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Corte do reajuste da categoria revolta servidores do RN e fortalece a greve

O anúncio de que Dilma cortou o orçamento do Judiciário para 2015 serviu de gás para a categoria do Rio Grande do Norte que está em greve desde o último dia 21 de agosto.  No oitavo dia de paralisação, sendo o sexto estado a aderir ao movimento paredista, os servidores do Judiciário Federal no Estado estão cada vez mais conscientes de sua força de trabalho e do poder da categoria.

Toda a revolta, angústia e indignação pela exclusão da proposta orçamentária do Poder Judiciário do projeto salarial dos servidores, o PL 6613/2009, que se encontra na Comissão de Finanças da Câmara foi digerida nos primeiros depoimentos emocionados da manhã desta sexta-feira (29) durante a mobilização de greve em frente ao TRT.  Em repúdio ao ato da presidenta e candidata à reeleição, e pressionar Lewandowski a reagir e exigir respeito à autonomia financeira do Poder Judiciário e do MPU, prevista na Constituição Federal, os servidores concluíram que o momento, mais do que nunca, é de luta.

Na próxima segunda-feira, 01 de setembro, ocorrerá uma assembleia às 9h30min, em primeira convocação, e, às 10h, em segunda e última convocação, em frente ao TRT 21, para avaliar e deliberar sobre a greve. Pelos ânimos demonstrados na concentração de hoje, a tendência é que o movimento se intensifique como recomendado pelo Comando nacional de Greve que orienta a manutenção e a ampliação da greve, com a Semana da Indignação, de 1º a 5 de setembro, com atos e apagões previstos para toda a próxima semana, em especial nos dias 2 e 3 no TRE.

Descontentamento

Para o servidor Olavo Chaves é preciso tomar uma atitude contra os senhores feudais. Segundo ele, se for preciso, o caminho é largar a função ou atrasar serviços para participar da greve. “Nós somos a senzala, não temos direito a nada, a não ser servir”, a mensagem foi em referência à notícia que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) aprovaram em sessão administrativa desta quinta-feira (28) uma proposta de aumento dos próprios salários de R$ 29,4 mil para R$ 35,9 mil - alta de 22%. Conforme o Supremo, o reajuste tem a intenção de recompor as perdas inflacionárias no período de 2009 a 2014 com base no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A proposta que será enviada para o Congresso poderá ser incluída no Orçamento de 2015. “Espero que ao invés de ficarmos inertes, como eles querem, vamos tomar uma atitude positiva e lutar por nossos direitos”, finalizou emocionado.

Sintrajurn

A coordenadora geral do Sintrajurn, Silvana Gruska, que participou da reunião do Comando Nacional de Greve, nesta quinta-feira (28), em Brasília, acompanhou toda movimentação das últimas 24 horas e confidenciou que não conseguiu dormir à noite revoltada com a notícia do corte dos valores do reajuste da categoria no orçamento, mas parabenizou a categoria pela paralisação do estado que esta fazendo história, como também parabenizou os grevistas no Estado que estão fazendo sua história de luta.

Silvana informou que a magistratura está com dois projetos de melhoria salarial, além do PL do reajuste aprovado pelos ministros, existe a PEC 63/2013, do ATS (Adicional por Tempo de Serviço), que está pautada para o dia dois de setembro no Senado. “Justamente quando o orçamento é cortado, saem essas notícias. Não existem coincidências tão fortes, são acontecimentos como esses que devem servir de combustível para a categoria lutar pelo seu reajuste”, disse e complementou, “vamos pressionar por uma negociação, a situação exige união, unidade, essa notícia do corte me deixou triste, mas não enfraquecida”. Sugeriu a todos que no final de semana reflitam sobre esses fatos, no que está acontecendo com a carreira, na falta de reajuste salarial há oito anos, para tomar uma decisão consciente na assembleia de segunda-feira.

Voz do Servidor

A servidora do TRT, Fernanda Souza, mais uma vez incitou a categoria com seu discurso realista ao confidenciar que seu sentimento era de união, que a consciência coletiva e o esforço não estavam sendo em vão. “Vamos intensificar tudo, vamos parar as audiências, não é preciso pedir permissão a juiz para estar aqui, é um direito nosso, constitucional, vamos intensificar, parar tudo, quero ver se nosso aumento não saí”.

Também do TRT, a servidora Silvana da Rocha, presente em todas as mobilizações desta semana e nos arrastões realizados antes dos atos, voltou a se pronunciar e, de forma convincente, alertou da importância de se inserir na luta da categoria. “Temos essa coisa de pedir o apadrinhamento. Não estamos lutando só pelo salário, mas por toda nossa carreira, por nossa dignidade”.

A servidora Ana Maria, com 21 anos de atividade no tribunal trabalhista, pediu a fala pela primeira vez na greve e, como os demais, incentivou os colegas para a paralisação. “Não sei o que estamos esperando para parar de vez. Têm que parar audiência, execução, mandados. Ninguém passa o dia brincando, somos adultos, temos que ser respeitados, ou a gente luta para fazer o que tem que ser feito, que é estar aqui, ou não vamos conseguir nada”.

O coordenador executivo do Sintrajurn, Paulo Marcelino, ressaltou que trabalha na Justiça Federal há mais de duas décadas e nunca passou por uma situação de desvalorização da carreira como a que está presenciando atualmente. “O que construí em 25 anos estou perdendo, o momento é de luta, de união, se o colega perder a FC não aceite, se ninguém aceitar o que o juiz vai fazer?”

Outros servidores tiveram a oportunidade de mostrar sua indignação com o corte do reajuste no orçamento enviado ao Congresso. Ao final o coordenador Leandro Gonçalves voltou a parabenizar os servidores, a informar que a paralisação já está afetando os serviços do TRE, está prejudicando as atividades no órgão, mesmo que as administrações dos Tribunais não assumam, e podem sim comprometer a eleição. Leandro alertou que os servidores devem permanecer de guarda, para fortalecer o movimento que só depende da categoria. 

Fonte: Sintrajurn/RN, por Leane Fonseca, com foto de Rosineide Pereira

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