Manifestação: Magistrados protestam pela data-base e outros

Sindijufe-MTLuiz Perlato Para aqueles servidores públicos que relutam em fazer greves e muitas vezes deixam de comparecer aos atos que o Sindicato da Categoria organiza na defesa de seus direitos, é bom reparar o exemplo que os magistrados estão nos dando hoje, paralisando suas atividades em todo País, numa ação coordenada nacionalmente. Em nota, a…

Sindijufe-MT
Luiz Perlato

Para aqueles servidores públicos que relutam em fazer greves e muitas vezes deixam de comparecer aos atos que o Sindicato da Categoria organiza na defesa de seus direitos, é bom reparar o exemplo que os magistrados estão nos dando hoje, paralisando suas atividades em todo País, numa ação coordenada nacionalmente.

Em nota, a Amatra – Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 23ª Região, presidida pelo Juiz do Trabalho André Araújo Molina, anunciou que nesta quinta-feira (15/03) diversas associações de representação da Magistratura e do Ministério Público, diante do cenário de afronta a preceitos constitucionais que ameaçam instituições públicas essenciais, realizam, em todo o País, “Atos de Mobilização pela Valorização das Carreiras da Magistratura e do Ministério Público, com o objetivo de tornar públicas as circunstâncias que atacam a independência, a integridade e a autoridade dos integrantes dessas carreiras, com riscos para a própria normalidade do Estado Democrático de Direito.

Ou seja: mesmo sabendo do que parte da opinião pública pensa a respeito deles, porque em geral são apontados na mídia como marajás, não falta coragem para se defenderem através de uma mobilização nacional e uma denúncia pública. É uma manifestação de apenas um dia, mas pontual e bem fundamentada, conforme se pode ler na nota pública da Amatra XXIII.

O Juiz André Molina esclarece que todos os Juízes e Desembargadores estão trabalhando normalmente em suas respectivas varas, mas não estão realizando audiências e nem publicando decisões, salvo casos urgentes. Como Presidente da Amatra XXIII, ele disse que não apenas está participando, como também é ele quem lidera o movimento a nível de Mato Grosso. O ato deles é nacional e, nacionalmente, o Dr. Molina faz parte do Conselho de Representantes da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra).

As audiências foram remarcadas em todo o Estado, e a sessão do Tribunal Pleno foi remarcada para amanhã, sexta-feira, para não causar prejuízo a advogados e à população em geral. “Não queremos prejudicar ninguém com a nossa manifestação, apenas chamar a atenção das autoridades competentes, ministros do Supremo Tribunal Federal, Deputados e Senadores. Nacionalmente, também, foram adiadas as audiências em cinco Capitais do País (Brasília, Recife, Porto Alegre, Belém e Salvador), que serão palcos de grandes atos públicos”.

Nas palavras de Molina, a Constituição diz que todo servidor público de forma ampla tem direito à correção da inflação do seu salário, como acontece na estrutura privada, onde os bancários, por exemplo, tem a data-base, e o salários deles é reajustado todo ano, pelo  menos pela inflação do ano. Os juízes, assim como os servidores públicos, não têm data-base. O Presidente da Amatra XXIII explica que desde 2004 eles estão sendo atropelados nesse sentido, com uma defasagem salarial que já dura 14 anos.

É uma omissão de correção do nosso salário”, observa ele, complementando que um salário de 2004, se for puxado para os dias atuais, está com 40% de defasagem. “O poder de compra de um juiz do Trabalho hoje é 40% menor do que em 2004, por conta disso“.

O primeiro ponto da mobilização dos juízes e desembargadores é este, mas tem mais dois, sobre os quais Molina fala em seguida. “Muito embora a imprensa divulgue que Juiz ganha R$ 50 mil, isso não é verdade, isso é uma manipulação da imprensa, pois o salário líquido de um juiz do Trabalho iniciante hoje é de R$ 23 mil, descontando imposto de renda, INSS e tudo mais. E esses R$ 23 mil significam que ele já tem 40% de defasagem inflacionária em relação ao salário da época de 2004, que vem sendo arrochado“.

