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Fenajufe publica resoluções aprovadas na XXIII Plenária Nacional em apoio ao povo da Palestina

Fenajufe publica resoluções aprovadas na XXIII Plenária Nacional em apoio ao povo da Palestina

Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino é celebrado nesta quarta-feira (29); data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1977

No Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino, celebrado nesta quarta-feira (29), a Fenajufe divulga as duas moções que foram aprovadas na XXIII Plenária Nacional da Fenajufe em apoio à população da Palestina. A data foi instituída em 1977 durante Assembleia Geral da ONU (resolução 32/40 B).

A XXIII Plenária Nacional da Fenajufe ocorreu entre os dias 23 e 26 de novembro, em Belém do Pará.


Moções:

Pelo fim do massacre sionista e imperialista em Gaza

O cerco e massacre de Israel contra o povo palestino, seja na Cisjordânia ou Gaza não começou agora. O genocídio em curso, praticado por Israel, é parte de um projeto colonialista, imperialista, portanto, a tensão histórica no local não foi causada pelo HAMAS. Segundo o pesquisador Marcelo Buzetto, cientista político e autor do livro “A questão palestina”, o que estamos assistindo “é um conflito entre colonizador e colonizado”. Essa opinião é corroborada por Max Leite, judeu antissionista, pesquisador do tema.

O estopim desse último conflito foi o ataque do Hamas a Israel ocorrido em 7 de outubro. A reação do País chefiado por Netanyahu está sendo apontada como uma das maiores carnificinas produzidas no mundo. Para se ter uma ideia, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia que já dura 2 anos, matou 1/3 a menos do que o conflito que acontece há um mês na Palestina. Outra importante diferença é que na Palestina 75% dos mortos são crianças e mulheres.

Direito a autodefesa ou genocídio?

Israel justifica a matança ao simples exercício do seu direito à autodefesa. Mas a história comprova que a dominação de Israel ao povo palestino é uma constante, e aumentou nos últimos 27 anos quando Netanyahu intensificou o racionamento de água, alimentos, energia e combustível aos palestinos, somado à ampliação das ocupações de israelenses civis e militares dentro do território palestino (Cisjordânia e Gaza). Além da situação de pobreza imposta, Israel controla o trânsito de palestinos dentro da sua própria terra.

Os palestinos a maioria crianças e jovens não estão morrendo apenas por bombas, mísseis e fuzis israelenses, mas também por fome, sede e doenças que não podem ser tratadas nos hospitais palestinos, que além do bloqueio de combustível e energia elétrica, vem sendo alvo de ataques diretos, assim como as ambulâncias. Segundo o pesquisador Marcelo Buzzeto, os palestinos vivem presos sem terem cometido crime algum: “tiveram a terra invadida, com apoio de potências estrangeiras. Então lutam para ter a sua independência, soberania, a sua libertação nacional". Além disso, não podem sair da sua terra, e ninguém pode entrar sem autorização de Israel: “Eles não têm aeroporto, porto, não tem rodoviária, não podem sair de lá. Israel, de fato, comete crimes de guerra quando ele impõe este cerco e obriga a população a ficar lá sem luz, sem água e sem comida, sem acesso à ajuda humanitária".

Sionismo x antissemitismo

Max Leite, judeu antissionista integrante da organização internacional Jews Against White Supremacy (Judeus Contra a Supremacia Branca, em tradução livre), explicou resumidamente que o sionismo prega a supremacia de um povo que se considera dono de todo o território. Antes de se instalarem na Palestina, o lema sionista era “uma terra sem povo para um povo sem terra”. Ao vislumbrar sua instalação do País naquele local, abandonaram a primeira parte do lema, posto que ali não era “terra sem povo”. Ali viveram vários povos, entre eles judeus, em minoria, e conviviam harmonicamente com os demais povos, entre eles os palestinos, que eram maioria. Impossível aprofundar a história da fundação de Israel naquele local passando a ocupar a maioria (52%) do território expulsando dali os palestinos que ali viviam, e que passariam a ter apenas 48% da terra mesmo sendo maioria populacional. Por isso daremos um salto para o momento presente.

Israel ocupa agora mais de 70% do território, e ainda possui ocupações no pequeno pedaço fora do seu território, na pequena parte “concedida” aos palestinos, que vêm aumentar a cada momento o controle e vigilância sobre sua população inclusive crianças. Assim, Israel avança passo a passo rumo à posse, de fato, de toda a área. Nem todos os sionistas são religiosos, mas a base religiosa dessa ideologia sustenta que eles são os povos “escolhidos” por Jeová e possuem direito “natural” àquela terra.

