Janeiro Branco: cuidar da saúde mental é cuidar da vida

Os dois últimos anos foram muito difíceis. Marcados por uma pandemia avassaladora 2020 e 2021 nos obrigou a conviver com perdas, mortes e sequelas. O cenário desencadeou um aumento significativo de problemas de saúde mental nas pessoas em todo o mundo.

A campanha “Janeiro Branco” que teve início em 2014 visa alertar a sociedade sobre os cuidados com a saúde da mente e chamar atenção para um problema que afeta grande parte da população mundial.

O lema deste ano “O mundo pede saúde mental” foi idealizado com o momento atual e difícil por qual passam as Nações. No Brasil, o aumento do desemprego, da fome e o aprofundamento das desigualdades afetaram diretamente milhares de brasileiros e brasileiras.

Esses fatores aliados às incertezas, insegurança e medo do futuro tem levado muitas pessoas ao consultório médico. O adoecimento desenfreado atinge todas as classes sociais e faixas etárias. Estudo realizado no ano passado pela Unicef aponta que com a pandemia transtornos mentais como depressão e ansiedade foram diagnosticados também em crianças e adolescentes.

A campanha “Janeiro Branco”  também alerta governos e governantes para necessidade da criação de recursos e políticas públicas de acolhimento para quem sofre com esse mal. De acordo com estudos da Organização Panamericana de Saúde (OPAS), a saúde mental há muito é uma “área negligenciada da saúde pública” e que é preciso mudar essa realidade.

Ainda de acordo com a publicação da OPAS, os governos deveriam aproveitar a visibilidade que   a pandemia trouxe para os transtornos mentais e  investir nos cuidados da mente e construir uma cultura da Saúde Mental. Só assim é possível amparar, cuidar e minimizar sofrimento psíquico e ao adoecimento emocional vivido por essas pessoas.

Quaisquer sintomas que afetam a saúde vão além do corpo e prejudicam a vida pessoal e profissional e precisam ser tratados.

No ambiente de trabalho estão os maiores índices dos problemas de saúde mental. As causas estão relacionadas com assédio moral e sexual, pressão e desvalorização pelo profissional. A incidência contribui para aumento do suicídio.

Em 2020, o Ministério Público do Trabalho (MPT) recebeu 4.826 denúncias de assédio moral no país. Comparado com 2019 houve pequena queda nas denúncias. A diminuição no total de casos não significa que o combate a práticas abusivas tem sido adotado por empresas. Ao contrário, pode significar que houve menos denúncias.

Já levantamento realizado Superior Tribunal do Trabalho (TST) entre 2015 e 2021, 26 mil ações de assédio sexual foram ajuizadas em todo o país. O número de casos no entanto, é muito maior considerando que 87% das vítimas não formalizam denúncia.

Os dois órgãos concordam que o teletrabalho imposto pelo período pandêmico pode ter contribuído para dificultar denúncias e com isso mascarar a incidência de casos.

No âmbito do Poder Judiciário o Conselho Nacional de Justiça publicou em 2020 a resolução nº 351 que cria Política de Prevenção e Enfrentamento do Assédio Moral, do Assédio Sexual e da Discriminação. Na ocasião, o CNJ divulgou cartilha com orientações sobre o tema e criou um Comitê para discutir formas de combate ao assédio no PJU.

O assédio corporativo nasce a partir do constrangimento de um empregado pela ação de um colega, seja o chefe ou não. Sua ocorrência é a principal causa de adoecimento mental no trabalho. A legislação brasileira tipifica a prática como crime desde 2019. O mais importante é romper o silêncio.

Em casos de assédio moral a melhor indicação para não adoecer é formalizar denúncia, conversar com colegas de trabalho, familiares e amigos e principalmente afastar sentimento de culpa e inferiorização, além de buscar apoio psicológico.

Para buscar atendimento

Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) existente em várias cidades em todo o país. Atendimento 24 horas

O Núcleo de Saúde Mental do Samu (Usam) tem atendimento 24 horas com assistência presencial e telefônica pelo 192.

Atitudes para um mundo com mais saúde mental:

  • Políticas públicas para a saúde metal e condições sociais dignas de existência;
  • Prática de exercícios físicos e de hobbies terapêuticos;
  • Autoconhecimento.
  • Qualidade de vida;
  • Vínculos Sociais profundos;
  • Abertura a novos conhecimentos;
  • Espiritualmente saudável;
  • Contato com a natureza;
  • Autonomia;
  • Sentidos próprios de vida;
  • Seja mais presente;
  • Viva a vida com respeito;
  • Tenha mais diálogos;
  • Invista em afeto;
  • Cuide da sua saúde;
  • Busque autoconhecimento;
  • Dê-se mais tempo;
  • Viva com mais sentido;
  • Diga não a preconceitos;
  • Diga não a violências.

Joana Darc Melo, da Fenajufe

Jornalista da Fenajufe

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