Sindissétima entrevista Charles Bruxel e José Aristeia, coordenadores da FenajufeES BRUXEL e JOSÉ ARISTÉIA

Sindissétima (CE)

 

O Diretor de Comunicação do Sindissétima Luciano Dídimo apresenta abaixo entrevistas exclusivas com duas personalidades eleitas para cargos diretivos da Fenajufe durante o X Congrejufe, realizado de 27 de abril a 1º de maio, em Águas de Lindóia-SP. 

O primeiro entrevistado, Charles Bruxel, é presidente no segundo mandato do Sindissétima – Sindicato dos Servidores do Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região, e foi eleito Coordenador Suplente da Diretoria Executiva da Fenajufe, através da Chapa Fenajufe pela Base (a qual foi integrada pelos Coletivos Luta Fenajufe, Base Unida e Vanguarda), sendo a primeira vez que um servidor do TRT da 7a Região ocupa um cargo nessa entidade.

O segundo entrevistado, José Aristéia, é presidente do Sindquinze – Sindicato dos Servidores do TRT da 15ª Região (com sede em Campinas -SP) e foi reeleito para o segundo mandato como um dos três Coordenadores Gerais da Fenajufe.

Confira as entrevistas abaixo:

 

ENTREVISTA:  CHARLES BRUXEL

Luciano Dídimo: Conte-nos sobre como surgiu em você o interesse pelo sindicalismo e fale-nos sobre sua trajetória sindical.

Charles Bruxel: Meu interesse com o sindicalismo surgiu ao longo do PCS de 2010. À época, tinha recém tomado posse como Técnico Judiciário na Vara do Trabalho de Caucaia. Com a ascensão do Movimento Pró-Subsídio (quem se lembra?!), os mais novos na carreira passaram a ter a impressão que não tinham voz e representação nos sindicatos. A solução encontrada foi passar a participar das atividades sindicais. Posteriormente, diante do meu interesse em colaborar, a então Presidente da Diretoria Executiva do Sindissétima, Heloísa de Siqueira Felício (Ló), convidou-me para concorrer na chapa da Diretoria Executiva para o biênio 2012/2013 no cargo de Secretário para Assuntos Extra-sede. A chapa foi vencedora e, a partir daí, intensificou meu processo de amadurecimento e compreensão da atividade sindical, também sob o ponto de vista interno (organização e administração da entidade). Posteriormente, em 2013, com a renúncia da Presidente e do Vice-Presidente, foram convocadas novas eleições para a Diretoria do Sindissétima, para complementação do mandato, momento no qual saí como Vice-Presidente da direção encabeçada pela Presidente Maria Bernadette Nogueira Rabelo. Em seguida, mantive-me como Vice-Presidente na Diretoria Executiva do biênio 2014/2015. Por algumas divergências, renunciei no início de 2015, jurando “largar a vida sindical”. Entretanto, com o início do movimento grevista histórico de 2015, o “coração falou mais forte” e voltei a participar, desta feita integrando o Comando de Greve e estando junto com os colegas em todos os dias desse grandioso momento vivido por nossa categoria, tendo ido inúmeras vezes a Brasília pedir apoio aos políticos. Nesse cenário de revitalização do interesse dos servidores na luta, conseguimos formar um ótimo grupo para concorrer para a Diretoria Executiva no biênio 2016/2017, oportunidade na qual tive a honra de ter recebido o apoio para sair como Presidente do Sindissétima. Após, o mesmo grupo, com pequenas mudanças, foi reeleito para o biênio 2018/2019 e permaneci com a missão de continuar como Presidente da entidade.

Meu anseio em participar ativamente do sindicalismo, portanto, decorre da compreensão de que não adianta apenas reclamar. Tem que fazer acontecer, tentar mudar, botar a mão na massa. Hoje, mais maduro e experiente no movimento, compreendo a importância na defesa das pautas gerais e específicas dos ativos e dos aposentados, de cada cargo e segmento da categoria. Acho que meu papel, enquanto dirigente sindical, é ouvir a base e tomar todas as medidas possíveis para atender aos anseios dos servidores, sempre respeitando a democracia e a transparência e buscando a eficiência e efetividade da atuação e na gestão do sindicato. Com a ajuda de todos, acredito que o Sindissétima é hoje uma entidade cada vez maior, mais forte e respeitada no cenário local e nacional.

Luciano Dídimo: Como você se inseriu no Coletivo Base Unida  e quais os principais objetivos desse coletivo?