Isso é o sionismo, e para defendê-lo, alguns acusam seus opositores de antissemitas. Nada mais errado. O antissemitismo, ou “ódio aos judeus”, esteve presente em várias partes do mundo, e exemplo mais dramático foi o holocausto praticado pelo nazismo de Hitler. Este alegava o direito ao “espaço vital” para os alemães arianos, e, sem ter como expulsar a todos os judeus das terras conquistadas, buscou a “solução final” do seu extermínio em campos de concentração. O sionismo abraçou parte da teoria nazista sobre direito ao “espaço vital”, dessa vez para os judeus. Estudiosos apontam que a “solução final” está para ser consumada, com o extermínio dos palestinos que se recusarem a sair das suas terras.

É um grande erro acusar, os judeus enquanto povo, de serem sionistas, deste modo, é também inaceitável acusar aqueles que estão contra o massacre e genocídio na Palestina de serem antissemitas. Há muitos judeus que lutam contra o sionismo e se opõe ao genocídio em curso na faixa de Gaza. Acusar de antissemita quem é contra a limpeza étnica em Gaza além de desonestidade, é uma estratégia da extrema-direita para tentar enfraquecer a solidariedade ao povo palestino.

Assim, esta Plenária, composta por trabalhadores públicos e cidadãos, não pode se omitir diante do massacre e extermínio de um povo, a maioria crianças e mulheres, sob qualquer motivo ou justificativa. Precisamos nos posicionar:

a) Pelo cessar fogo imediato e retirada das tropas de toda Gaza e Cisjordânia;

b) Fim das ocupações israelenses nos territórios palestinos;

c) Pela liberdade e autonomia do povo palestino, que foi expulso das suas terras;

d) Que o território volte à formação anterior à formação do Estado, quando todos os povos que ali viviam, conviviam em paz.

e) Que o governo Lula rompa imediatamente todas as relações com Israel, sejam
elas diplomáticas, tecno-militares e em todas outras áreas.

Solidariedade ao povo palestino! Parem o Genocídio! Fim do Bloqueio a Gaza!

A XXIII Plenária Nacional da Fenajufe movida pelo princípio da solidariedade internacionalista, diante do genocídio em curso contra o povo palestino, soma-se aos movimentos em todo o mundo no apelo pelo imediato cessar-fogo e pelo fim do bloqueio a Gaza.

Manifestamos profundo repúdio aos bombardeios contra milhares de civis, crianças, mulheres, escolas e hospitais em Gaza e o recrudescimento da repressão letal na Cisjordânia, ocupada por Israel, que, a pretexto de responder à ação armada do Hamas que não poupou civis, comete novos crimes de guerra e de lesa-humanidade e opera um verdadeiro genocídio. A brutal ofensiva israelense é, mais do que um ato de vingança. Nos fatos, o que está em curso é a expulsão da população de Gaza para perpetuar a colonização israelense de toda a Palestina.

Em diversas partes do mundo se realizam atos, inclusive com grande participação de Judeus, em solidariedade ao povo palestino. Nova Yorque, Londres, Istambul, Buenos Aires, Madri... Todas exigem o cessar fogo e o fim do bloqueio a Gaza.

Fato também é que passado um mês segue um show de horrores enquanto a ONU segue debatendo suas resoluções, com responsabilidade direta e criminosa do governo Biden. A Bolívia, por sua vez, rompeu suas relações diplomáticas com Israel, a Colômbia, África do Sul, Chile e Honduras chamaram de volta seus embaixadores. No Brasil, cuja diplomacia empreendeu esforços pelo cessar fogo e ajuda humanitária e tem sido voz firme de denúncia do massacre de civis, com a reunião do embaixador de Israel com Bolsonaro e um grupo de deputados, além de uma indevida interferência na vida política nacional, mostra que também é preciso subir o tom. É preciso questionar os convênios militares estaduais e federais, intercâmbios e relações diplomáticas com Netanyahu, *que deve necessariamente responder pelos inúmeros crimes de guerra cometidos aos olhos da comunidade internacional, valendo-se da inoperância e total ineficiência dos organismos multilaterais internacionais.

A luta do povo palestino, que já dura mais de 75 anos, é em defesa do direito à sua terra, uma vida segura, com acesso a direitos básicos, o que somente pode ser alcançado pela construção de uma paz duradoura na região, assegurando que árabes, judeus e cristãos possam viver harmonicamente em condições de democracia e direitos iguais para todos, independentemente de credo ou etnia.

A XXIII Plenária Nacional da Fenajufe orienta os sindicatos em todo o País a se fazerem presente nos atos convocados para o próximo dia 29 de novembro, data estabelecida pela Nações Unidas como o Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino, celebrada desde 1977. Além disso, orienta a construção e participação em comitês unitários em solidariedade ao povo palestino! Pelo imediato cessar-fogo e fim do bloqueio! Parem o Genocídio!


 

Raphael de Araújo

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