A caminhada saiu da frente da sede da CUT, chegando à Prefeitura e seguindo, depois, ao Palácio Piratini. O objetivo do trajeto, pelo Centro da cidade, foi denunciar o papel dos diferentes governos neste momento. O prefeito Sebastião Melo (MDB) e o governador Eduardo Leite (PSDB) fazem, localmente, o que Bolsonaro tem feito nacionalmente, deixando a população à própria sorte, ignorando medidas efetivas de combate à pandemia e aproveitando o momento para desmontar os serviços públicos.
No Rio Grande do Sul, por exemplo, Leite busca acabar com a necessidade de plebiscito para privatizar, até mesmo, o direito à água e ao saneamento. Essa foi uma das pautas apresentadas no ato, que teve como foco as insígnias trazidas pelo Sintrajufe/RS na faixa carregada pelos dirigentes que participaram da atividade: “Não à reforma administrativa! Vacina e testagem já! Auxílio emergencial de R$ 600! Mais empregos! Fora Bolsonaro genocida!”.
Como o Sintrajufe/RS mostrou em matéria publicada nesta quarta, a situação do povo brasileiro está em profunda degradação, com grave aumento da fome e das dificuldades para acessar serviços públicos, emprego e renda. Tudo isso além das milhares de mortes, que só crescem dia a dia sem políticas de enfrentamento. Essas dificuldades podem ser agravadas com medidas como a reforma administrativa, mais um passo no amplo projeto de desmonte do Estado promovido pelo atual governo. Por isso a conexão entre as diferentes pautas, do combate à pandemia ao Fora Bolsonaro, passando pela defesa do auxílio emergencial de R$ 600 e pela derrota da reforma administrativa.
Durante o ato, a diretora do Sintrajufe/RS Mara Weber lembrou que, “apesar de estarmos em um momento triste, temos que lutar para transformar essa realidade. O Dia Mundial da Saúde é muito significativo, inclusive por tantas mortes que poderiam ser evitadas no Brasil. A gente pode ter o parâmetro de Cuba, que tem mais ou menos a população do Rio Grande do Sul e onde não chegou a 500 mortos, enquanto no RS temos 20 mil. Isso dá uma dimensão do drama que estamos vivendo, da falta de políticas, de um auxílio que garantisse tanto para os trabalhadores quanto para os empresários pequenos e médios se sustentar e poder fazer lockdown. Em um cenário caótico como esse, teríamos a vacina como saída, mas a negligência e o negacionismo nos colocaram em uma lentidão enorme.
Por isso, o “Fora Bolsonaro”, no Dia Mundial da Saúde, é um grito em defesa da vida”. Mara também falou sobre a luta contra a reforma trabalhista: “os serviços públicos também têm a ver com a garantia da vida. A privatização de serviços como a saúde e a educação é inimaginável em um momento como esse, mas é isso o que está acontecendo”. E completou: “o Fora Bolsonaro se tornou a defesa da vida, a gente precisa tirar esse governo e restabelecer políticas de cuidado com a vida e de fortalecimento do serviço público”.
Também diretor do Sintrajufe/RS, Zé Oliveira participou do ato e destacou que se trata de “mais um dia de muita indignação, em primeiro lugar pelas 4 mil mortes de ontem. Também indignação pelo auxílio emergencial miserável que o governo definiu para as pessoas mais necessitadas. E também estamos nas ruas para apontar que só a derrubada desse governo vai ajudar a resolver essa situação. Por isso é importante estar berrando “Fora Bolsonaro” e lembrar a importância dos serviços públicos. Ainda, é muito importante que a gente faça um protesto unificado para demonstrar a contrariedade e indignação das pessoas com tudo o que está acontecendo no Brasil. O governo apostou nas mentiras, deixou de lado a ciência. Temos que defender a vacinação para todos, medidas que ajudem as pessoas, defender os serviços públicos, e temos que levar essa indignação às ruas”.
Paulo Guadagnin, também diretor do Sintrajufe/RS, denunciou, durante o ato, que “o que nos trouxe a essa tragédia foi uma ação conjunta dos governos. É a política de destruição dos direitos dos trabalhadores, destruição dos serviços públicos, tirando dinheiro das universidades, das pesquisas, fechando órgãos de pesquisa, desmantelando as redes de saúde. Tivemos essa ação conjunta dos serviços públicos, que, com a ciência, poderiam ajudar a pandemia. E, também, o governo se negando a fazer a testagem, a vacinar, fazendo com que os trabalhadores se sacrifiquem todos os dias em nome dos lucros dos patrões, enquanto os trabalhadores morrem sacrificados pela doença e sem os serviços públicos para atendê-los”.