Charles Bruxel: O Coletivo Base Unida foi constituído em 2018 a partir da leitura de que é necessário oferecer uma terceira via para a Fenajufe. Não algo efêmero, mas sim um grupo sólido e permanente. Acredita-se que a histórica polarização, na federação, entre grupos ligados à CUT/CTB e à CSP Conlutas, apesar da contribuição de cada corrente para a construção do movimento sindical, causa certos impasses e disputas político-ideológicas muitas vezes desnecessárias. O Base Unida tenta se guiar pelos anseios gerais e específicos da categoria e pelos valores democráticos, focando na construção de consensos e na autonomia das entidades sindicais perante administrações, governos e partidos políticos. A Carta de Princípios do Coletivo Base Unida foi divulgada aos participantes do X Congrejufe e pode ser conferida aqui: https://www.instagram.com/p/BxH3p_zgnWi

Inseri-me no Coletivo Base Unida por confiar nas pessoas que ajudaram na construção desse projeto e por concordar com os valores defendidos pelo grupo. Na prática, a gente percebe que o que pregamos é que tentamos efetivar, o que dá confiança de que estamos no caminho certo.

Luciano Dídimo: Qual a sua visão a respeito da Fenajufe e por que você resolveu concorrer a um cargo diretivo na Federação?

Charles Bruxel: A Fenajufe é uma entidade fundamental para alinhar e organizar a luta nacional dos servidores do Poder Judiciário Federal e Ministério Público da União. Uma Fenajufe forte significa uma maior chance de êxito na luta contra a retirada de direitos e na busca por mais direitos. Nesse contexto, convicto de que a nossa federação pode ser muito mais forte, democrática, organizada e efetiva, resolvi concorrer, juntamente com o Coletivo Base Unida, a um cargo dentro da Diretoria Executiva. Acredito que eu possa dar boas contribuições para o fortalecimento da Fenajufe. E, após muito trabalho, posso afirmar que fiquei muito feliz em ter sido eleito Coordenador Suplente da nossa federação. Mesmo nessa condição, poderei participar e ajudar. Além disso, a ideia é que seja feito rodízio na titularidade da Diretoria Executiva, o que me dará a oportunidade, daqui provavelmente um ano, de assumir alguma pasta efetiva da Diretoria da nossa federação.

Luciano Dídimo: Quais as suas perspectivas com relação aos novos coordenadores e diretores eleitos para os próximos três anos à frente da Fenajufe e como você acha que poderá contribuir para que a Fenajufe cumpra com fidelidade a missão que lhe foi instituída?

Charles Bruxel: As expectativas são positivas. Mas tudo vai depender da disposição dos eleitos em construir pontes ao invés de erguer muros. Interesses secundários devem ser colocados de lado e o diálogo/consenso deve ser um objetivo de todos. As naturais divergências devem ser um meio de aprimoramento e amadurecimento das propostas que forem discutidas. Acredito que eu possa contribuir com a Fenajufe por meio dos valores que já anunciei nas respostas anteriores e que sempre me guiaram como dirigente do Sindissétima: ética, transparência, diálogo, valorização do sindicalismo, organização, método de trabalho, respeito aos anseios da categoria, espírito democrático e vontade de modernizar e mudar a entidade para melhor.

Luciano Dídimo: Sua presença na direção da Fenajufe irá dificultar ou facilitar sua atuação na presidência do Sindissétiima?

Charles Bruxel: Sou acostumado a acumular tarefas. O mandato na Fenajufe não atrapalhará minha atuação como Presidente da Diretoria Executiva do Sindissétima. Vale ressaltar que muita coisa se resolve à distância atualmente e, além disso, os demais diretores do Sindissétima sempre apoiaram e fizeram com que minhas ausências por férias, licenças ou viagens passassem praticamente “despercebidas” pela nossa categoria.

Luciano Dídimo: Estamos caminhando para o final do segundo biênio da sua gestão como presidente do Sindissétima. Na sua visão, onde conseguimos avançar, onde continuamos estagnados e e onde retroagimos como categoria organizada?

Charles Bruxel: Acredito que tenhamos avançado em vários aspectos. Encaminhamos todas as lutas que nos foram exigidas, participamos de atos e greves gerais, fomos a Brasília conversar com parlamentares, convocamos a categoria para participar de variadas atividades sindicais e realizamos inúmeras assembleias e reuniões de diretoria. Reformulamos nossa área administrativa, estamos investindo em tecnologia, avançamos na nossa comunicação, modernizamos a entidade por meio de uma consistente reforma estatutária, reorganizamos nossa área administrativa, regularizamos todas as pendências estruturais existentes e fortalecemos nosso jurídico, com a proposição de inúmeros processos administrativos e judiciais. Estamos com as finanças equilibradas e sempre tentando aprimorar nossa prestação de contas. Buscamos novos convênios e parcerias. Aprimoramos a segurança e a gestão do clube do sindicato.