O ponto 2, conforme o presidente da Amatra, é que não há uniformidade em relação a isso. “O arrocho em relação aos Juízes do Trabalho e a Juízes Federais pelo Congresso Nacional é muito maior do que aquele em relação, por exemplo, aos Juízes dos Estados, porque os Juízes dos Estados, os Juízes do Tribunal de Justiça e Promotores de Justiça dos Estados têm a remuneração deles fixada por meio da Assembleia do Estado. Então é mais fácil para eles, até politicamente, conseguir a aprovação de correção aqui na Assembleia Legislativa, do que nós no Congresso Nacional. Portanto, há uma diferença: os juízes não ganham igual e nunca ganharam. Há juízes em alguns Estados que ganham o dobro do que ganha um Juiz do Trabalho“.

A condição dos magistrados federais tem sido ainda mais prejudicada no momento atual, em que vários juízes têm condenado Senadores e Deputados por envolvimento em casos de corrupção. Descontentes com esta ação de juízes e desembargadores, os parlamentares impõem o arrocho aos membros do Judiciário.

Outra questão é Operação Lava Jato, a qual foi proposta por integrantes do Ministério Público, Procuradores da República com iniciativa popular através de assinaturas daquele projeto de lei das dez medidas contra a corrupção. Mas os deputados já mudaram tanto o projeto, que de 10 medidas contra a corrupção acabou virando 10 medidas contra os Juízes e Procuradores. De acordo com Molina,  o projeto inicial foi transformado em um projeto de abuso de autoridade.

Por exemplo, o Juiz dá uma decisão X e fundamenta. A decisão vai para o Tribunal, e os Desembargadores decidem que o juiz está certo e mantém a decisão. Aí vai para Brasília e por alguma razão reforma-se a decisão.Os juízes e desembargadores, se aprovados esse projeto de lei, serão considerados criminosos e responderão processualmente por isso, porque tiveram decisões reformadas. Isso intenciona amedrontar os juízes para que não concedam liminares, para que não prendam figurões, enfim“, concluiu Molina.


 

 

Sindijufe-MT
Luiz Perlato

Para aqueles servidores públicos que relutam em fazer greves e muitas vezes deixam de comparecer aos atos que o Sindicato da Categoria organiza na defesa de seus direitos, é bom reparar o exemplo que os magistrados estão nos dando hoje, paralisando suas atividades em todo País, numa ação coordenada nacionalmente.

Em nota, a Amatra – Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 23ª Região, presidida pelo Juiz do Trabalho André Araújo Molina, anunciou que nesta quinta-feira (15/03) diversas associações de representação da Magistratura e do Ministério Público, diante do cenário de afronta a preceitos constitucionais que ameaçam instituições públicas essenciais, realizam, em todo o País, “Atos de Mobilização pela Valorização das Carreiras da Magistratura e do Ministério Público, com o objetivo de tornar públicas as circunstâncias que atacam a independência, a integridade e a autoridade dos integrantes dessas carreiras, com riscos para a própria normalidade do Estado Democrático de Direito.

Ou seja: mesmo sabendo do que parte da opinião pública pensa a respeito deles, porque em geral são apontados na mídia como marajás, não falta coragem para se defenderem através de uma mobilização nacional e uma denúncia pública. É uma manifestação de apenas um dia, mas pontual e bem fundamentada, conforme se pode ler na nota pública da Amatra XXIII.

O Juiz André Molina esclarece que todos os Juízes e Desembargadores estão trabalhando normalmente em suas respectivas varas, mas não estão realizando audiências e nem publicando decisões, salvo casos urgentes. Como Presidente da Amatra XXIII, ele disse que não apenas está participando, como também é ele quem lidera o movimento a nível de Mato Grosso. O ato deles é nacional e, nacionalmente, o Dr. Molina faz parte do Conselho de Representantes da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra).

