia e os direitos humanos.
Compreendemos que a votação em Bolsonaro e o alto índice de abstenção têm como fortes motivações a descrença e a rejeição a “tudo que está aí”. Crise econômica, desemprego, sucateamento dos serviços públicos, insegurança e violência, escândalos de corrupção, rejeição ao sistema político e aos partidos que dominaram a cena nas últimas décadas. Esses e outros fatores, potencializados pela falsa polarização insuflada pela grande mídia, pavimentaram o caminho para que o candidato que se apresenta como “novo” surgisse como suposta alternativa à crise de representação. Resultado da falta de outras respostas da ordem que dialogassem com as demandas mais sentidas da população.
No entanto, o candidato é expressão e parte da crise do próprio sistema. O discurso anticorrupção não combina com seu viés autoritário e não se sustenta diante de sua própria trajetória. Bolsonaro é parlamentar há vários mandatos, por partidos envolvidos em escândalos e financiados pelas mesmas grandes empresas que ocupam os noticiários.
Bolsonaro defende tortura e torturadores, nega que vivemos 21 anos de uma ditadura – que estuprou, fez sumir e matou centenas de pessoas -, desrespeita mulheres, negros e homossexuais, prega valores autoritários.
Afirmou querer acabar com “todos os ativismos”, o que por certo inclui nossas lutas por salários e direitos. Somos ativistas quando lutamos pelo que acreditamos. O que ele chama de “união” é calar as divergências e impor ataques à força e sem resistência.
Ele também desrespeita a nossa categoria quando afirma desconfiar dos servidores da Justiça Eleitoral. Coloca em suspeição o nosso trabalho.
O candidato votou a favor da reforma trabalhista, quer aprofundá-la e reduzir a Justiça do Trabalho, onde já convivemos com sobrecarga e adoecimento. A Justiça Trabalhista é um instrumento para garantir direitos, e estrangulá-la é atacar os trabalhadores – incluindo nós mesmos em nossas funções.
Bolsonaro também ajudou a aprovar a Emenda Constitucional 95, que congela o orçamento até 2036, e impede reajustes, concursos e ameaça as próprias carreiras públicas.
Aliás, o candidato declarou que os servidores públicos são o “grande problema” da Previdência e resgatou o bordão de Collor, chamando-nos de “marajás”.
Nunca defendemos governos, pois temos compromisso com a defesa intransigente de nossos direitos, e sabemos que ataques virão, independentemente de quem for o eleito. Mas estão em jogo também as liberdades democráticas e as próprias condições para as lutas que virão.
Não podemos abrir mão de nos manifestar, de reivindicar, de ocupar as ruas, de fazer greve. É preciso que possamos denunciar aqueles que nos atacam e a eles fazer oposição, para manter nossas conquistas.
O Brasil viveu anos com sindicatos amordaçados ou sob intervenção. O funcionalismo conquistou só em 1988 o direito de ter sindicatos, previsto na Constituição agora ameaçada de ser reformada por um “conselho de notáveis”, controlado pelo governo, caso o candidato que odeia sindicatos vença a eleição. Contra todas essas atrocidades e para preservar o direito de lutar, reafirmamos: #EleNão. Sem compromisso ou atrelamento à outra candidatura.
Nosso posicionamento é pela democracia, conscientes de que muitas lutas nos esperam.