fbpx

Rio Grande do Sul deflagra greve por tempo indeterminado na luta por reposição salarial

Greve nacional já começa com adesão de oito estados

Por reposição salarial, pela recomposição de perdas que chegam a quase 50% e em defesa da carreira, os servidores do Judiciário Federal do RS aprovaram a entrada em greve por tempo indeterminado a partir desta quinta-feira (14/08). A decisão foi tomada em assembleia geral estadual da categoria, que ocorreu nas varas trabalhistas de Porto Alegre, reunindo servidores das justiças do Trabalho, Federal e Eleitoral, além de aposentados. Estavam presentes colegas de Cachoeira do Sul, Cachoeirinha, Canoas, Caxias do Sul, Gravataí, Novo Hamburgo, Osório, Pelotas, Rio Grande, Santa Rosa, São Jerônimo e Torres, além da capital.

Ao apresentar os informes no início da assembleia, o diretor Cristiano Moreira ressaltou que a ampliada da Fenajufe do dia 9 de agosto ratificou o indicativo de greve e aprovou calendário que inclui um apagão do Judiciário nos dias 25 e 26 de agosto, com foco da Justiça Eleitoral, e ato nacional dia 27 em frente ao STF. O dirigente destacou que a retomada da greve já começa com a adesão, além do Rio Grande do Sul, de Distrito Federal, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Bahia e TRT da 15ª Região (São Paulo). Hoje, São Paulo também aprovou entrada na greve. Rio Grande do Norte e Paraíba têm assembleia amanhã, e outros estados ainda avaliam a mobilização.

O novo presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, empossado ontem, orientou que o diretor-geral do tribunal, Amarildo Vieira, entrasse em contato, ontem mesmo, com o secretário do Ministério do Planejamento Sérgio Mendonça, para tratar do reajuste da questão orçamentária. “Agora, temos de fortalecer a mobilização, para que o STF se empenhe na aprovação do reajuste dos servidores e para dobrar o governo Dilma”, ressaltou Cristiano.

Nas intervenções, a certeza de que só a luta conquista

As intervenções dos colegas reforçaram a necessidade da greve para buscar a reposição salarial. Todos foram unânimes ao dizer que a categoria nunca conquistou sem lutar. O colega João Batista Federes Reis, da JT de São Jerônimo, disse que a greve de maio/junho mostrou aos incrédulos que a categoria, unida, consegue a vitória. O foco agora é o PL 6.613/09, afirmou Clarice Camargo, da JF de Novo Hamburgo, que completou: “Eu quero a reposição”.

Para o diretor Andrés Cevallos, a conquista do reajuste é um desafio, mas a categoria pode avançar, da mesma forma o fez na greve do primeiro semestre. Ele lembrou que, neste ano, o poder de barganha é maior, devido às eleições. O colega Alan Carlos Dias da Silva, das VTs, destacou que a força dos trabalhadores é o trabalho e que muitas vezes, para negociar, é preciso fazer greve. No caso do Judiciário Federal, disse ele, uma greve para cobrar os oito de anos de congelamento salarial que o Estado deve à categoria.

“A greve anterior demonstrou nossa força, conseguimos reverter um quadro bastante improvável”, disse Fabíola Ribeiro, da JT de Porto Alegre, referindo-se à vitória sobre a PEC 59/13. A colega ressaltou que as perdas salariais são o pano de fundo das carreiras exclusivas, devido à defasagem. Para Fabíola, o momento de fazer a greve é agora. Segundo o colega Zé Oliveira, do TRF, este é um momento importante de retomada da mobilização nacionalmente. Ele lembrou que o governo tem até o dia 31 para formalizar a proposta orçamentária no Congresso e disse que é preciso ampliar o movimento e pressionar para que a proposta inclua valores para os servidores.

“Acabamos de encerrar um movimento que contou com atos, assembleias que nos levaram a uma vitória importantíssima: derrotar um dos maiores ataques sofridos pela categoria”, afirmou o diretor Cristiano Moreira. Ele destacou que, a se categoria não fizer a luta agora, ficará pelo menos mais um ano com o salário congelado, corroído pela inflação. “A única resposta para derrotar as carreiras exclusivas é, sim, construir uma grande mobilização”, afirmou, para pressionar o governo, que não respeita os servidores, e o STF, que só se preocupa com a reposição da magistratura. “Não tem vitória sem luta”, concluiu.

“Estamos retomando uma luta que, sabíamos, precisaria ser retomada”, disse o diretor Fagner Azeredo. Ele destacou que a categoria derrotou a PEC 59/13, “um projeto do governo para acabar co com o Poder Judiciário”. Agora, ressaltou, a categoria tem o dever de participar da greve e construí-la no local de trabalho, para derrotar de vez as carreiras exclusivas. “Nossa luta é por reajuste e para enfrentar as diferenciações que querem promover na categoria”, afirmou o dirigente, para quem é fundamental dobrar o STF e o governo federal, que, ano após ano, corta o orçamento no que diz respeito aos salários dos servidores.

As perdas de quase 50% têm uma causa: é o nosso patrão, o governo, destacou o colega Rafael Scherer, da JT de Porto Alegre. Ele lembrou que o impacto do substitutivo ao PL 6.613/09 é de até 4% da receita corrente líquida, quando, segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal, poderia chegar a 6%. Portanto, a proposta é totalmente viável, falta vontade política do governo. A greve é uma tarefa muito importante, somente com ela o trabalhador consegue avanços, afirmou o colega Paulo Rosa, da JT de Porto Alegre. Ele disse que acredita no crescimento do movimento, a partir da vontade coletiva da categoria. “Vamos fazer uma greve forte, que dobre o governo e o force a negociar”, concluiu.

O diretor Ruy Almeida destacou que a categoria, no RS, fez os maiores atos da greve do primeiro semestre em todo o Brasil, e afirmou a necessidade da retomada da greve com essa mesma força: “Hoje a gente tem a obrigação de lutar para não cair no abismo, pois nossa categoria já tem quase 50% de perdas salariais”, afirmou. Para o dirigente, reeditar 2002 e 2006, quando a categoria conquistou reajustes importantes em anos eleitorais, e fazer uma grande greve, é uma responsabilidade a que o RS não vai se furtar. “Vamos à greve, vamos à vitória!”, conclamou.

Ao final, todos aplaudiram a entrada da categoria em mais uma luta por seus direitos, pela reposição salarial, contra o arrocho e a perda de direitos. Foi aprovada, também, pela assembleia, a realização de ato público, dia 20 de agosto, próxima quarta-feira, em frente ao TRT, e apagão no Judiciário, com ato no Anexo da Justiça Eleitoral, no dia 26.

Fonte: Sintrajufe/RS, por Rosane Vargas

 

Pin It

afju fja fndc