As audiências foram remarcadas em todo o Estado, e a sessão do Tribunal Pleno foi remarcada para amanhã, sexta-feira, para não causar prejuízo a advogados e à população em geral. “Não queremos prejudicar ninguém com a nossa manifestação, apenas chamar a atenção das autoridades competentes, ministros do Supremo Tribunal Federal, Deputados e Senadores. Nacionalmente, também, foram adiadas as audiências em cinco Capitais do País (Brasília, Recife, Porto Alegre, Belém e Salvador), que serão palcos de grandes atos públicos”.

Nas palavras de Molina, a Constituição diz que todo servidor público de forma ampla tem direito à correção da inflação do seu salário, como acontece na estrutura privada, onde os bancários, por exemplo, tem a data-base, e o salários deles é reajustado todo ano, pelo  menos pela inflação do ano. Os juízes, assim como os servidores públicos, não têm data-base. O Presidente da Amatra XXIII explica que desde 2004 eles estão sendo atropelados nesse sentido, com uma defasagem salarial que já dura 14 anos.

É uma omissão de correção do nosso salário”, observa ele, complementando que um salário de 2004, se for puxado para os dias atuais, está com 40% de defasagem. “O poder de compra de um juiz do Trabalho hoje é 40% menor do que em 2004, por conta disso“.

O primeiro ponto da mobilização dos juízes e desembargadores é este, mas tem mais dois, sobre os quais Molina fala em seguida. “Muito embora a imprensa divulgue que Juiz ganha R$ 50 mil, isso não é verdade, isso é uma manipulação da imprensa, pois o salário líquido de um juiz do Trabalho iniciante hoje é de R$ 23 mil, descontando imposto de renda, INSS e tudo mais. E esses R$ 23 mil significam que ele já tem 40% de defasagem inflacionária em relação ao salário da época de 2004, que vem sendo arrochado“.

O ponto 2, conforme o presidente da Amatra, é que não há uniformidade em relação a isso. “O arrocho em relação aos Juízes do Trabalho e a Juízes Federais pelo Congresso Nacional é muito maior do que aquele em relação, por exemplo, aos Juízes dos Estados, porque os Juízes dos Estados, os Juízes do Tribunal de Justiça e Promotores de Justiça dos Estados têm a remuneração deles fixada por meio da Assembleia do Estado. Então é mais fácil para eles, até politicamente, conseguir a aprovação de correção aqui na Assembleia Legislativa, do que nós no Congresso Nacional. Portanto, há uma diferença: os juízes não ganham igual e nunca ganharam. Há juízes em alguns Estados que ganham o dobro do que ganha um Juiz do Trabalho“.

A condição dos magistrados federais tem sido ainda mais prejudicada no momento atual, em que vários juízes têm condenado Senadores e Deputados por envolvimento em casos de corrupção. Descontentes com esta ação de juízes e desembargadores, os parlamentares impõem o arrocho aos membros do Judiciário.

Outra questão é Operação Lava Jato, a qual foi proposta por integrantes do Ministério Público, Procuradores da República com iniciativa popular através de assinaturas daquele projeto de lei das dez medidas contra a corrupção. Mas os deputados já mudaram tanto o projeto, que de 10 medidas contra a corrupção acabou virando 10 medidas contra os Juízes e Procuradores. De acordo com Molina,  o projeto inicial foi transformado em um projeto de abuso de autoridade.

Por exemplo, o Juiz dá uma decisão X e fundamenta. A decisão vai para o Tribunal, e os Desembargadores decidem que o juiz está certo e mantém a decisão. Aí vai para Brasília e por alguma razão reforma-se a decisão.Os juízes e desembargadores, se aprovados esse projeto de lei, serão considerados criminosos e responderão processualmente por isso, porque tiveram decisões reformadas. Isso intenciona amedrontar os juízes para que não concedam liminares, para que não prendam figurões, enfim“, concluiu Molina.