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8 de Março, Dia Internacional da Mulher! Momento de refletir, reagir e retomar espaços

Eu sou mulher e decidi viver de escolhas,
não de chances. Optei por ser motivada e
não manipulada, ser útil e não usada,
me sobressair, não competir.
Eu escolhi amor próprio e não autopiedade.
Eu escolhi ouvir minha própria voz,
não a opinião dos outros.
Eu descobri que ser mulher é ser livre,
é ser líder, senhora do meu destino.
(Crys Rangel, DF)

 
Luciano Beregeno

Mais de cem anos se passaram desde a criação do Dia da Mulher, fruto do contexto das reivindicações feministas por melhores condições de trabalho ainda no Século XIX. Foi essa construção que culminou no reconhecimento oficial do 8 de Março como Dia Internacional da Mulher, em 1977, pela Organização das Nações Unidas (ONU). Mas, apesar de toda a trajetória de lutas e reafirmação diuturna das bandeiras específicas, o caminho ainda tem muito que ser trilhado.

Ainda há muito a ser conquistado. Principalmente retomado, ante o recrudescimento de um machismo quase atávico que insiste em se manifestar de variadas formas – explícitas e veladas. Seja no dia a dia com restrições ao vestir e muitas mais de ordem comportamental, religiosas e até culturais, a subjugação da mulher se manifesta violentamente, reproduzida por “saberes” herdados. É um contexto social que se apresenta agressivo ao reconhecimento da mulher enquanto ente social, pleno de direitos e deveres, como caberia a qualquer macho da espécie. 

Realidade massacrante que oprime, sufoca e expropria a mulher de sua dignidade, o preconceito atinge a todas de todas as raças. Mas são as negras, no Brasil, quem mais são vitimadas. A divulgação do "Mapa da Violência 2015: Homicídios de Mulheres no Brasil", realizado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), a pedido da ONU Mulheres, mostra que em dez anos, de 2003 a 2013, o feminicídio de mulheres negras aumentou em 54,2%. O número de assassinatos passou dos vergonhosos 1.864 em 2003, para avassaladores 2.875 em 2013.  No mesmo período houve recuo de 9,8% dos crimes contra mulheres brancas. Caiu de também vergonhosos 1.747 para alarmantes 1.576. Caiu. Mas também é alto.

Outro dado que se destaca no relatório é a violência contra as negras, não consolidada estatisticamente como homicídios – a vitimização, situações de subjugação e violência às quais são submetidas – saltou de 22,9% em 2003, para 66,7% em 2014.  Um percentual de 190,9% de aumento. O caminho é longo.

Empunhar bandeiras específicas e ocupar espaços em todas as áreas, fomentando o o debate e a reflexão, tem sido forte aliados da mulher na luta por uma sociedade mais justa e igualitária. E a Fenajufe, como espaço para a manifestação das liberdades democráticas e da busca pela igualdade de raças, gêneros e direitos, lança o desafio a ser respondido: o que falta para a comemoração plena do 8 de Março?

Para ampliar o debate e temperar ainda mais a discussão, lançamos mão do material produzido pela jornalista Líria Jade e publicado no Portal EBC em 4 de março deste ano, sobre as razões para que você seja um(a) feminista. Atacando oito situações que mostram a fragilidade do gênero feminino, frente a sociedades moldadas patriarcalmente. O resultado do trabalho de Jade, reproduzimos parcialmente a seguir.

8 motivos para ser feminista

1. Brasil é o quinto lugar em assassinato de mulheres

O Brasil ocupa a 5ª posição no ranking global de homicídios de mulheres, entre 83 países elencados pela Organização das Nações Unidas (ONU), atrás apenas de El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia. Os números constam do estudo "Mapa da Violência 2015: Homicídios de Mulheres no Brasil", realizado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), a pedido da ONU Mulheres.

A estimativa feita pelo Mapa, com base em dados de 2013 do Ministério da Saúde, alerta para o fato de que a violência doméstica e familiar é a principal forma de violência letal praticada contra as mulheres no Brasil. A cada sete homicídios de mulheres, quatro foram praticados por pessoas que tinham relações íntimas de afeto com a vítima.

O Mapa da Violência 2015 também mostra que o número de mortes violentas de mulheres negras aumentou 54% em dez anos, passando de 1.864, em 2003, para 2.875, em 2013. No mesmo período, a quantidade anual de homicídios de mulheres brancas diminuiu 9,8%, caindo de 1.747, em 2003, para 1.576, em 2013.

Uma pesquisa do Ipea, que avalia a efetividade da Lei Maria da Penha, apontou que a Lei nº 11.340/2004 fez diminuir em cerca de 10% a taxa de homicídios contra mulheres praticados dentro das residências das vítimas.

