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Separatistas trabalham pela fragmentação, na surdina e a qualquer preço

Por Sheila Tinoco, técnica judiciária e coordenadora de comunicação, cultura, esporte e lazer do Sindjus-DF

Este artigo é de inteira responsabilidade do autor, não sendo esta necessariamente a opinião da diretoria da Fenajufe.

O título deste artigo pode parecer sensacionalista, mas a realidade tem se mostrado bastante cruel, inclusive com ares trágicos, quando se trata dos conflitos internos da nossa categoria. Enquanto trabalhamos pelo Reajuste Para Todos, a União dos Servidores do TSE e as associações de servidores de tribunais superiores insistem em percorrer, nos subterrâneos do Poder Judiciário, o caminho da fragmentação da nossa categoria. Um grupo que, às escondidas, trabalha para criar carreiras próprias e gratificações exclusivas na seara dos tribunais superiores.

Após a reunião da Fenajufe com o presidente do TSE, Dias Toffoli, no dia 29 de outubro, na qual foi entregue um ofício às mãos do ministro com a posição da Federação contrária à GRAEL, ele recebeu representantes dessas associações que querem dividir a nossa categoria a qualquer preço e na calada da noite. Pessoas que pregam a fragmentação como o caminho da felicidade, da justiça, da prosperidade, da salvação...

Depois, tive conhecimento que esse mesmo grupo se reuniu com a presidenta do STM, Maria Elizabeth, e com o presidente do TST, João Dalazen, com o objetivo de estender a GRAEL a todos os tribunais superiores. Enquanto sindicatos sérios e responsáveis lutam pelo Reajuste Para Todos outros insistem em apoiar essas iniciativas de “cisão” que só fazem sangrar toda a categoria.

No dia 10 de setembro, o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, havia nos alertado sobre os trabalhos desse “movimento separatista”, afirmando que estava sendo procurado por defensores da fragmentação. Frisou, no entanto, a esses grupos que o seu objetivo, como presidente do CNJ, era o Reajuste para Todos. O ministro Dalazen, dias depois, trouxe-nos o mesmo teor dessa articulação que vem sendo feita em nome da fragmentação.

Por mais que o PL 7920, que contempla a recomposição salarial de toda categoria, tenha o apoio de todos os presidentes de tribunais superiores e do TJDFT, essas pessoas estão conseguindo fazer com que suas propostas de carreiras próprias e gratificações exclusivas sejam estudadas pelas administrações. E isso é bastante preocupante, pois além de enfraquecer a luta em curso pelo Reajuste Para Todos deixa uma grande interrogação quanto ao futuro: o que será da nossa categoria?

É importante alertar aos sindicatos de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e de outros estados que apoiam essa onda de fragmentação que depois da Federação fazer uma greve que em Brasília durou quase quarenta dias a União dos Servidores do TSE realizou um ato que contou com uma faixa com a inscrição “Reajuste Para Todos” e, por mais incrível que possa parecer, com a participação de dirigentes da Fenajufe apoiando esse movimento. E nos outros dias que se seguiram a esse ato, sem estardalhaço algum, pleitearam gratificações específicas e a fragmentação da categoria.

Não consigo entender qual interesse de diretores da Federação de participar desses atos sabendo o real objetivo deles, pois, no dia da reunião com Toffoli, viram de perto essas pessoas trabalhando pela criação de castas. Não se trata apenas deles quererem o reajuste só para eles, mas de quererem criar grupos privilegiados trabalhando por uma hierarquização que não existe na nossa categoria. Auxiliares, Técnicos, Analistas, Agentes de Segurança, Oficiais de Justiça, servidores de 1ª, 2ª ou 3ª instância, somos todos servidores do Poder Judiciário. Sempre criticamos a postura dos magistrados de se colocarem em pedestais e evitarem contato com a sociedade, inclusive, negando qualquer proximidade conosco que trabalhamos no mesmo ambiente e agora, servidores da própria categoria, querem imitar essa postura preconceituosa e discriminatória dos juízes? É de deixar qualquer um boquiaberto.

Sou técnica judiciária do TJDFT, que é formada por servidores da primeira e da segunda instâncias, isto é, por aqueles que estão levando esse movimento pelo Reajuste Para Todos desde o início, acreditando e lutando por toda categoria encarando greve, paralisações sob sol forte, chuva e até spray de pimenta? Por que essa dificuldade de se aceitar que somos uma só categoria e que juntos somos muito mais fortes? Por que essa ideia fixa de transformar um conjunto de servidores que exerce a mesma função em feudos?

Não é porque um servidor veste terno e o outro atende de camiseta no balcão que há diferenciação na importância do trabalho que desenvolvem. Somos servidores públicos, servidores do povo, e eu, como servidora da primeira instância, sempre tive muito orgulho em atender diretamente a população, jamais me sentindo menor por isso, pelo contrário. Sem a primeira instância não existiria a terceira, somos todos engrenagens de uma mesma máquina chamada Justiça. Para que essa máquina funcione perfeitamente é necessário que todas as peças realizem seu trabalho.

De uma vez por todos, é preciso deixar bastante claro que ninguém é melhor que ninguém. Por mais que muitos neguem essa afirmação, nós somos todos colegas. Independente se fulano trabalha no gabinete de um ministro do STF ou se beltrano desenvolve suas atribuições num fórum no sertão cearense, por exemplo, somos partes de uma só categoria que precisa lutar junto para conseguir firmar suas bandeiras.

Aqueles que se posicionarem a favor da nossa categoria, eu peço para que participem do Ato do dia 19, às 15h, em frente ao STF: o ato pelo Reajuste Para Todos. É uma data estratégica e uma bela oportunidade de mostrar que somos um só, pois só assim teremos chance de sermos respeitados e valorizados.

 

 

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