A Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União FENAJUFE- repudia a fala do novo presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul – (TJ/MS) Carlos Eduardo Contar que, em seu discurso de posse na última sexta-feira (22), revelou postura negacionista ao criticar as medidas de segurança impostas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) diante da pandemia de Covid-19.
Em seu discurso, o magistrado se refere às restrições de segurança de saúde e a campanha “Fique em casa” como “palhaçada midiática fúnebre”. Ao defender a imediata volta ao trabalho, o Juiz-desembargador menospreza a letalidade do vírus e banaliza o bem maior, que é a vida.
O juiz desrespeitou os mais de 221 mil brasileiros assassinados pela Covid-19 e pela omissão do governo, que deixou famílias enlutadas pela morte de entes queridos. Contar despreza o valor da ciência, a mesma que ele invoca como sustentáculo de suas crenças magistratoriais, quando afirma que são “picaretas” os que defendem ficar em casa, numa clara demonstração de apoio às aglomerações públicas.
A Federação repudia veementemente postura vinda de alguém que empunha o brasão do Judiciário e que deveria cumprir com justiça o dever de buscar o bem-estar da sociedade e de cidadãos e cidadãs.
Um pronunciamento lamentável, alinhado ao genocídio promovido pelo governo de Jair Bolsonaro, que desde o início de gestão promove desordem e assevera a crise sanitária para esconder as relações criminosas que a família presidencial tem com o crime organizado e com setores privilegiados da economia.
É inaceitável se calar perante um discurso irresponsável, que só evidencia manifestação de apoio político ao governo, enquanto o país enfrenta o caos na saúde pública com a nova onda da Covid-19 e enquanto regiões e estados inteiros padecem no leito de morte diante colapso sanitário. Pecou o juiz, ao expressar descaso com os direitos humanos e com a preservação da vida.
O negacionismo e a disseminação de ideias anti-ciência são danosos à população brasileira, já que pode encorajar todas as atitudes que contribuem para a propagação do coronavírus (aglomerações, não utilização de máscaras, não aplicação da vacina etc.)É tudo que não queremos e por isso repudiamos com todo rigor.
Brasília, 29 de Janeiro de 2021.