2. Violência contra a mulher precisa ser combatida

Uma em cada três mulheres no mundo já sofreu violência física ou sexual, cerca de 120 milhões de meninas já foram submetidas a sexo forçado e 133 milhões de mulheres e meninas sofreram mutilação genital, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU). Estimativas da ONU revelam que pelo menos 200 milhões de meninas e mulheres no mundo sofreram alguma forma de mutilação genital feminina, em 30 países.

No Brasil, de acordo com balanço divulgado pelo Ligue 180, somente no primeiro semestre de 2015, foram feitos 179 relatos de violência contra mulheres por dia, com um total de mais de 32 mil ligações sobre violência contra a mulher.

Desse total, mais da metade das ligações, ou 16 mil casos, foram para relatar agressão física, o que representa 92 denúncias por dia. O segundo tipo de violência mais relatado foi o de agressões psicológicas, com aproximadamente 10 mil casos. A perseguição de mulheres, por exemplo, é um tipo de violência que se enquadra nessa classificação. Já o número de relatos de violência sexual alcança aproximadamente sete casos diários nos seis primeiros meses do ano.

De acordo com o balanço, em comparação com o mesmo período em 2014, a Central de Atendimento à Mulher registrou aumento de 145,5% das denúncias de cárcere privado e de 65,39% nos casos de estupro.


3. Lugar de mulher é na política

O Brasil tem uma das taxas mais baixas no mundo de presença das mulheres no Congresso Nacional. De acordo com dados da União Interparlamentar, as mulheres no mundo são 22,6% dos representantes do povo no Poder Legislativo. No nosso país elas são apenas 8,6%.

De acordo com a organização, de um total de 190 países, o Brasil ocupa a posição de 116º lugar no ranking de representação feminina no Legislativo. Na atual legislatura temos 53 deputadas, o equivalente a 9,9% das cadeiras na Câmara dos Deputados. Já no Senado Federal, com 81 cadeiras, temos 12 mulheres. Com isso, os números brasileiros ficam a baixo da média mundial.

Só 10% dos países num mundo com 50% de mulheres são governados por mulheres. Nossos números são inferiores, inclusive, aos do Oriente Médio, que tem uma taxa de representação feminina de 16%. 

4. Meninas refugiadas são submetidas a casamentos precoce

De acordo com a ONU, há um aumento alarmante no número de meninas sírias refugiadas na Jordânia sendo forçadas a casamentos precoces. A guerra na Síria está levando refugiados a negociarem o casamento de meninas adolescentes com homens muito mais velhos. O mesmo também é observado no Líbano e no Egito.

Entre refugiados sírios, tanto a prática quanto o medo da violência sexual, especialmente contra meninas, são citados como os primeiros motivos para sair da Síria.

Em 2014, quase um terço dos casamentos entre refugiados na Jordânia, cerca de 32%, envolvem garotas com menos de 18 anos, de acordo com a Unicef. O índice casamentos com crianças na Síria antes da guerra era de 13%. Os dados consideram apenas as uniões registradas oficialmente.

5. Infanticídio feminino e aborto seletivo são práticas em alguns países 

Em geral, o mundo tem mais homens do que mulheres, mas eles estão mal distribuídos. Segundo mapeamento feito pelo Centro de Pesquisas Pew, com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), atualmente existem 101,8 homens para cada 100 mulheres. Além disso, o número de habitantes do sexo masculino no planeta está subindo gradualmente desde 1960.

Nas nações árabes, assim como países do Norte da África e parte da Ásia, a quantidade de homens é superior à de mulheres. O infanticídio feminino é uma das principais explicações para essa diferença em alguns países como a China e a Índia.

Na China, a política do filho único fez com que fetos femininos fossem abortados com mais frequência, além de estimular a prática do infanticídio de meninas recém-nascidas. Historicamente, a força de trabalho masculina é mais valorizada no país. Recentemente, o país se viu obrigado a revogar sua política de filho único. O envelhecimento da população, o aborto seletivo e infanticídio feminino foram os motivos.

Na Índia, mulheres são forçadas pela família a fazer aborto de bebês quando forem do sexo feminino. O governo do país está preocupado com o desequilíbrio entre sexos. No ano de 2013, entre os mais de 1200 milhões de habitantes da Índia, 54% eram homens. Nos últimos 30 anos, a nação calcula que houve 12 milhões de abortos de meninas.

Além do aborto seletivo e infanticídio de meninas, milhares de bebês meninas são abandonadas todos os anos na Índia ao nascer, e infelizmente poucas são resgatadas, deixando o país com 7,1 milhões de meninas a menos que meninos.

6. Igualdade de gêneros ainda é distante na ciência e tecnologia 

Segundo a ONU, ciência e igualdade de gêneros são vitais para alcançar a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Nos últimos 15 anos, a comunidade global tem se esforçado para inspirar e engajar mulheres e meninas nesta área. O último relatório da agência sobre o assunto mostrou que as mulheres representam apenas 28% dos pesquisadores no mundo e a diferença aumenta ainda mais nos escalões mais altos.

