Nova onda de Covid-19 aumenta número de mortes de servidores do Judiciário

Desde o mês de março de 2020, a pandemia do novo coronavírus tem tirado a vida de milhares de pessoas em todo o mundo. No Brasil, números desta sexta-feira (15) registram 8.324.294 contaminados e mais de 207 mil mortes por covid-19.No Judiciário não foi diferente. Vários servidores perderam a batalha para o vírus que tem se apresentado em nova mutação ainda mais resistente e letal. Com a flexibilização das medidas protetivas e a retomada das atividades presenciais em vários estados, o número de contaminação e mortes pela doença não para de crescer. A Fenajufe acompanha os casos e é com imenso pesar que realiza novos registros a cada dia.

Até a presente data, a lista de servidores mortos pelo vírus já chega a espantosa marca de 73 (setenta e três) pessoas.Esse número pode ser ainda maior levando em consideração que os tribunais e órgãos do PJU resistem em divulgar dados sobre as mortes. Dos Tribunais superiores, a Fenajufe soube apenas de dois óbitos. Sendo um no TSE e outro no STJ. No entanto a mídia já divulgou ano passado a existência de 64 servidores do STF contaminados pelo vírus.

O segmento dos Oficiais de Justiça continua sendo o mais atingido. Desde o início da pandemia os Ojafs, no exercício de suas atividades que são essenciais tem colocado a vida em risco. A distribuição de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) ofertados pelos tribunais é insuficiente.O alerta foi feito pelos servidores no 12° Encontro Nacional dos Oficiais de Justiça Avaliadores Federais (12°Cojaf), ocorrido em novembro passado.

De acordo com a Federação Nacional das Associações dos Oficiais de Justiça Avaliadores Federais (Fenassojaf) somente nos dois últimos meses do ano de 2020, dez oficiais perderam a vida para a doença.O Oficialato contabiliza 32 mortos entre o Judiciário Federal e o Estadual. Esse número representa mais de 50% de todas as mortes por Covid- 19 ocorridas no PJU.

Em junho do ano passado o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) publicou a resolução n° 322, onde estabeleceu o retorno presencial no âmbito do PJU de forma gradual, obedecendo as medidas de segurança. A medida levou alguns tribunais a determinarem que os Oficiais de Justiça voltassem a cumprir diligências nas ruas, contribuindo para esse acréscimo de contaminação e mortes de servidores.

Outro segmento bastante afetado é o de Agentes de Policia Judicial,( APJ) que também não deixaram de exercer suas funções em meio a pandemia. Junto aos oficiais de justiça, são os servidores do PJU que mais registraram mortes por Covid, seguido dos aposentados.  A nova onda da doença tem provocado contaminação e reinfecção com maior poder de destruição da imunidade corporal, o que tem acelerado o maior número de óbitos.

O Estado do Amazonas mais uma vez apresenta situação de calamidade. Com hospitais lotados e falta de oxigênio, Manaus passa por um aumento dramático no número de casos, internações e mortes por Covid-19. Nos últimos sete dias a média de mortes cresceu 183%.  Somente do Judiciário o estado contabiliza mais de 10 mortes no total, a maioria servidores do Tribunal Regional do Trabalho (TRT11ª Região). Só nesta primeira quinzena do mês de janeiro 5 servidores já perderam a batalha contra o coronavírus naquele Tribunal.

O Plantonista da semana, Luiz Cláudio Correa, afirma que a situação em Manaus é crítica. Segundo ele, o estado enfrenta colapso no sistema de saúde  e registra em torno de 130 mortes diárias. Amazonense, o coordenador lamenta as mortes, “espero que reduza com o lockdow e o toque de recolher”. Medidas emergenciais adotadas pelo governador eleito, Wilson Lima.

A mortalidade pelo novo coronavírus no Judiciário é registrada nos vários estados da Federação. São Paulo e Rio de Janeiro tem números expressivos, mas pode – se dizer que o vírus percorreu longo trecho pelo país deixando uma legião de órfãos nos quatro cantos.

O Brasil enfrenta a pior crise sanitária do País.Já se passaram quase um ano de pandemia e os brasileiros assistem a uma disputa política no processo de imunização contra a doença, enquanto acompanham o crescente número de mortes de entes queridos. Não cabe aqui pontuar as consequências drásticas trazidas pelo período pandêmico. No momento o mais importante é zelar pela vida e exigir do governo a vacinação em massa o mais rápido possível, antes que não consigamos mais contabilizar nossos mortos.

A Fenajufe solicita aos sindicatos que nos encaminhem informações sobre mortes em seus estados para mantermos atualizada a lista.

Lista: (AQUI)

Joana Darc Melo, da Fenajufe

Jornalista da Fenajufe