Apesar de tudo isso, claro que sempre é possível melhorar. E é isso que queremos e tentaremos fazer até o último dia em que estivermos à frente da direção do grande Sindicato dos Servidores da Sétima Região da Justiça do Trabalho.

Destaque-se que o momento político é delicado, com muitos ataques direcionados contra os servidores públicos e demais trabalhadores. No entanto, a categoria, em alguns momentos, mostra-se paralisada. Mas, faz parte. Nosso papel é tentar informar, conscientizar, organizar e mobilizar. Não há uma “retroação”. Infelizmente o histórico da nossa categoria é esse: há uma certa sazonalidade na hora de agir. Mas, cedo ou tarde, a tensão aumenta e a categoria desperta e compreende que sem luta não há sequer chance de vitória.

Luciano Dídimo: Você pretende concorrer novamente à presidência do Sindissétima para o biênio 2020/2021?

Charles Bruxel: Segredo… (risos) Brincadeira. Não sei. Tudo dependerá do cenário que se desenhar, das pessoas dispostas a integrar a próxima Diretoria. O senso de responsabilidade pelo futuro do Sindissétima também é um elemento que pesa bastante. Acredito ser importante haver uma renovação no quadro de lideranças sindicais, porém sinto na pele a enorme dificuldade desse “sonho” se realizar. Enfim, independentemente desse ideal, é fundamental que a Diretoria Executiva do Sindissétima seja formada por um grupo de pessoas qualificadas, sérias e dispostas a trabalhar em prol dos interesses coletivos. Afinal, “um Presidente sozinho não faz verão”.

 

ENTREVISTA:  JOSÉ ARISTÉIA

Luciano Dídimo: Fale um pouco de como surgiu em você o interesse pelo sindicalismo e conte-nos sua trajetória no movimento sindical.

Zé Aristéia: O meu interesse vem de uma consciência política despertada desde a adolescência. Quando passei no concurso do TRT-15 em 1994, me associei ao sindicato e participei das eleições em um movimento nacional das oposições no Judiciário Federal, chamado Movimento Viva Voz. Disputamos em 1995 e 1999, mas em 2003 não conseguimos montar chapa. Em 2007, a convite da direção que havia filiado o Sindiquinze à Fenajufe e com um compromisso de eleições limpas, fizemos composição e participamos da direção, sendo que em 2011 fui o escolhido para presidir o Sindiquinze.

Luciano Dídimo: O que é o Congrejufe, quais os seus objetivos e quais foram os maiores desafios enfrentados pela comissão organizadora do X CONGREJUFE em Águas de Lindóia? Você concorda que se o evento fosse realizado com menos delegados e  sempre numa cidade central como Brasília, os custos seriam menores, seria mais fácil a organização e a condução dos trabalhos e diminuiria o percentual daqueles que vão fazer turismo sindical?

Zé Aristéia: Além da eleição, o Congrejufe é o auge da nossa organização, é quando definimos nossas principais lutas. A organização do congresso é o grande desafio. Pensamos em um momento de formação, com boas palestras e debates, além da tentativa de introdução de tecnologia para agilizar os trabalhos e nos trazer uma sensação de produtividade e apreciação de toda a pauta. A ideia de que o Congrejufe seja realizado em um ponto mais central do País de fato minimiza custos e esta foi a intenção quando trouxemos para a região de Campinas.

Luciano Dídimo: Você foi reeleito como coordenador geral da Fenajufe. Na sua visão, o fato de haver três coordenadores gerais, assim como diretores de forças políticas diferentes, ajuda ou atrapalha a condução dos trabalhos? Você é favorável à mudança estatutária com relação aos critérios de eleição para a direção da Fenajufe?

Zé Aristéia: Eu acredito que a proporcionalidade não é o problema da Fenajufe. Ter coordenadores de todas as forças da categoria deve fortalecer a federação, pois todas as atividades decididas devem ser abraçadas por todos os grupos e segmentos da categoria.

Luciano Dídimo: Você acha que a Fenajufe consegue cumprir o papel que a base da categoria anseia? Quais os principais desafios e as perspectivas para o próximo triênio?

Zé Aristéia: Se as expectativas estiverem dentro das possibilidades da Fenajufe não haverá frustação, porque o papel será articular os sindicatos para as grandes lutas nacionais (contra a Reforma da Previdência, contra a EC 95, contra a extinção da Justiça do Trabalho etc), além de conseguir sensibilizar os tribunais em relação a nossa pauta geral, que é a recomposição das nossas perdas, bem como a pauta específica dos segmentos, como o NS para técnicos, o GAS na aposentadoria dos agentes, a valorização dos analistas, a aposentadoria especial dos oficiais de justiça e o reenquadramento dos auxiliares.