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Ato no TRE-SP cobra resposta do governo ao projeto salarial

Servidores também exigem respeito ao direito de greve e melhores condições de trabalho

Ao serem impedidos de exercer um direito fundamental (o direito de greve), os servidores do Judiciário Federal sofreram um ataque que atinge toda a classe trabalhadora e o próprio estado democrático de direito.

Foi o que disse o juiz trabalhista e professor de Direito da USP Jorge Souto Maior ao participar do ato público que os servidores realizaram nesta quarta-feira, 15, diante do TRE. “Vim dar meu abraço de solidariedade, numa perspectiva de classe”, anunciou Souto Maior.

“Suas mãos não devem ser amputadas; suas vozes não devem ser caladas”, declarou outro professor de Direito da USP presente na manifestação, o juiz federal Marcus Orione.

Cercado por um aparato policial, o ato reuniu trabalhadores das Justiças Eleitoral, Trabalhista e Federal, além de aposentados.

Também compareceram representantes dos metroviários e do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência no Estado de São Paulo (Sinsprev), que nos últimos dias se juntaram às várias manifestações de solidariedade recebidas pelos servidores do Judiciário Federal em São Paulo.

Falando em nome do Sindicato dos Metroviários de São Paulo e da federação nacional dos metroviários, Celso Borba agradeceu o apoio dos servidores do Judiciário à greve da categoria, duramente reprimida pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) em junho. “Quero saudar a luta de vocês e dizer que podem contar com o apoio dos metroviários, de São Paulo e de todo o Brasil”, afirmou.

Prazo para resposta

A pauta original da manifestação tinha como foco a cobrança de uma resposta do STF e do governo Dilma Rousseff (PT) ao projeto de reposição salarial da categoria. Segundo informou o coordenador da Fenajufe Adilson Rodrigues, as assembleias nos estados estão indicando o próximo dia 21 como prazo máximo para que o governo apresente uma proposta.

Caso isso não aconteça, os servidores desses estados vão paralisar o trabalho no dia 22, com uma avaliação da mobilização em cada estado ao final do dia.

O ato público também foi mais um protesto contra a liminar do desembargador Cotrim Guimarães, do TRF-3, que proibiu a greve dos servidores do TRE marcada para começar no dia 30 de setembro. “Querem calar a nossa voz e nos impedir de exercer um direito fundamental, mas não aceitaremos intimidação”, disse Adilson.

No entanto, trágicos acontecimentos das últimas semanas trouxeram também para o foco do ato público desta quarta-feira questões como condições de trabalho, imposição de metas, assédio moral e adoecimento.

Desumanização do trabalho

A morte da servidora da JT Amanda Priscila Costa, na última segunda-feira, aumentou a indignação e escancarou a necessidade de a categoria se unir contra a desumanização do trabalho.  “Temos um recado à administração: evitem carregar a culpa por mais mortes que, infelizmente, ainda podem ocorrer”, disse Lynira Sardinha, diretora do Sintrajud e servidora da JT em Cubatão.

Ao lembrar os três casos de suicídio que ocorreram no período de um mês entre os servidores da JT de São Paulo, o diretor de base do Sintrajud Marcus Vergne apontou que os três tinham em comum o trabalho. “Existe um assédio institucionalizado naquele Tribunal”, afirmou Marcus, que também é servidor do Fórum Trabalhista Ruy Barbosa.

Os servidores voltaram a manifestar repúdio contra a atitude da juíza da 26ª vara do Fórum, Elisa Andreoni, que publicou em sua página do Facebook uma desagradável e desrespeitosa mensagem sobre a morte de Amanda. Assim como na véspera, no “Ato pela Vida”, realizado no Fórum Trabalhista, os servidores leram a carta em homenagem a Amanda escrita pelo colega Tauff Ganem de Abreu.

“Festa democrática”

 “O que está acontecendo com os servidores públicos está chegando ao ápice do absurdo”, afirmou Souto Maior. “Por isso, o impedimento ao exercício do direito de greve deve ser enfrentado com muita luta e organização”, declarou. “Se não, o que nos resta fazer? Morrer?”

O professor Marcus Orione destacou que os servidores do Judiciário organizam a chamada “festa democrática” das eleições, mas não são lembrados por isso. “Se não fosse o esforço desses trabalhadores, aquele momento democrático não existiria”, disse Orione. “Mas eles não são lembrados quando tudo está funcionando normalmente; até o momento em que dizem ‘não’”.

Fonte: Sintrajud/SP, com fotos de Joca Duarte

 

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