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Protesto na abertura da Expointer com presença de Dilma denuncia arrocho salarial dos servidores do Judiciário

Os servidores do Judiciário Federal do Rio Grande do Sul aproveitaram a passagem da presidente Dilma Rousseff (PT) no estado para protestar contra o corte no orçamento do Judiciário e a falta de diálogo que leve à reposição salarial reivindicada pela categoria. O Sintrajufe/RS organizou a manifestação ocorrida durante a presença de Dilma na abertura oficial da Expointer, na manhã desta sexta-feira, 5, com grande repercussão na mídia nacional já nos momentos seguintes ao ato.

Desde o início da manhã os servidores em greve começaram a se reunir em frente ao prédio das varas trabalhistas, de onde partiu um ônibus em direção à Expointer. Com adesivos, apitos e cartazes, entraram no Parque de Exposições de Esteio, sendo em seguida interpelados pelo assessor da Secretaria-Geral da Presidência da República, Wlamir Martinez. Após ouvir as demandas da categoria, o assessor propôs a marcação de uma reunião em Brasília para a próxima semana, desde que não ocorresse o protesto, ideia imediatamente rechaçada. Em seguida, sugeriu um encontro com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto. Por entender que Rossetto não tem relação com a pauta da categoria, os servidores também recusaram e optaram por dar continuidade ao ato previsto. Os servidores ainda garantiram que não fariam o ato se fossem recebidos por Dilma, mas essa proposta não foi aceita pelo assessor, que recebeu dos manifestantes um ofício a ser entregue à presidente, onde constam as reivindicações da categoria.

Nas arquibancadas próximas às tribunas onde aconteceria a cerimônia de abertura oficial, o protesto começou com cartazes erguidos e palavras de ordem. Ao lado, alguns militantes apoiadores de Dilma provocaram os servidores: "vão trabalhar, vagabundos", gritaram alguns. Depois, em coro, pediam que o ponto dos grevistas fosse cortado.

Imprensa atribuiu aos servidores vaia de militantes dirigida aos grevistas

Mesmo com as provocações, os servidores continuaram com o ato, intensificando os gritos por negociação e por reposição salarial quando Dilma começou a discursar. Os apoiadores da presidente vaiaram o protesto, o que, mais tarde, levou a informações equivocadas publicadas em alguns veículos de imprensa que disseram que teriam sido os servidores do Judiciário os responsáveis pelas vaias. Com cartazes exigindo reposição para toda a categoria, os servidores entoaram palavras de ordem, como "trabalhador na rua, Dilma a culpa é tua!", e pediram, em coro: "negocia! Negocia!". Foi ainda estendida uma faixa com os dizeres "negocia Dilma vez".

Ato foi demonstração da vontade de lutar da categoria, entendem servidores

O ato foi encerrado já no início da tarde, quando foi encerrada a cerimônia. Entre os presentes ao protesto, uma sensação de dever cumprido. Para a servidora Nádia Freitas Lopes, da JT Porto Alegre, o ato foi o mais importante dessa greve: "demonstramos que a categoria está firme no seu propósito e irá continuar na luta pelos seus direitos", disse. Claudio Rodrigues Filho, da 18ª vara do trabalho de Porto Alegre, também acredita que o ato foi bastante positivo: "Fomos lá, marcamos presença, não fomos ignorados. Tentaram nos dissuadir, mas nós mostramos que queremos negociar, que queremos ser ouvidos e não vamos desistir", afirmou. Carlos Ricardo da Silveira, servidor do Arquivo do TRT, concorda: "o ato foi excelente, o governo finalmente nos ouviu. Não respondeu ainda, mas ouviu. Acredito que a mobilização continuando o governo vai ter que negociar de verdade, e não apenas mandar pessoas que não têm poder de negociação para falar com a gente".

Pedro Santos, da informática do TRT, destaca a visibilidade do protesto: "achei o ato importante para dar visibilidade para o nosso protesto por reposição salarial. Fomos bem noticiados por muitas emissoras de televisão, rádio e jornais", comemora. Douglas Dickel, da 8ª vara do trabalho de Porto Alegre, pensa da mesma forma: "conseguimos chamar a atenção da imprensa e dos políticos, da Dilma. Até vieram falar com a gente, mas sem nenhuma proposta concreta, então fizemos barulho. Inclusive mandaram a militância do PT para tentar nos neutralizar, mas eles acabaram fazendo barulho junto e pareceu ser o mesmo protesto".

Michelle dos Santos e Sonia Ferrari, ambas de São Jerônimo, se deslocaram até Porto Alegre e depois até Esteio para participar da manifestação, e não se arrependeram. Para Michele, "o ato foi muito positivo, a categoria mostrou força e coragem de ir atrás. Fomos ouvidos, e já está tendo uma repercussão positiva". Sonia concorda, e acredita que os servidores que estiveram no ato representaram a vontade da categoria de seguir mobilizada pela reposição: "estivemos hoje manifestando a nossa luta, e acho que foi muito positivo. Conseguimos expressar nossa indignação e fomos ouvidos. Tentaram impedir a nossa manifestação, nós não deixamos, não nos curvamos, e levamos adiante a mensagem que toda a categoria quer passar nesse momento".

Na opinião do diretor Cristiano Moreira, a categoria mais uma vez deu uma grande demonstração de sua capacidade de luta. "O governo tentou evitar o ato, mas a categoria mostrou a que veio e mostrou sua insatisfação para todo o Brasil", disse o diretor. "Ou Dilma negocia e nos respeita, ou vai ser cobrada da mesma forma em cada canto do país", concluiu.

Para o diretor Paulo Gustavo Barroso (PG), "fechamos a Semana da Indignação com a sensação do dever cumprido, dando visibilidade ao arrocho salarial imposto pelo governo aos servidores do Judiciário Federal.".

Texto e fotos: Alexandre Haubrich, Sintrajufe/RS

 

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