O Brasil alcança a lamentável marca de mais de cem mil mortes por Covi-19. O assombroso registro põe o país em segundo lugar no ranking mundial em casos de morte pelo novo coronavírus. Em 30 de janeiro de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que o surto da doença causada pelo novo coronavírus, constitui uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional, o que representa o mais alto nível de alerta da OMS conforme previsto o Regulamento Sanitário Internacional. No mês de março o mundo estava diante de uma pandemia.
Desde o começo da pandemia o presidente Jair Bolsonaro tenta minimizar a gravidade da doença e por muitas vezes chegou a banalizar a vida se referindo a doença como uma “gripezinha” e que “todos nós iremos morrer um dia” e que o Brasil vivia uma “histeria” por causa da Covid-19. Não bastasse o descaso e zombaria, Bolsonaro manteve comportamentos condenáveis em público enquanto a contaminação se alastrava e o número de vítimas aumentava a cada dia.
Confrontado pela mídia e a sociedade chegou a dizer não ser “coveiro” para saber o que fazer com o número de mortes que crescia e continua a crescer a cada dia. A frase insensível com milhares de famílias que perderam entes queridos é apenas um somatório a tantas outras proferidas desde o início da pandemia.
As declarações do presidente chocaram o mundo e demonstram irresponsabilidade e insensatez com a real situação de pandemia. Enquanto outros países acirravam o isolamento social, criavam políticas de enfrentamento à crise sanitária, Jair Bolsonaro negligenciava e contribuía para o ainda crescente número de vítimas. Em sua transmissão ao vivo por uma rede social nesta semana, Bolsonaro recebeu o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, e chegou a comentar sobre o avanço do novo coronavírus no país. Incrédulo, Bolsonaro, disse lamentar todas as mortes, e o melhor é “tocar a vida e buscar uma maneira de se safar desse problema”.
O Brasil foi destaque em toda a mídia mundial neste domingo (9) devido à chegada aos 100 mil mortos por Covid-19. Nem o espantoso número de mortes sensibilizou o presidente que não esboçou qualquer reação. Para o resto do mundo “o governo brasileiro gerencia a pandemia de modo caótico”. A imprensa internacional aponta que uma das características do governo de Jair Bolsonaro é “uma profunda incapacidade de empatia com os que ficam doentes e morrem que são, sobretudo os mais pobres”
O Brasil precisa urgente de políticas de enfrentamento à Covid- 19. Investir em pesquisas, retomar ao isolamento social, tratar com seriedade uma das piores crises sanitárias que o país vive. Nem a manifestação de cobrança do ex-ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta, levou Bolsonaro a se pronunciar a respeito das cem mil mortes. O ex-ministro disse que “Há 100 mil famílias brasileiras que ainda não receberam uma única palavra de conforto ou solidariedade do governo”. O presidente preferiu o silêncio irresponsável.
Após ser positivado com o vírus, o presidente contrariou o próprio argumento de que tendo “histórico de atleta”, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria se preocupar. Em outro gesto irresponsável ainda passou a propagandear o uso da Cloroquina, medicamento sem eficácia comprovada e contraindicado pela ANVISA.
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a OMS estão prestando apoio técnico ao Brasil e outros países, na preparação e resposta ao surto de COVID-19.
Covid-19 no Judiciário
Desde o mês de março a Fenajufe faz acompanhamento do número de mortes por Covid- 19 no PJU. A cada semana matérias sobre o tema são atualizadas. Alguns sindicatos de base oficiaram tribunais e órgãos em busca de dados sobre infectados e mortes, mas há resistência. As informações não chegam de forma clara. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal e MPU no Rio Grande do Sul (Sintrajufe/RS), em dados fornecidos pelo Tribunal Regional do Trabalho, Tribunal Regional Federal (TRT e TRF 4) mais a Justiça Federal, são 34 casos de infecção de servidores pelo novo coronavírus no estado do Rio Grande do Sul. O Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou na última semana do mês de julho 64 casos confirmados entre servidores e trabalhadores terceirizados no tribunal superior. Com a última atualização o total de mortes chega a 45, entre o Judiciário Federal e Estadual.
OJAFs
O segmento dos Oficiais de Justiça é o mais afetado. Até o momento já são 15 mortes entre o judiciário federal e estadual. Em mapeamento feito pela Fenassojaf a região de São Paulo, conta com o maior número de mortes (4) seguida do Rio de Janeiro (2). Há ainda registros nos estados do Amazonas, Alagoas, Goiás, Mato Grosso e Rio Grande do Norte, com um Oficial cada. Os Oficiais de Justiça por sua atividade externa correm mais riscos.
Dia de luto e de luta
As Centrais Sindicais realizaram na sexta feira (7) manifestação de protesto em todo o Brasil com o objetivo de alertar a sociedade sobre as medidas equivocadas e desastrosas do governo federal. Trabalhadores e trabalhadoras se mobilizaram pelas vidas que se perderam e que ainda serão perdidas por causa da Covid-19. A classe trabalhadora paralisou suas atividades laborais por 100 minutos. Por várias cidades do país faixas “Fora Bolsonaro”, foram espalhadas. “Sérgio Nobre, presidente da Central única dos Trabalhadores (CUT) disse em rede social que o ato é em respeito e solidariedade as 100 mil famílias que perderam alguém na pandemia agravada pela incompetência e descaso desse governo genocida”. O Ato mobilizou todas as redes sociais.
Reunião Ampliada
No próximo dia 22 de agosto a Fenajufe realizará Reunião Ampliada Virtual onde debaterá com a base questões urgentes como o fim do teletrabalho, segurança sanitária aos trabalhadores nas eleições estaduais, e o retorno ao trabalho presencial nas instâncias do PJU. Para garantir a saúde dos servidores e servidoras a Fenajufe busca a manutenção do Home Office e distribuição de Equipamentos de Proteção Individual a contento nos trabalhos presenciais.
Joana Darc Melo, da Fenajufe
Arte: Annelise Oliveira
publicado por Luciano Beregeno