A crise política encorpada após a renúncia de Jânio Quadros em 1961 chega ao auge na noite de 30 de março de 1964 quando João Goulart – desde criança chamado de Jango -, então presidente da República, faz um discurso incisivo no aniversário de 40 anos da Associação de Subtenentes e Sargentos, no Automóvel Clube. As tensões entre João Goulart e a elite brasileira atingiram o ápice dias antes, em 13 de março, no comício-monstro da Central do Brasil.
A estratégia de jango para pressionar o Congresso pela aprovação das reformas de base foi a realização, até 24 de agosto de 1964, de comícios-monstros defendendo as reformas. Dos comícios realizados até então, o mais emblemático foi o da Central do Brasil, por melhor ilustrar a disposição das elites à realização do golpe como forma de impedir qualquer possibilidade de reforma social.Ao garantir em seu discurso que iria desapropriar terras às margens de rodovias e ferrovias federais, indicava que faria uma reforma agrária de fato. As elites, demonstrando todo o seu viés conservador, acusavam Jango de comunismo e exigiam, através de movimentos como “A Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, a defesa dos costumes “cristãos” e da propriedade privada. Os dois primeiros coadjuvantes. O terceiro, inegavelmente, pano de fundo para a mobilização da elite.
Os fatos que se desenrolaram naquele 31 de março culminaram, no dia 1.º de abril de 1964, com um golpe militar que encerrou o governo de Goulart, eleito democraticamente e lançaram o Brasil na fase mais sombria de sua história. Sem qualquer dúvida, uma noite que durou 21 anos.
Para saber mais sobre a ditadura militar:
– Comissão Nacional da Verdade
Documentários
– Contos da Resistência – Câmara dos Deputados
Episódio 1 – Estudantes e Igreja
Episódio 2 – O Congresso Nacional
Episódio 3 – Imprensa e Artes
Episódio 4 – Sindicalismo
– Cronologia da Ditadura Militar
– Os Atos Institucionais – a supressão da Democracia