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Apagão do Judiciário em MG: Servidores marcham por Belo Horizonte e “enterram” presidente Dilma por seus abusos

Cerca de 400 servidores do Judiciário Federal em Minas realizaram uma bem-sucedida passeata na tarde desta quarta-feira, 24, pela região Centro-Sul de Belo Horizonte, chamando a atenção da população e da imprensa para a luta dos trabalhadores da Justiça. Após concentração em frente à Justiça Federal, no bairro Santo Agostinho, os manifestantes saíram em caminhada carregando um caixão onde estava “enterrada” a presidente Dilma Rousseff, por se negar a negociar com a categoria e por ter vetado a verba necessária à reposição salarial no PLOA 2015. O cortejo fúnebre chamou a atenção de muitos pedestres e motoristas, que recebiam panfletos contendo informações sobre a luta e sobre o papel do Judiciário no dia a dia do cidadão.

Vestindo preto, com guarda-chuvas pretos, bandeiras, balões pretos e faixas, e ao som de marcha fúnebre, foguetes, apitaços e palavras de ordem, os trabalhadores seguiram até o prédio dos Cartórios Eleitorais, no bairro de Lourdes, onde realizaram ato público e deliberaram por nova paralisação na próxima semana – a data ainda será definida, de acordo com reunião do Comando de Greve no estado e das deliberações do Comando Nacional de Greve. Após várias falas ao microfone e após fecharem a avenida diversas vezes, chamando a atenção dos motoristas e pedestres para a causa da categoria, os manifestantes caminharam novamente, desta vez rumo à sede do TRE-MG, no bairro Cidade Jardim, onde encerraram a atividade.

Esclarecimentos à população

Antes da concentração na JF, grupos de servidores percorreram os prédios próximos chamando os colegas para participarem da atividade. Ao microfone, o coordenador geral do SITRAEMG Igor Yagelovic lembrou que hoje, 24, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) ministro Ricardo Lewandowski, está exercendo a presidência do Brasil interinamente – a ocasião perfeita para ele encaminhar o PL 7920/2014, caso quisesse, disse o sindicalista. O servidor da JF e diretor de base Nestor Santiago incentivou os colegas passando informes sobre os locais paralisados – até aquele momento (13h), já eram 23 Varas Federais fechadas.

Já no percurso até o prédio dos Cartórios Eleitorais, o coordenador financeiro do Sindicato Célio Izidoro Rosa esclarecia a população sobre o motivo dos servidores estarem nas ruas. Além do arrocho salarial que já chega a oito anos, a categoria também sofre com as metas abusivas e as exaustivas jornadas de trabalho, que levam ao adoecimento dos trabalhadores. Criticando o governo federal por usar o dinheiro do país para pagar banqueiros e os juros da dívida pública, Célio Izidoro pediu a solidariedade e o apoio da população: “a Justiça é quem garante o seu direito quando os outros órgãos erram. Quando o INSS erra na sua aposentadoria, quando você precisa de remédios e internações, é a Justiça que garante o seu direito. Judiciário forte é povo forte”, ressaltou.

Coragem e união

Os colegas que estavam na mobilização apesar de terem funções comissionadas e cargos em comissão também foram elogiados por sua coragem, por não se deixarem intimidar pela ameaça de perder tais adicionais. Os servidores também se manifestaram no sentido de repudiar o senso comum de que o servidor público “ganha muito e trabalha pouco” – uma ideia totalmente ultrapassada, haja vista que hoje todos trabalham muito, com metas e avaliações – o diretor de base e servidor do TRT David Landau e a coordenadora do SITRAEMG Vilma Oliveira Lourenço pediram uma salva de palmas para eles. Ainda neste tema, Landau recriminou a atitude de alguns diretores de Vara e chefes de cartório que, segundo denúncias dos próprios servidores, estariam coagindo os trabalhadores a não participarem da mobilização.

As servidoras da Justiça Federal Maria Luiza Triani e Vilma Maria dos Santos destacaram, em suas falas aos colegas, a importância do Judiciário na vida da população: da Justiça Federal, na garantia de direitos negados por outros órgãos; da Justiça Trabalhista, na garantia dos direitos dos trabalhadores, especialmente os mais pobres; e da Justiça Eleitoral, que garante um processo eleitoral dos mais avançados e rápidos do mundo. As servidoras também criticaram a postura de Dilma Rousseff ao cortar a verba destinada à reposição salarial dos trabalhadores e reafirmaram que a população precisa saber que é o trabalho dos servidores que garante seus direitos. “Precisamos ser valorizados, precisamos nos valorizar”, disseram.

Para o filiado e servidor da Justiça do Trabalho Luiz Fernando Rodrigues, os servidores do Judiciário estão mais unidos que nunca e, unidos a um movimento nacional, não desistirão da reposição salarial. O servidor disse que a categoria não aceitará pressão e exigiu respeito para os servidores. “O TRE pode preparar os voluntários, porque o trabalhador da [Justiça] Eleitoral não fará nada sem a sua reposição salarial”, finalizou, incentivando os colegas e aderirem à luta. A aposentada do TRT Lúcia Maria Bernardes de Freitas, ex-dirigente sindical, também esteve presente no ato desta tarde. Lúcia, tal qual Luiz, também chamou os colegas a se unirem, passando por cima de qualquer questão entre segmentos - técnicos, analistas, oficiais de Justiça, etc. – para se unirem em prol de um objetivo comum, o PL 7920/2014. A aposentada criticou os que se negam a lutar e alertou: “não vamos deixar brigas nos separarem, porque é isso que eles querem”, disse, referindo-se ao governo e à cúpula do Judiciário, que se aproveitam do enfraquecimento que as disputas internas causam às lutas.

Fonte: Sitraemg/MG, com texto e fotos de Janaina Rochido

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