Infelizmente, elas continuam sendo excluídas de participar plenamente no setor científico.

Uma pesquisa feita em 14 países mostrou que a probabilidade de estudantes do sexo feminino obterem um diploma de bacharel, mestrado ou doutorado em ciências ou em áreas relacionadas é de menos da metade, se comparadas aos homens.

Com relação à tecnologia, apesar dos avanços, os desafios ainda são muitos e escapam à mera inclusão digital. Um desses desafios é a falta de representatividade do gênero na área.

Para mudar a realidade e a hegemonia masculina no mundo da ciência e tecnologia, vários projetos veem já na inclusão digital um importante mecanismo para apresentar, engajar e aumentar o envolvimento das mulheres com a tecnologia. Alguns exemplos são o Programaria, Py Ladies e Academia Lovelace.


7. Salário de mulheres é 24% menor que homens

A taxa de desemprego das mulheres é cerca de duas vezes a dos homens, de acordo com relatório da ONU Mulheres. Em todo o mundo, apenas metade das mulheres participa do mercado de trabalho, em comparação a três quartos dos homens.

Em geral, apenas um quarto das mulheres empregadas está no setor formal. Em regiões em desenvolvimento, até 95% do emprego das mulheres é informal. Elas também ainda "carregam o fardo de trabalho de assistência não remunerado", segundo o relatório.

As disparidades não param por aí: a publicação revela que em todo mundo, as mulheres recebem 24% menos que os homens. As diferenças salariais para mulheres com filhos são ainda maiores.

Na França e na Suécia, ao longo de sua vida, uma mulher, em média, pode esperar receber 31% menos que os homens. Estes números chegam 49% na Alemanha e 75% na Turquia, por exemplo. Cerca de 83% dos trabalhadores domésticos em todo o mundo são mulheres e quase metade não tem direito ao salário-mínimo.

As diferenças de salários continuam para todas as mulheres, com ou sem filhos, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Numa média global, as mulheres ganham o equivalente a 77% dos salários dos homens. E se nenhuma ação for tomada para mudar o quadro, a igualdade de salários só será alcançada em 2086, daqui a 70 anos.

Em 2013, no Brasil, 4,5% dos homens estavam desempregados contra 7,8% das mulheres. No mesmo ano, 59,4% das mulheres participavam da força de trabalho, contra 80,8% dos homens.

8. Milhões de meninas nunca terão a chance de entrar numa sala de aula

Quase 16 milhões de meninas entre seis e 11 anos de idade nunca terão a chance de aprender a ler ou a escrever. O total é o dobro na comparação com os meninos. Este é o principal dado de um atlas sobre desigualdade de gênero na educação, lançado pela Unesco, em antecipação ao Dia Internacional da Mulher.

Os índices mais altos de disparidades são vistos em países árabes, na África Subsaariana e no sul e no oeste da Ásia. Na África Subsaariana, por exemplo, 9,5 milhões de meninas nunca pisarão em uma sala de aula, quase o dobro do total de meninos que não terão essa chance. Mais de 30 milhões de crianças da região já estão fora da escola.

Já no sul e no oeste da Ásia, 80% das meninas que não estão na escola nunca terão a oportunidade, e 16% dos meninos. O problema afeta 4 milhões de garotas asiáticas, frente a menos de 1 milhão de garotos. (http://www.ebc.com.br/cidadania/2016/03/dia-internacional-da-mulher-oito-motivos-para-ser-feminista, acessado em 8 de março de 2016, às 7 horas)

Para marcar o 8 de Março no Brasil, em diversos estados acontecem manifestações durante todo o dia. As mulheres vão às ruas ocupar espaços e denunciar a supressão de direitos e as ameaças à democracia:

Curitiba - Concentração: Esquina Democrática, às17h.

São Paulo - (Capital) - Concentração: Masp às 16h e saída às 18h.

Salvador:Concentração: Praça Campo Grande, às15h

Rio de Janeiro - Concentração: Central do Brasil de 10h às 16h.

Goiás – Concentração: Dia todo - Praça do Bandeirantes (Centro de Goiânia). Grande Ato com Ação Pública: 17 horas.

Natal 
– Concentração às 15h no SINTE – RN (Caminhada)

Espírito Santo -
 Concentração: Praça Jucutuquara: 8 horas, saída 9h30 até o Palácio Anchieta.

Ceará - Ato politico – Praça do Ferreira: 17:30h 

Brasilia-DF - Concentração: Rodoviária - às 17h.

Plenário do Senado: 11h sessão solene Dia Internacional da Mulher e entrega do Prêmio Bertha Lutz;

Ás 15h30 lançamento da Frente Parlamentar mista em Defesa dos Direitos Humanos das Mulheres, no auditório Freitas Neto da Câmara, anexo IV. (Com informações do Portal Vermelho)

 

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